“Nós reivindicamos um projeto de defesa da igualdade e da liberdade” – Entrevista com Roberto Robaina e Pedro Fuentes

Entrevista com os fundadores do Movimento Esquerda Socialista sobre os 20 anos da organização.

Charles Rosa, Pedro Micussi e Thiago Aguiar 23 nov 2019, 15:54

Em 1999, militantes trotskistas fundavam o Movimento Esquerda Socialista. Originário de uma tradição revolucionária que remonta aos anos 1940 na Argentina, sob inspiração de Nahuel Moreno, o MES completa 20 anos sem se esquecer de uma história comum no Brasil, de resistência à ditadura militar, do estímulo à fundação do Partido dos Trabalhadores e da CUT no início dos anos 1980, da Convergência Socialista e da luta contra a degeneração da direção do PT.

Sobretudo, a história do MES confunde-se com a história do PSOL. Inspirados pela hipótese do reagrupamento internacional dos revolucionários e dispostos a manter de pé as bandeiras históricas do socialismo e da liberdade, abandonadas pelo PT, as e os militantes do MES declararam-se expulsos do partido, em dezembro de 2003, junto com os parlamentares radicais retirados das fileiras petistas por não aceitar a traição contra as esperanças do povo brasileiro de um governo de conciliação que se iniciava colocando um banqueiro transnacional no comando do Banco Central e dividia o poder com as velhas oligarquias, apoiando a posse de José Sarney na presidência do Senado, para atacar os trabalhadores com uma reforma da previdência neoliberal que Fernando Henrique Cardoso não conseguira fazer.

Tudo isso é uma história já conhecida. Da luta pela legalização do novo partido para conquistar nas ruas centenas de milhares de assinaturas às batalhas para transformar o PSOL numa ferramenta pela emancipação do povo brasileiro; da atividade estudantil, popular, sindical e parlamentar às Jornadas de Junho de 2013 e à campanha de Luciana Genro à Presidência da República em 2014, o MES buscou unir seu destino ao movimento de massas no Brasil e ao internacionalismo militante. Nessas duas décadas, nossa corrente nacionalizou-se, tornou-se amazônica, sulista, nordestina, paulista, carioca, mineira, jovem, mulher, negra, trabalhadora e socialista. Conscientes de nossos limites e dos enormes desafios à frente, temos, no entanto, o direito a ter orgulho do que fizemos até aqui.

Nesta edição especial de nossa Revista Movimento, entrevistamos Roberto Robaina e Pedro Fuentes, fundadores do Movimento Esquerda Socialista, e falamos sobre esta importante efeméride para nossa militância e sobre os rumos de nossa organização.

Movimento – O MES está completando 20 anos. Fale-nos um pouco sobre a fundação da corrente em 1999. O que estava em jogo quando se decidiu pela criação da corrente? Roberto Robaina – Quando nós fundamos o MES estava claro que o PT, mais precisamente sua direção, já estava adaptada ao regime burguês e ao capitalismo e que, portanto, seria necessário construir um polo alternativo: uma nova esquerda capaz de desenvolver uma política independente, marxista, socialista. Era evidente ainda que essa construção passava necessariamente pela confluência com outras forças de esquerda no interior do PT e pelo diálogo com forças que não mais estavam no PT. Nosso objetivo, sobretudo, era desenvolver uma política socialista que tivesse como eixo uma recomposição das forças de esquerda – forças independentes que defendiam um projeto revolucionário – e que não fosse prisioneira nem da social-democracia nem do stalinismo. Era necessário ainda levar em conta que na medida em que o Muro de Berlim havia caído e que havia tido uma grande mudança na situação mundial e na subjetividade da esquerda: era necessária uma recomposição. Essa era uma leitura internacional que nós tínhamos. A construção do MES foi um primeiro passo na construção de um núcleo orgânico que perseguisse esse objetivo de recomposição da esquerda socialista.

Este artigo faz parte da edição n. 14-15 da Revista Movimento. Para lê-lo na íntegra, compre a revista aqui!


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