Sem anistia: um breve balanço
8dejaneiro

Sem anistia: um breve balanço

Dois anos após atos terroristas contra as sedes dos Três Poderes, STF condenou 371 envolvidos. Há mais de 500 processos ainda em andamento

Tatiana Py Dutra 8 jan 2025, 09:57

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Neste 8 de janeiro de 2025, quando completam-se dois anos da invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília, o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou um balanço das consequências desses atos terroristas, que não apenas atentaram contra a democracia, mas também desafiaram o próprio Estado de Direito. Até o momento, 371 pessoas foram condenadas, e outras 552 ações seguem em andamento.

Dadas as proporções do episódio dantesco – que reuniu milhares de pessoas para destruir e degradar o patrimônio público na esperança de derrubar Lula e devolver o poder a Jair Bolsonaro -, pode-se elogiar o esforço da Suprema Corte em responsabilizar os envolvidos. Contudo, urge identificar e punir os responsáveis pelos atos mais graves, como os financiadores e políticos mandantes..

A gravidade das acusações contra os envolvidos é patente: 225 pessoas foram condenadas por crimes severos, como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa armada e depredação de patrimônio tombado. As penas para esses crimes variam de três a 17 anos de prisão, refletindo a seriedade das ações que comprometem a estabilidade do país. Em contrapartida, 146 pessoas foram sentenciadas por crimes mais leves, como incitação e associação criminosa, mas ainda assim, suas ações não deixam de ser uma ameaça à ordem pública. Para esses réus, medidas como tornozeleira eletrônica, serviços à comunidade, proibição de uso de redes sociais e viagens sem autorização judicial são aplicadas.

STF teve estrutura depredada por bolsonaristas, que também invadiram o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

A punir

Por outro lado, 122 pessoas ainda são consideradas foragidas, incluindo 61 que rompem suas tornozeleiras e fugiram do país, sendo alvo de pedidos de extradição. A Polícia Federal também indiciou 27 militares por envolvimento nos atos, mas o quadro é obscuro, especialmente diante da resistência das Forças Armadas em colaborar plenamente com as investigações. O fato de apenas um militar, o general Braga Netto, estar preso por envolvimento na tentativa de golpe, denota a dificuldade na apuração de um envolvimento mais amplo entre as tropas, com as Forças Armadas se eximindo de qualquer responsabilidade.

No entanto, o que mais intriga é a falta de transparência sobre os financiadores dos atos terroristas, que envolveram bloqueios de estradas, perseguições a eleitores e até acampamentos diante de quarteis por todo o país. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou 63 financiadores, a quem coube a responsabilidade por fornecer recursos como combustível, passagens e fretamento de ônibus para aqueles que se deslocaram até Brasília para depredar os Três Poderes.

Sabe-se que muitos desses financiadores são ligados ao agronegócio – tese confirmada na delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. Conforme investigação da PF, esses empresários participaram ativamente de grupos de mensagens com teor golpista, incitando a população e as Forças Armadas para derrubar o governo legitimamente eleito.
Apesar de estarem identificados, os nomes desses poderosos permanecem em sigilo. Por quê?. Queremos saber quem são esses financiadores e que paguem pelos seus atos. Não pode haver impunidade. Não se pode permitir que interesses pessoais ou corporativos sigam tentando subverter a ordem democrática.

Neste 8 de janeiro, o Palácio do Planalto realiza uma cerimônia simbólica para lembrar os dois anos dos ataques, com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e autoridades do Executivo, do STF e do Congresso. Contudo, enquanto a recuperação material das obras de arte depredadas avança, a verdadeira restauração só ocorrerá quando a justiça for plenamente feita e os criminosos de todas as esferas forem responsabilizados.


TV Movimento

A história das Internacionais Socialistas e o ingresso do MES na IV Internacional

Confira o debate realizado pelo Movimento Esquerda Socialista (MES/PSOL) em Porto Alegre no dia 12 de abril de 2025, com a presença de Luciana Genro, Fernanda Melchionna e Roberto Robaina

Calor e Petróleo – Debate com Monica Seixas, Luiz Marques + convidadas

Debate sobre a emergência climática com a deputada estadual Monica Seixas ao lado do professor Luiz Marques e convidadas como Sâmia Bonfim, Luana Alves, Vivi Reis, Professor Josemar, Mariana Conti e Camila Valadão

Encruzilhadas da Esquerda: Lançamento da nova Revista Movimento em SP

Ao vivo do lançamento da nova Revista Movimento "Encruzilhadas da Esquerda: desafios e perspectivas" com Douglas Barros, professor e psicanalista, Pedro Serrano, sociólogo e da Executiva Nacional do MES-PSOL, e Camila Souza, socióloga e Editora da Revista Movimento
Editorial
Israel Dutra | 09 abr 2025

A primeira crise da Era Trump II

As consequências da nova guerra tarifária de Trump que derrubou bolsas de valores por todo planeta
A primeira crise da Era Trump II
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 55-57
Nova edição da Revista Movimento debate as "Encruzilhadas da Esquerda: Desafios e Perspectivas"
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as "Encruzilhadas da Esquerda: Desafios e Perspectivas"