Crise evidencia que Bolsonaro é fraude: parar o Brasil contra a reforma da previdência e os cortes!

Diante da crise do governo Bolsonaro, é hora de parar o Brasil contra a reforma e os cortes!

Israel Dutra e Thiago Aguiar 13 jun 2019, 19:46

Nesta semana, duas fortes tendências atuam sobre a situação nacional. De um lado, a revelação, pelo portal The Intercept, das conversas de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e de outros membros da força-tarefa da operação Lava Jato em Curitiba evidenciou a ação concertada entre acusação e o juiz Moro para coordenar operações e decisões judiciais que envolviam Lula, além de confirmar a articulação de uma manobra: a retirada do candidato que ocupava o primeiro lugar nas pesquisas da disputa presidencial de 2018, atuando para também impedi-lo de dar entrevistas após a prisão. Trata-se, como apontamos à época, de uma fraude eleitoral. Novas revelações são esperadas e colocam o governo na defensiva. Por outro lado, a consolidação da paralisação de setores estratégicos, apesar das travas da burocracia, indica que a greve geral desta sexta-feira 14 de junho terá força em escala nacional.

Ao que tudo indica, novas revelações de conversas entre Moro e membros da força-tarefa da Lava Jato ocorrerão, corroendo o prestígio do atual ministro da Justiça e do governo. Como afirmou Glenn Greenwald, editor-chefe do The Intercept, em entrevista, é necessário que se conheçam os métodos utilizados por Moro, que terminaram ameaçando, por seus atos parciais e políticos, investigações contra a corrupção de múltiplos agentes e de corporações bilionárias. A coordenação entre os promotores e Moro, evidente já nos primeiros diálogos divulgados também coloca Bolsonaro em xeque. Claramente beneficiado pela retirada de Lula da eleição, ele associou-se diretamente a Moro ao indicá-lo para compor seu ministério, mostrando a busca ávida de protagonismo político pelo ex-juiz. Sua presença no Ministério da Justiça foi apontada, desde o primeiro momento, pelo próprio Bolsonaro e por seus aliados, como um estágio para uma cadeira no STF ou para uma disputa presidencial futura.

Em tal cenário de instabilidade, a greve geral de 14 de junho tem potencial de promover maior pressão sobre o governo e o Congresso, denunciando o caráter antipopular da reforma da previdência e exigindo a recomposição de verbas para a educação. Como ficou claro na greve geral de 2017, a mobilização da classe trabalhadora tem força para ameaçar os ataque aos direitos do povo.

As crises política e econômica seguem alimentando-se

Enquanto Bolsonaro dedica-se a projetos demagógicos e enfrenta o desgaste das revelações sobre Moro, Rodrigo Maia e os líderes do “centrão” assumem na Câmara a articulação da reforma da previdência, prioridade máxima da burguesia. Enquanto o povo assiste à deterioração diária de seu nível de vida, a saída oferecida por Bolsonaro, Guedes e o “centrão” para o país é destruir a previdência, dilapidar o patrimônio nacional e desmontar os serviços públicos.

É evidente que se trata de uma senda arriscada para o governo. Por um lado, após anos de contração fiscal, a receita ultraliberal de Guedes aprofunda a crise. Pela décima quinta vez consecutiva, o boletim Focus do Banco Central, que reúne as previsões de crescimento econômico das principais instituições financeiras, revisou negativamente o índice para 1%. Os dados do desempenho da indústria em abril também foram decepcionantes, afetados pela crise na indústria extrativa, ainda afetada pelo crime da Vale em Brumadinho, e pelo atoleiro da construção civil, há anos em crise pelo baixíssimo nível de investimento público.

Diante de um cenário de mais um ano de estagnação – ou mesmo, já não se descarta, nova recessão – o governo aposta todas suas fichas na promessa de um oásis futuro após a reforma da previdência. Os altos níveis de desemprego, a crise social gravíssima e a frustração crescente com um governo que prometeu mudar “tudo isso aí” podem levar a um rápido aumento do descontentamento das massas. Os fortes atos de 15 e 30 de maio e a preparação da greve de 14 de junho mostram que a mobilização social contra o governo deve crescer.

O governo Bolsonaro deve ser totalmente questionado

 As revelações de The Intercept comprovam que a eleição de Bolsonaro foi marcada por uma fraude eleitoral gravíssima conduzida por quem, logo após o primeiro turno, negociava uma vaga no ministério do novo governo. O caminho de Bolsonaro para a presidência foi também marcado pela usina de fake news e pelo uso massivo de robôs virtuais pagos ilegalmente por empresários – como denunciou à época a Folha de S. Paulo sem que tenha havido qualquer investigação séria desta manipulação. Pouco a pouco, com o silêncio cúmplice de Moro, os vínculos da família presidencial com milicianos do Rio de Janeiro vão sendo revelados. Ainda há muito que se revelar ao povo brasileiro.

Bolsonaro conduz um governo entreguista, antipopular e antinacional, vassalo de Trump, dos Estados Unidos e do capital financeiro transnacional. A fala de Paulo Guedes durante a patética visita de Bolsonaro ao Texas não deixa lugar a dúvidas: prometeu-se, ali, entregar o patrimônio nacional e até o palácio presidencial a quem quisesse comprar! Trata-se de um governo com um único objetivo como, aliás, o próprio Bolsonaro já afirmou: destruir os serviços públicos e os direitos do povo. É preciso enfrentar Bolsonaro e a guerra aberta de classe que seu governo representa.

A crise política seguirá, como a demissão do general Santos Cruz da Secretaria de Governo revela. Ao mesmo tempo, o governo insistirá em sua agenda reacionária contra os direitos democráticos e na desmoralização de seus opositores. Até mesmo um jornalista mundialmente consagrado como Glenn Greenwald e seu marido, nosso companheiro David Miranda, tornaram-se alvo de ameaças. Vamos defendê-los!

Ao mesmo tempo, é preciso construir uma alternativa para o Brasil, retirando das mãos sujas e hipócritas da extrema-direita a luta pela soberania nacional, pelos direitos do povo e pelo enfrentamento à corrupção das grandes corporações e de seus agentes políticos. As mobilizações nas ruas crescem e a força social contra o ajuste regressivo cedo ou tarde buscará uma tradução política. Diante da fraude eleitoral que levou Bolsonaro ao governo, é preciso exigir novas eleições presidenciais.

Às ruas: é hora de parar tudo na greve geral!

Nesta sexta-feira, a greve geral pode ser um passo fundamental na luta contra a reforma da previdência e os ataques de Bolsonaro e da burguesia contra o povo brasileiro. Nas ruas, pode-se construir a unidade prática entre trabalhadores e as centenas de milhares de estudantes que, nas últimas semanas, tomaram as ruas de todo o Brasil em defesa das universidades, da educação pública e da ciência nacional.

A greve se fortalecerá com a luta de base, nas mobilizações e piquetes, com uma forte contestação dos trabalhadores às negociatas do Congresso e dos governadores (entre os quais, alguns identificados como de “oposição”, como Wellington Dias do PT) para aprovar a reforma. Ao mesmo tempo, ao contrário das recentes declarações de Vagner Freitas, presidente da CUT, dizendo que amanhã é um “dia de ficar em casa”, é preciso insistir nas mobilizações nas ruas nas principais cidades brasileiras ao longo do dia, dando um forte recado a Bolsonaro. Vamos às ruas!


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