Com luta e resistência, professores do DF arrancam proposta do governo e encerram greve
Após quase um mês de mobilização, educadores da rede pública forçam o GDF a recuar e apresentar proposta com avanços. Em assembleia nesta quarta (25) categoria decidiu retornar as atividades
Foto: Alê Bastos/Ascom Fábio Felix
No dia em que a greve dos professores da rede pública do Distrito Federal completou 23 dias, a categoria decidiu encerrar a paralisação. Em assembleia na manhã desta quarta-feira (25), a categoria aceiou a proposta do governo Ibaneis Rocha (MDB) – que após resistência e ameaças, foi obrigado a apresentar uma proposta que contempla parte das reivindicações históricas da educação. A oferta, construída após pressão intensa do movimento e com a mediação do Tribunal de Justiça do DF, inclui avanços na carreira, nomeação de aprovados e garantia de direitos ameaçados pelo próprio governador no início da greve.
Desde 2 de junho, educadores enfrentam o descaso do GDF, que até então se negava a negociar. “Não vou dar reajuste”, afirmou Ibaneis em tom autoritário, ameaçando cortar o ponto dos grevistas para ver “quantos dias eles vão aguentar”. Mas a categoria aguentou. E mais: provou que a força da luta coletiva pode reverter cenários aparentemente fechados ao diálogo.
A proposta, apresentada na segunda-feira (23), em reunião entre o Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) e representantes do governo, prevê reajuste nos valores pagos por titulação (pós-graduação, mestrado e doutorado), pagamento integral dos dias parados por meio de folha suplementar, nomeação de até 3 mil aprovados até dezembro de 2025 e um novo concurso previsto para 2026. Também está prevista a prorrogação do atual concurso até julho de 2027, atualização nas gratificações e a criação de uma mesa permanente de conciliação.
Para o deputado distrital Fábio Felix (PSOL), defensor ativo da pauta dos educadores, a mobilização dos professores é exemplo de compromisso com a educação pública:
“Essa proposta só existe porque os professores resistiram. É a greve, a pressão, a organização da base que obrigou o governo a sair do autoritarismo e abrir diálogo. Educação se faz com valorização dos profissionais, não com ameaças”.
O movimento grevista também cobrava a reestruturação da carreira docente, uma demanda antiga que segue em negociação. Para garantir a efetividade do que foi colocado na mesa, o TJDFT atuou como mediador do processo, o que dá validade jurídica ao que for acordado – uma vitória importante frente ao histórico de promessas não cumpridas por parte do Executivo local.
O clima entre os educadores é de vitória parcial. A mobilização mostrou que, diante do sucateamento da educação pública e da tentativa de imposição de um teto autoritário, os professores não recuam – eles ensinam, inclusive, como se luta. A greve segue, até que se transforme em conquista formal. E que se registre: não foi concessão do governo, foi conquista da luta.