Sua majestade, Aretha

Aretha Franklin mesclou o cântico gospel à canção secular com maestria.

Kim Hunter 22 ago 2018, 11:50

Pode-se encontrar gravações da adolescente Aretha Franklin na internet. Ela era uma estrela, se não a atração principal na igreja de seu pai em Detroit, onde havia muitos cantores geniais, inclusive o próprio pastor. Sabemos em retrospectiva que ela desenvolveria seu talento original para se tornar um ícone musical. O que talvez não se sabia é como ela usaria suas raízes gospel em sua incrível carreira.

Até o final de sua vida, a indiscutível Rainha do Soul voltou a interpretar primordialmente música religiosa. Mas de um ponto de vista, Aretha Franklin nunca deixou realmente o gospel, apenas mesclou isso com um secular, não tão sublimado erotismo, ecstasy por qualquer outro nome.

O cabo-de-guerra na cultura afro-americana entre música sagrada e música secular é quase tão velho quanto o próprio blues. Ironicamente, tem sido apontado que mudar uma canção gospel para uma canção secular é frequentemente tão fácil quanto mudar a palavra “Deus” para “bebê” numa canção porque não diferença musical séria entre grande parte do R&B e gospel. Aretha junto com outros grandes artistas afro-americanas tal como Sam Cooke, Little Richard, James Brown e os Staple Singers fizeram tão claramente. A morte de sua mãe quando ela era ainda uma criança levou-a buscar um consolo na igreja onde ela cresceu.

Ela foi a última de uma geração a fazer “crossover” da música sagrada e secular num momento em que tal movimento ainda era um pouco controverso na comunidade negra. Mas praticamente ninguém era capaz de mesclar tão habilmente e com sucesso as alegrias do amor terreno com um som celestial. Um dos muitos tributos resumiu melhor dizendo “Aretha poderia te levar à igreja mesmo quando ela estava falando de um homem não tão bom assim”.

Os primeiros acordes de piano de “I Ain’t Never Loved a Man”, sua gravação pioneira no Atlantic Records após os ecléticos anos iniciais na Columbia, são tão icônicos quanto qualquer uma que ela gravou, e o melhor exemplo da proximidade entre o gospel e o blues. Esse piano é seguido por Franklin num lamento profundo e comovedor. A letra sobre um amante que nunca é correspondido. O tom é puro blues na igreja num domingo de manhã.

Esse foi um hit de estreia antes que ela gravasse “Respect” de Otis Redding e o tornasse um blockbuster. Cantando como uma mulher de poder destemido, Franklin tranformou a canção de um pedido de desejo em uma exigência. Mais tarde, ela formaria dupla com Annie Lennox para gravar uma canção abertamente feminista, “Sister Are Doing it for Themselves.” Mas “Respect” foi um dos primeiros momentos de uma ilustre carreira, cheia de prêmios na qual imprimiria a materiais antigos e conhecidos seu talento único.

De Spirit and Dark nos anos 1970, outra combinação hábil e única de gospel e funky R&B, até seu trabalho com os “Três Tenores”, Aretha Franklin comandou o palco com poder e presença.

Evidentemente, nós de Detroit sentíamos um vínculo especial com Aretha não somente porque ela foi criada aqui na icônica Igreja Batista New Bethel de seu pai, mas assim porque ela nunca deixou realemnte a música gospel, ela também nunca deixou efetivamente Detroit. Ela viveu na cidade por décadas depois de se tornar uma super-star e quanto ela retornou para shows, ela frequentemente contratava músicos de Detroit para acompanhá-la, um testamento para sua lealdade e do conjunto de talentos de Detroit que a nutria.

Ela também foi treinada por seu pai, muito talentoso e líder dos direitos civis Rev. C.L. Franklin. Assim como Pops Staples dos Staples Singers guiou sua família da música sagrada para a secular, o mesmo aconteceu com C.L. Franklin ao aprovar e orientar suas filhas Carolyn, Aretha e Erma em carreiras na música pop para além da igreja. Ele até as ajudou a navegar pelas águas muitas vezes traiçoeiras dos contratos e relações com gravadoras.

Mas Aretha foi a única que tomou o que ela descobriu numa Igreja Negra de Detroit junto com seu talento natural e tornou-se a personificação do sagrado e do secular, ou como outros afirmaram, a “majestade do blues”.

Fonte: http://www. internationalviewpoint.org/ spip.php?article5659


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