Jornada internacional pela liberdade a Daniel Ruiz

Entre os dias 12 e 14 de setembro, ocorreu em vários países a jornada internacional pela liberdade de Daniel Ruiz, petroleiro argentino, preso político do governo Macri.

Israel Dutra 21 set 2019, 15:45

Entre os dias 12 e 14 de setembro, ocorreu em vários países a jornada internacional pela liberdade de Daniel Ruiz, petroleiro argentino, preso político do governo Macri. A data escolhida remete a uma ano de detenção de Daniel Ruiz, em regime fechado. Representei o PSOL numa série de agendas na Argentina que culminaram em ato público no centro de Buenos Aires e numa delegação que foi visitar Daniel no presídio de Marcos Paz.

Durante a jornada, aconteceram manifestações e atos nas embaixadas e consulados argentinos pelo mundo. No Brasil, foram organizados pelo PSTU, partido irmão do PSTU argentino ao qual Daniel Ruiz é militante, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Um abaixo assinado com personalidades e parlamentares foi entregue às autoridades durante os atos.

Daniel Ruiz é um símbolo: foi preso durante as manifestações contra a reforma da previdência de Macri, no final de 2017, nas conhecidas jornadas de 14 e 18 de dezembro. Até aqui não teve direito a um julgamento, mesmo tendo cumprido um ano de prisão, o que seria equivalente a um terço da pena máxima que poderia ser imputada diante da acusação feita.

O ato foi bastante representativo, cortando a avenida principal de Buenos Aires, 9 de Julho, durante uma semana movimentada – era discutida no congresso a lei de emergência alimentar, com um acampamento de dezenas de milhares de militantes do movimento piqueteiro tomando conta de todo o centro. Fizeram uso da palavra na manifestação todas as correntes e figuras públicas que são parte da Frente de Esquerda Unidade, além de setores mais amplos como Nora Cortinas, das Mães da Praça de Maio (Linha fundacional).

Do Brasil, além do PSOL, falou o companheiro Toninho, pela direção nacional do PSTU.

Na sexta-feira, 13 de agosto, integramos uma comissão com Juan Grabois, dirigente social da CTEP, ligada ao movimento piqueteiro, dois companheiros do Chile e um dirigente do PSTU argentino, com Daniel Ruiz.

Patagônia Rebelde

A chegada na prisão, onde também existem outros presos políticos, chamou a atenção pelas condições carcerárias, bem menos precarizadas que a ampla maioria dos presídios brasileiros. Depois de um tempo de espera, pudemos conversar por quase três horas com Daniel, indagando elementos humanos e políticos. 

A presença de Juan Grabois, encabeçando a delegação, como advogado, foi muito importante. Grabois, ainda pouco conhecido no Brasil é um dos expoentes da nova geração de lideranças no movimento popular; com apenas 35 anos é diretamente ligado ao Papa Francisco e atua no setor mais ligado ao kichnerismo, devendo ter um lugar de destaque nos marcos do próximo governo de Alberto Fernandez. Sua entrada no caso servirá para pressionar o conjunto da superestrutura a ter posição e com uma mudança de governo, a ser confirmada no final de outubro, abrir a hipótese- com muita pressão e mobilização- da liberdade provisória de Ruiz.

Foi emocionante ver o ativista falar com intensa força moral dos seus dias de reclusão. Leitor voraz recebe jornais e livros de seus companheiros nas visitas constantes, está altivo e muito interessado na mobilização geral dos trabalhadores e feliz com a derrota – mesmo eleitoral – do governo Macri. Como quadro militante, recordou seus primeiros momentos no ativismo, a reivindicação do trotskysmo e a presença nas mobilizações dos petroleiros de Chubut. Está organizando um coletivo de presos em Marcos Paz para reivindicar melhores condições, afirmando que a luta se dá em todos terrenos.

Orgulhoso de sua região, teceu loas à “Patagônia Rebelde”, fundamental nos grandes momentos da história do país. Hoje são os professores de Chubut, sua província de origem, que se levantam numa mobilização geral que comove a Argentina. Daniel está consciente que mudanças estão no horizonte. Que há uma retomada da ação da classe trabalhadora, das mulheres e da juventude.

Vamos a tirar os nossos”

Daniel tem a certeza de que só a classe trabalhadora pode ser consequente com a luta democrática. Sabe das conquistas enormes da luta contra a ditadura. A derrota do Macrismo está abrindo uma nova etapa política, contudo, o regime do FMI vai seguir exigindo mais repressão; por outro lado, o movimento de massas vai respondendo com atos maiores e mais radicalizados. Daniel livre significará um novo patamar na luta democrática e social.

O ativismo precisa acompanhar a situação política do país vizinho. No Brasil, a tensão sob o governo Bolsonaro temos que redobrar a atenção para a luta das liberdades democráticas, onde temos presos políticos como o caso da líder sem teto, Preta Ferreira. Internacionalmente, há que se criar uma rede democrática de defesa dos dirigentes sociais e políticos presos, nas diferentes condições.

Como disse Daniel Ruiz, “com a força da classe, vamos tirar os nossos de todas as prisões”.


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