Xi Jinping, o presidente de tudo – A ascensão de um líder todo-poderoso

Em seu primeiro ensaio para a New Statesman, um dos maiores especialistas em política internacional discorre sobre a ascensão de um líder todo-poderoso.

Grahan Allison 22 mar 2018, 15:28

Em outubro, no Congresso do Partido Comunista, em Pequim, Xi Jinping não foi apenas “eleito” para um segundo mandato de cinco anos como presidente da China. Ele foi “coroado” como a versão século XXI dos imperadores que dominaram o país milênios atrás. Seus “pensamentos” foram consagrados ao lado dos de Mao Tsé-Tung nos escritos sagrados chineses, a constituição, que deve ser estudada e tomada como guia para a sociedade. Os membros das outras instituições de poder – o comitê permanente de sete homens, os 25 homens do birô político e os sete homens da comissão militar – foram reorganizados para garantir que agora todos sejam aliados de Xi. Mais significativo que tudo, a prática já estabelecida de identificar o sucessor no começo do segundo mandato do líder foi abandonada. Visivelmente o comitê permanente não inclui nenhum sucessor plausível, sinalizando para os 1,4 bilhões de cidadãos chineses que Xi continuará a ser seu líder enquanto ele quiser.

O primeiro dignitário estrangeiro a chegar em Berlim para prestar respeito ao recém empossado Xi foi presidente dos Estados Unidos. Tendo desenvolvido a fina arte do ritual ao longo de seus 4 mil anos de história, a China mostrou ao reconhecido showman americano que ela conhece a pompa e a cerimônia. Como o New York Times explicou antes da viagem, “a pompa será… uma chance para o Sr. Xi mostrar seu “sonho chinês” – uma visão de sua nação se juntando ou mesmo suplantando os Estados Unidos como superpotência líder do mundo.”

Antes de sua partida, Donald Trump enviou a Xi uma nota o parabenizando por sua “extraordinária elevação”. Aos jornalistas, Trump chamou Xi de “o rei”. Quando chegou, ele cumprimentou Xi com tamanho respeito que parecia reverência, dizendo, “você é um homem muito especial”, “você é um homem forte” e saudando-o por liderar seu país adiante, enquanto culpava líderes americanos anteriores por permitirem os Estados Unidos estarem “tão para trás”.

Como o New York Times resumiu a visita: “O Presidente Trump projetou um ar de deferência à China que quase não é ouvido por parte de um líder americano.” E seguiu: “ a performance de Sr. Trump indica uma viragem na política dos grandes poderes.”

Agora Xi é não apenas o líder chinês mais poderoso desde Mao. Ele é também o líder mais ambicioso de todos os países atualmente. Nos últimos cinco anos, ele se provou o mais capaz de avançar a posição de seu país no mundo. E dentre todos os competidores em nível internacional, ele é o que mais provavelmente deve deixar sua marca na história.

Para responder a questão de “Quem é Xi Jinping” é útil considerar estes três fatores: sobrevivência, estratégia e estadismo.

Xi, o sobrevivente

Até a sua morte em 2015, Lee Kuan Yew, fundador de Cingapura e primeiro ministro, foi o principal observador da China no Mundo. Ele era também um mentor para Xi Jinping. Quando Xi chegou ao poder em 2012, Lee foi o primeiro observador estrangeiro a dizer sobre esse tecnocrata desconhecido “observem este homem”. Pela primeira vez em meio século observando líderes estrangeiros, Lee comparou o novo presidente chinês a si mesmo. Ambos os homens foram moldados por testes que deixaram profundas cicatrizes em suas almas. Para Lee, o “mundo todo” entrou em colapso quando o Japão invadiu Cingapura em 1942. Da mesma forma, Xi foi formado na luta para sobreviver à Revolução Cultural de Mao. Ele emergiu da revolta com o que Lee chamou de “ferro em sua alma”.

Xi nasceu como um príncipe da revolução, o filho de um colega da confiança de Mao, o vice premier Xi Zhongxun, que lutou a seu lado na Guerra Civil Chinesa, que começou em 1927 e não terminou até 1950. Destinado a crescer no “berço de líderes” de Pequim, ele despertou um pouco depois de seu nono aniversário em 1962 para descobrir que o paranoico Mao havia prendido seu pai. Nos dias que se seguiram, seu pai foi humilhado e eventualmente preso durante a Revolução Cultural, que terminou em 1976.

No que Xi descreveu como um “pesadelo distópico”, Guardas Vermelhos repetidamente o forçaram a denunciar seu filho. Quando sua escola foi fechada, Xi passou seus dias defendendo-se em brigas de rua e roubando livros de bibliotecas fechadas para tentar educar a si próprio. Enviado ao interior por Mao para que fosse “reeducado”, Xi viveu em uma caverna numa vila rural em Yan’na, China central, cavando esterco e respondendo às exigências de seu capataz camponês. Deprimida por privação e abuso, sua meia-irmã mais velha, Xi Heping, enforcou-se no chuveiro.

Ao invés de cometer suicídio, Xi enfrentou a realidade da situação e, em suas sábias palavras, “renasceu”. Como um de seus amigos de longa data disse a um diplomata americano, ele “escolheu sobreviver tornando-se mais vermelho que o vermelho” – fazendo o que fosse necessário para abrir seu caminho de volta ao topo.

Xi, o Estrategista

Com a ajuda de alguns antigos amigos de seu pai, Xi conseguiu voltar a Pequim e matricular-se na prestigiada Universidade de Tsinghua, onde estudou engenharia química. Após graduar-se em 1979, começou trabalho nos níveis iniciais da comissão militar para começar a construir relações com os militares.

Para conquistar suas honrarias políticas, Xi então retornou ao interior para o que seu biógrafo, Kerry Brown, caracterizou como “treinamento político duro e sem glamour” de um oficial provinciano. Mas ali ele construiu continuamente seu caminho para o topo da hierarquia, e, em 1997, ganhou – por pouco – um assento no comitê central do partido. (Quando as cédulas para os 150 assentos foram contados, Xi ficou em 151. Ele foi incluído apenas porque o líder do partido de então, Jiang Zemin, decidiu fazer uma exceção e expandir o número de membros para 151.)

Quando ele foi enviado para ser o chefe do partido na província da costa oriental de Zhejiang em 2002, Xi dirigiu um espetacular crescimento econômico: exportações cresceram em 33% por ano durante seus quatro anos no escritório. Ele ainda provou-se perito em identificar e apoiar empresários locais promissores, incluindo Jack Ma, cujo varejo online Alibaba tornou-se um gigante global que rivaliza com a Amazon.

Enquanto Xi demonstrava suas habilidades como administrador, ele se manteve em posição modesta, evitando a ostentação de riqueza comum a muitos de seus colegas. Quando os nomes dos futuros líderes do partido começaram a aparecer em 2005, o seu não estava entre eles.

Mas então, no começo de 2007, um escândalo de corrupção de alto nível varreu Xangai. O presidente Chinês, Hu Jintao, e seus colegas do comitê permanente viram a necessidade desesperada de agir rápida e decisivamente. Conhecendo a reputação de Xi como correto e disciplinado, eles o escolheram para apagar o fogo. Ele o fez com uma combinação de determinação e sutileza que ganhou a admiração de todos os seus pares. No verão de 2007, seu nome liderava as listas internas dos indivíduos mais capazes de encontrar um lugar na próxima geração de líderes.

Xi foi premiado quando os 400 maiores líderes do partidos que compunham o comitê central (e alternavam-se nele) reuniram-se em outubro de 2007 para selecionar os nove homens do comitê permanente de então que deveriam liderar a nação pelos próximos cinco anos. Ele emergiu não apenas como membro do comitê permanente mas como o herdeiro evidente do presidente Hu. Sendo tão modesto quanto ambicioso, Xi manteve assiduamente sua cabeça baixa do mesmo modo como subiu as escadas do partido, batendo por pouco o favorito, Li Keqiang, para se tornar o próximo na fila para o primeiro lugar. Quando a imprensa anunciou pela primeira vez que Xi era o provável sucessor de Hu, ele era tão desconhecido fora do partido que circulou amplamente uma piada em que perguntava-se “quem é Xi Jinping?” e respondia-se: “O marido da Peng Liyuan” – a famosa cantora popular com quem Xi se casou.

Depois da loucura de Mao, o partido fez um esforço determinado para proteger a nação (e a si mesmo) contra a tirania de um autocrata estabelecendo um sistema de liderança coletiva. Os nove membros do comitê permanente eram, em essência, iguais, sendo o presidente o porta-voz público do grupo. Os veteranos do partido que indicaram Xi em 2012 imaginaram que ele seria cortado do mesmo tecido que seu antecessor – um porta-voz agradável para a liderança coletiva. Eles sabiam muito pouco.

Antes do final de seu primeiro ano no escritório, Xi havia realizado uma leve mudança no regime. Ao final de seu primeiro mandato, ele havia concentrado poderes em suas mãos tão completamente que hoje ele é frequentemente conhecido não como o CEO da China mas como seu COE [em inglês, “chairman of everything”, “presidente de tudo”]. Conduzindo uma campanha anti-corrupção muito visível e de consequências magistrais, Xi eliminou rivais poderosos até então considerados intocáveis, incluindo o antigo chefe do serviço de segurança interna da China, Zhou Yongkang – o primeiro membro do comitê permanente a ser condenado por corrupção. Em sua consolidação no poder, Xi deu mais de uma dúzia de títulos a si mesmo, incluindo presidente de um novo conselho de segurança nacional e comandante em chefe do exército, um título que nem mesmo Mao obteve. E ele nomeou a si mesmo “líder central” – um termo símbolo de sua centralidade no Estado que Hu permitira caducar.

Ainda mais revelador, Xi foi elevado ao nível de Mao quando o recente congresso do partido inscreveu o “pensamento de Xi Jinping” na constituição do partido. Como o astuto observador da China Bill Bishop disse ao The Guardian, “isso significa, efetivamente, que Xi é inatacável… Se você desafiar Xi, estará desafiando o partido – e você nunca vai querer estar contra o partido.”3

O Estadismo de Xi

Xi está usando seu poder para buscar a maior transformação de longo alcance dos sistemas político, econômico e militar chineses desde Mao. Externamente, ele aposentou a estratégia de seus antecessores de “esconder nossa capacidade e aguardar o nosso momento”, optando ao contrário por reivindicar o poder chinês não apenas nos mares ao longo de suas fronteiras mas ao redor do mundo. No recente congresso do partido, ele afirmou orgulhosamente que a China estaria “grande e forte no Leste”.

Em janeiro, no encontro dos líderes políticos e de negócios do mundo em Davos, como os EUA se retiraram dos grandes acordos comerciais com a Ásia e a Europa, Xi agarrou o manto como campeão da globalização e do livre comércio. Na reunião dos 21 líderes mundiais no fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico em novembro no Vietnã, depois que Trump disse sem rodeios sobre colocar a “América em primeiro lugar”, Xi exortou os reunidos a “apoiar o multilateralismo, buscar o crescimento compartilhado por meio de consultas e colaboração e forjar parcerias mais estreitas.”

Muito antes de Donald Trump adentrar a arena política, Xi anunciou sua aspiração a “fazer a China grande novamente” [“make China great again!”]. Em suas palavras, ele pediu o “grande rejuvenescimento da grande nação chinesa”. Para ele, isso significa fazer a China retomar o predomínio na Ásia que havia antes da invasão ocidental; estabelecendo o controle sobre os territórios da “Grande China”, incluindo não apenas Xinjiang e Tibet no continente mas Hong Kong e Taiwan; e retomando sua histórica zona de influência ao longo de suas fronteiras e mares adjacentes, de modo que todos lhe deem o respeito que as grandes nações sempre demandaram. E isso significa comandar o respeito de outras grandes potências nos conselhos ao redor do mundo.

Juntos, Xi chama esses objetivos nacionais de “sonho chinês”. Tendo desenhado uma arrojada visão do sonho chinês, Xi tem mobilizado ofensivamente apoiadores para executar uma enorme agenda ambiciosa baseada em três frentes relacionadas: revitalizar o Partido Comunista, reviver o nacionalismo chinês, engendrando uma nova revolução econômica e reorganizando e reconstruindo o exército chinês de modo que ele possa, como diz Xi, “lutar e vencer”. Qualquer uma dessas inciativas seria mais do que a maioria dos líderes de Estado seriam capazes de fazer em uma década. Exsudando o que o sinólogo Andrew Nathan descreveu como “autoconfiança napoleônica”, Xi resolveu realizar as quatro de uma vez.

Para convencer os demais líderes e cidadãos chineses de que o sonho chinês não é apenas retórica, Xi tem desrespeitado uma regra fundamental da sobrevivência política: nunca aponte um objetivo inequívoco e uma data específica em uma mesma frase. Depois de um mês de ter se tornado líder da China em 2012, Xi anunciou que a China iria construir “uma sociedade moderadamente próspera” (dobrando o PIB per capta de 2010 para em torno de 10 mil dólares) até 2021, quando será celebrado o centésimo aniversário de fundação do Partido Comunista Chinês. Na linha das atuais tendências, neste ponto, sua economia será 40% superior à dos EUA (medido em termos de paridade de poder de compra), de acordo com o FMI.

No recente congresso do partido, Xi mirou mais longe, declarando que até o centésimo aniversário de fundação da República Popular da China em 2049, a China se tornará “um grande país socialista moderno que é próspero” e “um líder global em termos de poder nacional”. Se até a metade do século o PIB per capta da China atingir o dos EUA, considerando que sua população é quatro vezes maior do que a dos EUA, ela terá uma economia nacional quatro vezes maior do que a dos EUA.

Além disso, no plano de Xi, supremacia econômica é apenas a subestrutura do sonho. O empresário Robert Lawrence Kuhn é um dos poucos ocidentais que possui acesso regular ao círculo interno de Xi. Quando falam entre si, Kuhn aponta, a equipe de Xi enfatiza que ser o número um significa ser o primeiro não apenas em termos econômicos mas também em defesa, ciência, tecnologia e cultura. A iniciativa “Made In China 2025” de Xi convoca a China a tornar-se a líder global em tecnologias chave como computação, robótica, inteligência artificial e carros auto-dirigidos. Fazer a China grande novamente não é apenas uma questão de torna-la rica. Xi quer dizer torná-la poderosa, orgulhosa e fazer o partido, como a direção central de toda a jornada, novamente a respeitável vanguarda do povo.

A China enfrenta diversos desafios severos na busca por este sonho. E Xi e sua equipe mostraram-se impiedosamente realistas em reconhecer esses desafios e lidar com eles. Na visão de Xi, uma América recalcitrante é o principal obstáculo para realizar as ambições internacionais da China. Em 2014, o ex-primeiro ministro australiano Kevin Rudd e o conselheiro de segurança nacional dos EUA Brent Scowcroft voltaram de longas conversas em separado que tiveram com líderes chineses com visões idênticas quanto ao que chamaram de “consenso” marcante na liderança chinesa. De acordo com ambos os estadistas, os líderes chineses estão convencidos de que a grande estratégia dos EUA para lidar com a China envolve cinco objetivos: isolar a China, conter a China, diminuir a China, dividir internamente a China e sabotar a liderança da China.

Como Rudd explicou, essas convicções “de uma conclusão chinesa de que os EUA não aceitam, e nunca aceitarão, a legitimidade política da administração chinesa porque não é uma democracia liberal.” Mais ainda, de acordo com Rudd, isso está baseado numa conclusão chinesa profundamente “realista” de que “os EUA nunca aceitarão de bom grado o seu status como potência regional e global preeminente, e farão de tudo ao seu alcance para manter sua própria posição.” Ou, como diz claramente Henry Kissinger, todo líder chinês que ele conheceu acredita que a estratégia dos EUA é “conter” a China.

Como estudiosos de história, os líderes chineses reconhecem que o papel que os EUA cumprem desde a Segunda Guerra Mundial como arquiteto e segurador da estabilidade e segurança regional permitiu às nações asiáticas prosperarem, sendo nenhuma delas mais bem sucedida do que a China. Mas agora eles acreditam que a maré que trouxe os EUA para Ásia está recuando. Assim como o papel britânico no ocidente esgotou-se no início do século XX, também o papel dos EUA na Ásia como superpotência histórica perdeu seu espaço. Como Xi afirmou em uma reunião de líderes da Eurásia em 2014, “Em última análise, é o povo asiático que deve guiar os negócios da Ásia, resolver os problemas da Ásia e garantir a segurança da Ásia.”

Os fatos brutais sobre a ascensão da China são difíceis de negar. Como eu argumento em meu livro, “Destinado a Guerra: a América e a China podem escapar da armadilha de Tucídedes?”, quando há uma mudança tão fundamental na balança do poder, os alarmes devem soar: extremo perigo a frente. O motivo é a “Armadilha de Tucídedes”: a dinâmica perigosa que ocorre quando um poder ascendente ameaça depor um poder dominante. Nestas condições, eventos externos ou ações de um terceiro partido que de outra forma seria inconsequente ou facilmente manipulável, pode desencadear ações e reações dos principais protagonistas que terminam em uma guerra que nenhum dos dois queria. Esse fenômeno foi pela primeira vez descrito pelo grande historiador grego Tucídedes em sua observação da Guerra do Peloponeso, que devastou a Grécia Antiga. Como ele explicou: “Foi a ascensão de Atenas e o medo que isso despertou em Esparta que tornou a guerra inevitável.”

O projeto de história aplicada que eu conduzo em Harvard encontrou 16 casos em que o grande crescimento de uma nação suplantou a posição de um Estado dominante nos últimos 500 anos. Doze terminaram em guerra. Lembre-se de 1914, quando o assassinato do arquiduque atiçou o fogo que terminou queimando as casas de todos os grandes Estados europeus.

Nesta dinâmica, o perigo é real – mas a guerra não é inevitável. Esta guerra foi evitada em quatro dos 16 casos o que mostra que essa consequência não está pré determinada por alguma lei de ferro da história. Evocar a Armadilha de Tucídedes não é fetalismo ou pessimismo. Ao invés disso, ela deve nos despertar para que reconheçamos os riscos extremos criados pela atual situação entre EUA e China. Se ambos os lados fizerem os negócios de sempre [“business as usual”], podemos esperar a história de sempre. Mas como George Santayana nos disse, apenas os que não estudam história estão condenados a repeti-la.

Os presidentes Trump e Xi irão seguir os trágicos passos dos líderes de Atenas e Esparta, ou da Inglaterra e Alemanha do início do último século? Ou eles encontrarão um meio de evitar a guerra como efetivamente fizeram EUA e União Soviética na segunda metade do século XX? Ninguém sabe. Nós podemos estar certos, no entanto, de que a dinâmica identificada por Tucídedes irá se intensificar nos próximos anos.

Para onde Xi irá a partir daqui?

No congresso do partido, o discurso de abertura de três horas e meia de Xi expôs com detalhes consideráveis o “plano de trabalho” para os próximos cinco anos e além. Embora por vezes expressa em uma linguagem difícil para ocidentais entenderem, ele expõe detalhes claros do plano a seguir

Do ponto de vista doméstico, o partido espera ganhar maior proeminência; democracia – governo pelo povo – não mais precisar de serviço de boca; crescimento do PIB com mais ênfase na qualidade de vida, especialmente do ar respirável em grandes cidades como Pequim; e estender o poder de Xi e demais agentes partidários para desempenhar papel ainda maior da governança, como mandarins leninistas.

Externamente, a China provavelmente se tornará mais assertiva à medida em que se torne “grande e forte no Oriente”, construindo ilhas e estabelecendo reivindicações sobre as águas ao seu redor, e “mudando-se para o centro do palco” nos assuntos globais. Sugerindo os termos de acomodação dos interesses chineses com os quais Xi espera persuadir Trump a aceitar, ele aponta: “O Oceano Pacífico é grande o bastante para acomodar os dois países”. Tendo empurrado os porta-aviões americanos para além da primeira cadeia de ilhas que do Japão às Filipinas com um programa de mísseis anti-navios, a China está agora alargando o alcance desses mísseis para empurrar esses porta-aviões para trás da segunda cadeia de ilhas. Muitos suspeitam que Xi vê o Havaí como um ponto apropriado para dividir as duas esferas de influência.

A dinâmica de Tucídedes entre China e EUA se tornará mais intensa, especialmente no que toca o que a China considera como “sua” vizinhança e os mares que tocam suas fronteiras. No atual caminho, não demorará muito para os observadores notarem semelhanças entre o confiante e exuberante Xi e Theodore Roosevelt enquanto liderava um país que rivalizava e depois superou a Grã-Bretanha para reivindicar o “século americano”. Como Xi afirmou no recente congresso do partido: “a história continua gentil para aqueles com determinação, motivação, ambição e muita coragem. Não esperará o hesitante, o apático ou o tímido desafio.”

Tradução de Gustavo Rego.


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