A Palestina vive uma ‘Nakba’ permanente
Nakba2 - Getty Images

A Palestina vive uma ‘Nakba’ permanente

Desde 15 de maio de 1948, o povo palestino é alvo de uma política cruel de limpeza étnica. A “catástrofe” ainda não acabou

Tatiana Py Dutra 15 maio 2024, 09:37

Fotos: Getty Images

Desejada ardentemente pelo movimento sionista moderno, consolidado a partir do século 19, a criação do Estado de Israel veio a se tornar realidade em 14 de maio de 1948, por resolução das Nações Unidas, que recomendou a partilha da Palestina entre árabes e judeus (expulsos da região no século 3 a.C pelos romanos). Porém, a decisão que apontava um desfecho feliz para um povo massacrado pelo nazismo na Segunda Guerra Mundial marcou o início da desgraça para quem já habitava aquele território.

A partir de 15 de maio de 1948, o Estado de Israel pôs em prática um violento processo de limpeza étnica para expropriar as terras de famílias palestinas que viviam naquele território havia milênios. Execuções, sequestros, bombardeios, estupros e outros crimes foram cometidos para promover uma “transferência populacional” para a conquista da Palestina histórica. Esse processo de êxodo forçado – que resultou na expulsão de pelo menos 750 mil palestinos de suas casas, 15 mil mortes e na destruição de mais de 531 cidades, vilas e povoados – ganhou o nome de Nakba, que em árabe significa “catástrofe” ou “desastre”. 

O termo Dia da Nakba foi criado em 1998 por Yasser Arafat, líder palestino que estabeleceu a data como dia para lembrar a perda de sua pátria. Anualmente, no mundo todo, são realizados protestos contra a opressão que está na raiz dos conflitos que acompanhamos até os dias de hoje. Através do século 20, outros expedientes foram usados pelo governo israelense para garantir o deslocamento forçado de palestinos. Sejam leis discriminatórias, sejam invasões e roubos de casas dos nativos (pelo exército ou por milícias sionistas) para a criação de assentamentos.

E há ainda as guerras, como a que está em curso no momento na Faixa de Gaza e que já matou mais de 35 mil palestinos desde outubro de 2023 – sendo que mais de 14 mil são crianças, e 8,5 mil são mulheres. Por tudo isso, estudiosos da questão costumam empregar o termo “Nakba contínua” ou “Nakba permanente” para explicar as condições sociais e políticas da Palestina.

Em 76 anos de atrocidades, o povo palestino, que representa apenas 0,2% da população mundial, compõe quase 10% dos refugiados do planeta. Atualmente, segundo a ONU, há mais de 6 milhões de refugiados palestinos, muitos dos quais vivem em acampamentos na Jordânia, Gaza, Cisjordânia, Síria, Líbano e Jerusalém Oriental. Além disso, estima-se que 2 milhões de pessoas foram deslocadas internamente em Gaza após a incursão de Israel no território em outubro.

Ao permitir que o povo judeu tivesse um Estado, a ONU recomendou a partilha de 52% da Palestina, mas, na prática, 78% foi tomada à força e 88% da população palestina originária foi expulsa ou morta. Por isso, seis meses depois, as Nações Unidas aprovaram a Resolução 194, dando direito aos palestinos de retornarem para suas terras. É essa resolução que a etnia quer ver cumprida. 

Por isso, diariamente – mas especialmente na Nakba – são comuns as imagens de homens e mulheres carregando grandes chaves antigas. Elas representam as casas que lhes foram tomadas e para onde anseiam voltar. Relíquias familiares que simbolizam a dor e a esperança de justiça para uma nação que também espera ser reconhecida e respeitada; que resiste ao arbítrio e ao genocídio, enquanto o mundo assiste, quase impassível, o seu sofrimento.

Neste 15 de maio de 2024, mais do que nunca, reforçamos o chamado de apoio à causa palestina, que vive uma Nakba permanente. Cadastre-se no site da Revista Movimento (movimentorevista.com.br) e receba em seu email a Cartilha Palestina Livre, um material elaborado pela Movimento em parceria com a Fepal, que expõe e aprofunda diversos aspectos da luta palestina, desde elementos históricos até informações sobre o regime de apartheid ao qual os palestinos estão submetidos e os mitos criados pelo sionismo.


TV Movimento

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.

Desenvolvimento Econômico e Preservação Ambiental: uma luta antineoliberal e anticapitalista

Assista à Aula 02 do curso do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento. Acompanhe nosso site para conferir a programação completa do curso: https://flcmf.org.br.

Neofascismo e Negacionismo Climático: uma luta internacional

Curso de formação política sobre emergência climática e luta ecossocialista! Assista à Aula 01 do novo curso do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento. Acompanhe o site da PLCMF para conferir a programação completa do curso: https://flcmf.org.br
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 17 jul 2024

Se aproximam as eleições municipais: colocar o programa no centro da atividade política

As próximas eleições municipais brasileiras serão uma etapa importante da luta contra a extrema direita
Se aproximam as eleições municipais: colocar o programa no centro da atividade política
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 51
Esta edição da Revista tem como centro temático um “Dossiê: Transviando o marxismo”, por ocasião ao mês do Mês do Orgulho LGBTQIA+. Ela começa com o texto Manifesto Marxista-Pajubá que se propõe a imprimir uma perspectiva marxista à luta de travestis e demais pessoas trans e às formulações respectivas à transgeneridade. Organizado pelo Núcleo Pajubá do MES, este manifesto oferece um espaço de reflexão, resistência e articulação política, onde vozes diversas e potentes se encontram para desafiar o status quo opressor e explorador e construir lutas de emancipação.
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Esta edição da Revista tem como centro temático um “Dossiê: Transviando o marxismo”, por ocasião ao mês do Mês do Orgulho LGBTQIA+. Ela começa com o texto Manifesto Marxista-Pajubá que se propõe a imprimir uma perspectiva marxista à luta de travestis e demais pessoas trans e às formulações respectivas à transgeneridade. Organizado pelo Núcleo Pajubá do MES, este manifesto oferece um espaço de reflexão, resistência e articulação política, onde vozes diversas e potentes se encontram para desafiar o status quo opressor e explorador e construir lutas de emancipação.