180 caracteres de fascismo presidencial: o caos na Saúde

Antes mesmo de ter anunciado o Ministro da Saúde e de assumir de fato a Presidência da República, Jair Bolsonaro consegue colocar em estado de alerta milhares de cidades.

Carla Santoro 16 nov 2018, 18:10

Antes mesmo de ter anunciado o Ministro da Saúde e de assumir de fato a Presidência da República, Jair Bolsonaro consegue colocar em estado de alerta milhares de cidades. Suas repetidas declarações atacando profissionais cooperados que atuam no Programa Mais Médicos, resultaram na convocação e retorno desses. Até 31 de dezembro todas e todos os médicos cubanos deverão retornar ao seu país. É o caos na Saúde através de 180 caracteres.

O histórico de desconhecimento do Bolsonaro a respeito das demandas sociais em Saúde, não se restringe a indicar questões de saúde bucal das mulheres como fator decisivo no nascimento de prematuros – desconhecendo que as ações de Saúde Bucal devem ser do cotidiano da Atenção Básica; assim como não se restringem a apoiar o desfinanciamento da Saúde ao ter votado a favor da Emenda Constitucional 95.

No campo do Programa Mais Médicos, no ano de 2014, o então Deputado pelo PP do Rio de Janeiro, ingressou com uma ação no STF solicitando a derrubada da Medida Provisória que permitiu a atuação dos profissionais estrangeiros no Programa. Na época, assim como fez recentemente no twitter, o Deputado questionava a não exigência do exame de Revalidação para que estrangeiros pudessem exercer a prática médica em solo brasileiro. O Estado do Rio de Janeiro tinha, na época, metade da população coberta pelo Estratégia Saúde da Família, ou seja, não era (e ainda não é) o melhor dos mundos em termos de Atenção Básica. Atualmente os Cooperados atuantes no Estado do Rio representam 34% num total de 648 profissionais.

Já como candidato à República, no seu plano de governo “Saúde e Educação”, Bolsonaro anunciava “Médicos: Nossos irmãos cubanos serão libertados. Suas famílias poderão imigrar para o Brasil. Caso sejam aprovados no REVALIDA, passarão a receber integralmente o valor que lhes é roubado pelos ditadores de Cuba!”

A menos de 45 dias de assumir a presidência da República, o dano ao Sistema Único de Saúde está posto: 51% dos profissionais do Programa – médicas e médicos cooperados – deixarão as Estratégias Saúde da Família e as Unidades Básicas, lançando à desassistência milhões de pessoas. São 8500 profissionais que deixarão 2885 cidades em todo o país, sendo que mais da metade dessas cidades possuem apenas profissionais cooperados.

Para além da ausência desse importante componente nas equipes responsáveis pela Promoção e Cuidado da Saúde, as Prefeituras passarão a receber menos recursos financeiros pois, a incompletude de Equipes deixa o Município fora dos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

As Regiões Norte (dos 1933 Profissionais, 1250 são cooperados) e Nordeste (dos 5448 Profissionais, 2739 são cooperados), assim como municípios com menos de 20 mil habitantes representaram o ponto alto do convênio Ministério da Saúde – OPAS – Ministerio de la Salud de Cuba. É nessas cidades que reside a maior preocupação com o desfecho anunciado. Segundo a OPAS “essas localidades onde atual os médicos cubanos foram oferecidas a médicos brasileiros, que não aceitaram” (Folha de São Paulo, 14/11/2018).

Os ataques do Presidente eleito ao Programa Mais Médicos lançaram no passado a certeza dos Municípios de contar por 3 a 6 anos, com profissionais médicos especializados em Medicina de Família e Comunidade. As regiões do país sofrerão de forma mais ou menos intensa a saída e o lapso de reposição das médicas e dos médicos cubanos mas, é certo que, o cenário instalado não dará conta da ruptura de cobertura em Saúde gestada via twitter pelo Presidente eleito.


TV Movimento

PL do UBER: regulamenta ou destrói os direitos trabalhistas?

DEBATE | O governo Lula apresentou uma proposta de regulamentação do trabalho de motorista de aplicativo que apresenta grandes retrocessos trabalhistas. Para aprofundar o debate, convidamos o Profº Ricardo Antunes, o Profº Souto Maior e as vereadoras do PSOL, Luana Alves e Mariana Conti

O PL da Uber é um ataque contra os trabalhadores!

O projeto de lei (PL) da Uber proposto pelo governo foi feito pelas empresas e não atende aos interesses dos trabalhadores de aplicativos. Contra os interesses das grandes plataformas, defendemos mais direitos e melhores salários!

Greve nas Universidades Federais

Confira o informe de Sandro Pimentel, coordenador nacional de educação da FASUBRA, sobre a deflagração da greve dos servidores das universidades e institutos federais.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 21 abr 2024

As lutas da educação e do MST indicam o caminho

As lutas em curso no país demonstram que fortalecer a classe trabalhadora é o único caminho para derrotar a extrema direita
As lutas da educação e do MST indicam o caminho
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 48
Edição de março traz conteúdo inédito para marcar a memória da luta contra a repressão
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Edição de março traz conteúdo inédito para marcar a memória da luta contra a repressão