Temer destrói e apequena o país

Na ONU o presidente apequenou o Brasil subordinando-o às vontades imperialistas dos EUA. Internamente, Temer é o presidente mais impopular da história.

Israel Dutra e Thiago Aguiar 23 set 2017, 14:52

O papel de Temer na Assembleia da ONU foi de apequenar o Brasil. Trata-se de um governo ilegítimo, que se aferra à cadeira presidencial apesar da reprovação popular histórica e do desgaste trazido pelo envolvimento direto de Temer e seus colaboradores mais próximos em escândalos de corrupção. A subordinação a Trump se verificou no “jantar” na Trump Tower, em que o Brasil apareceu como um verdadeiro “nanico” no debate mundial ao receber e acatar orientações do presidente dos Estados Unidos em conjunto com representantes da Colômbia, Panamá e Argentina.

Em seu discurso, especialmente alinhado com os setores mais neoliberais, Temer gabou-se da reforma trabalhista como uma grande vitória de seu governo, que “moderniza” as relações de trabalho. Com isto, Temer pretende oferecer a desregulamentação do trabalho e a perda de direitos a “parceiros” estrangeiros em busca de maior exploração dos trabalhadores brasileiros. Temer afirmou que também está na ordem do dia a reforma da previdência, como o novo capítulo da ampliação da quebra de direitos sociais para um neoliberalismo de choque. Sua hipocrisia levou-o ainda a falar da Amazônia em meio à grande campanha que está sendo construída na sociedade para defender a floresta dos ataques de um governo totalmente submetido ao lobby da mineração e do agronegócio.

De volta ao Planalto, no entanto, a realidade é mais amarga para Temer. A nova denúncia – que afirma ser Temer o chefe do “quadrilhão” do PMDB, além de acusá-lo de obstrução de Justiça no caso da compra do silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro por Joesley Batista – foi aceita pelo STF e deverá ser submetida ao plenário da Câmara. Ainda que conte com folgada maioria, uma nova investida significará mais uma rodada de negociações entre seus “aliados”, sempre ávidos por cargos e emendas, aproveitando a oportunidade para chantagear o governo e a liderança do PMDB, ambos interessados em fugir das investigações.

Temer apequena o país dentro e fora de suas fronteiras.

Um impasse entre desesperança e resistência

A recente pesquisa de opinião da CNT/MDA indicou que Temer é incapaz de construir para si qualquer credibilidade. Trata-se do presidente mais impopular da história brasileira. Seu apoio, que já era de pífios 10,3% em fevereiro, despencou para apenas 3,4%, enquanto sua reprovação supera os 75% dos entrevistados.

Como é possível que uma figura desmoralizada e rejeitada como esta siga ocupando a cadeira presidencial apesar de tantos ataques contra o povo, acusações, malas de dinheiro e gravações? O desmonte da greve geral do dia 30 de Junho evitou uma ação mais radicalizada do movimento de massas.

O fracasso da greve de 30 de junho dificultou o surgimento de um polo do movimento de massas, que oferecesse uma alternativa à desmoralização e a apatia que tomam conta do país. Diante de um governo odiado que se mantém no poder e de denúncias sem fim, a esquerda socialista precisa construir uma alternativa para enfrentar a hipocrisia da direita corrupta que se reorganiza ao redor de Doria ou Alckmin e o protofascismo de Bolsonaro. A desesperança é um fértil terreno para o crescimento da extrema- direita, como no caso do MBL atacando uma exposição artística em Porto Alegre, ou ainda mais grave, as declarações de militares de alta patente ameaçando “intervenção constitucional”. A crise da segurança pública, onde a Rocinha no Rio é o ponto mais alto, joga fermento nesse caldo perigoso.

De outra parte, há resistência. Na última sexta, as manifestações de LGBTs coloriram as grandes cidades do país contra o obscurantismo da “cura gay”. Também a mobilização de ambientalistas e de artistas em defesa da Amazônia, contra a mineração na RENCA, e a enorme ocupação dos companheiros do MTST em São Bernardo do Campo, enfrentando a pressão dos governos e ataques de reacionários até mesmo com armas de fogo, mostram que há resistência e com ela podemos apontar um caminho para o futuro. Não é hora de desmoralização!

Do lado de cá, unir as lutas e construir uma alternativa pela esquerda

Por isso, é preciso unir as lutas democráticas e de resistência ao ajuste do governo. Unir, por exemplo, a nova primavera LGBT com as lutas salariais. Diversas categorias, como os professores do RS, estão em greve. Em várias cidades, os municipários lutam contra os ataques dos governos, como mostra a ocupação da prefeitura de Palmas.

É preciso enfrentar o debate na opinião pública, explicando o problema da implantação da reforma trabalhista, que em breve entrará em vigor. Aos poucos, os trabalhadores vão tomando conhecimento e se dando conta da escala do ataque que se avizinha. A CSP-Conlutas deve preparar a unificação das campanhas salariais em curso ao redor desse tema. E, no calor dessa luta, devemos seguir a resistência contra o plano Temer de aprovar, ainda este ano, a reforma previdenciária.

Por fim, mais uma vez, afirmamos a necessidade de se construir uma alternativa política – que, está cada vez mais claro, não passa por Lula – para melhor enfrentar Bolsonaro e Doria/Alckmin. De nossa parte, já vínhamos defendendo o nome de Chico Alencar, combinado com a participação do PSOL nos debates organizados junto ao movimento Vamos, desde que sejam capazes de aglutinar importantes setores para construir uma referência de enfrentamento, superando a estratégia da colaboração de classes e reafirmando aspectos programáticos que vêm ganhando força no debate público, como a necessidade de uma revolução tributária no Brasil e da taxação das grandes fortunas, bandeira que levantamos com centralidade na campanha presidencial de Luciana Genro em 2014.

A melhor forma de encarar essa discussão é vinculando a luta contra o ajuste como um todo à luta para derrotar a casta. É preciso remover os entraves constituídos pela atual elite corrupta, que busca destruir nossos direitos e apequenar nosso país para entregar seu patrimônio e suas riquezas.


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