O desafio de uma educação libertadora em Universidade perseguidora: a firmeza na docência e a luta coletiva são as nossas armas

São tempos sombrios para a docência.

Kezia Lima 1 out 2020, 18:33

O trabalho docente na Universidade Estadual de Roraima (UERR) tem recebido doses letais de desvalorização em ações de perseguições, proibições e exonerações. A arbitrariedade na instituição de ensino vai seguindo a passos firmes e parece não ter limites ou pudor.

O histórico que vem se desenhando na gestão atual da UERR é assustador. Nos últimos dias, tivemos uma professora efetiva, Drª Ivanise Rizzati, exonerada após um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) iniciado em 2019 que a acusava de perda financeira à Instituição, em uma situação de responsabilidade de outros servidores.


Professores, alunos e pesquisadores denunciam em Manifesto que “A professora Ivanise está sofrendo um processo administrativo (PAD) repleto de irregularidades, com dificuldade de acesso a informações e tratamento desigual. O processo foi instaurado em meio ao processo eleitoral para a reitoria da instituição, em setembro de 2019, e vem se desenvolvendo com celeridade, mesmo diante do contexto da pandemia da Covid-19, momento no qual diversos órgãos judiciários e administrativos de Roraima suspenderam a contagem de prazos, o que chama a atenção para o tratamento diferente dado a seu PAD”.

Com isso, professores, servidores e alunos organizaram atos de apoio e solidariedade à professora quando a decisão da sua exoneração foi publicada em Diário Oficial no dia 09 de setembro de 2020.

A Universidade produziu um relatório nominal dos funcionários que estavam presentes nesse ato. Em seguida, publicou-se uma lista de coordenadores de curso afastados da função, por decisão monocrática do reitor, sem consulta a colegiado ou ao Conselho Universitário, sob a argumentação absurda de que “Se torna inevitável a influência que exercem sobre os seus pares, e, principalmente, sobre os alunos dos referidos cursos, podendo incitar, com grande difusão, ataques pessoais e de natureza ilícita a outros servidores”.

Outros professores constam na lista proibidos de adentrar o Campus Canarinho, local onde ocorreu a manifestação em favor da professora exonerada. Dos seis professores, dois deles são do colegiado de História: Manoel Ribeiro Lobo Júnior, presidente do SINDUERR (Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual de Roraima) e Maria José dos Santos.
Nossa indignação e repúdio a essas arbitrariedades da UERR vão sendo registradas em meio a um contexto de pandemia, em que a Universidade instituiu o ensino remoto como modelo de ensino com um calendário acadêmico apertado e corrido. Como se não fosse demanda suficiente para os professores, ter que se adequar a esse modelo sem comprometer a qualidade de ensino oferecida aos alunos, os docentes precisam ainda estar preparados psicologicamente para lidar com uma estrutura administrativa que tenta cercear o direito de manifestação e organização dos professores.

São tempos sombrios para a docência e nós já vimos esse filme antes. Sabemos seu roteiro e desdobramentos. Investigam o que você escreve e o que manifesta, suas filiações, suas organizações e as punições e perseguições vão se desenhando. Como o velho Marx nos disse: “A história se repete. Primeiro como tragédia, depois como farsa” e, da mesma forma que outros se mantiveram firmes, nós nos manteremos contra tragédias e farsas.


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