A mobilização da juventude e o movimento popular põem Daniel Ortega contra as cordas

Os protestos populares liderados pela juventude estudantil colocaram o governo ditatorial da Nicarágua em questão.

MAS 7 maio 2018, 12:51

Os dias de protestos populares liderados pela juventude estudantil como vanguarda das lutas das últimas semanas colocaram o governo ditatorial do presidente Daniel Ortega contra as cordas. O governo antidemocrático de Ortega ordenou a repressão contra as marchas e já deixou cerca de 50 vítimas e 200 feridos da juventude mobilizada, que está apoiado por setores populares em torno dos centros estudantis.

A gota que transbordou o vaso foram as medidas promulgadas por Ortega de baixar as aposentadorias em 5% e um pacote de cortes na seguridade social.

Nas palavras de Mónica Baltodano, ex-dirigente sandinista e crítica dos governos de Daniel Ortega, um resumo da origem dos protestos.

“Agora, como esse verdadeiro surto social foi construído? Como os eventos se juntaram? O ambiente começou a ficar tenso claramente por 4 anos, com a Lei Canalera (840). Para enfrentar os perigos que envolvem diretamente milhares de famílias camponesas que teriam que ser despejadas, foi construído o movimento camponês mais forte que se organizou nos últimos 20 anos. O movimento fez quase 100 marchas: todos foram reprimidos e brutalmente impediram todas as tentativas de marchar para Manágua. Chegaram no auge de dividir as estradas com escavadeiras para que nenhum veículo pudesse transitar.

Neste contexto foram realizadas eleições nacionais e depois as municipais. Ambas fraudulentas. Nas primeiras Ortega teria obtido 70% dos votos para ter uma Assembleia totalmente controlada e Reformar a Constituição a seu capricho. NAs segundas controle total dos municípios. Os protestos contra a Fraude foram reprimidas e se contabilizaram uma dezena de mortos”.

Uma nova palavra de ordem surgiu no calor dos combates, a renúncia do presidente Daniel Ortega e sua esposa Rosario Murillo, mas o tirano tem seus defensores, a Igreja Católica e o COSEP, empregadores do Conselho Superior de Empresas Privadas (COSEP), Ambas as instituições reacionárias, especializadas em conter o movimento de massas e levá-lo às causas da política burguesa e imperialista, citaram diferentes mobilizações com o argumento de restaurar a paz social, o que que ecoou cinicamente neste primeiro de maio. Presidente Ortega, pedindo um minuto de silêncio para os jovens que ele mesmo ordenou assassinar.

Os desafios do movimento popular.

Como no caso das ditaduras, o governo de Ortega não permite que os partidos de oposição ou organizações de esquerda surjam. O movimento que surge com essas lutas tem o desafio de criar ou construir organizações sociais e políticas que possibilitem sua continuidade na expressão e organização dos setores populares e trabalhadores que se unem à oposição ao regime presidido por Daniel Ortega. Lutar para alcançar as liberdades democráticas de expressão, mobilização e organização política dos setores em luta, dar continuidade e caráter nacional e internacional aos protestos e dias de protestos que se avizinham. Organizar os jovens, as mulheres, os camponeses, os indígenas, que sem dúvida formarão novos contingentes na luta contra o regime pessoal e ditatorial de Daniel Ortega, que comandante sandinista se tornou inimigo de seu povo.

Há um período de ascenso das lutas populares na América Central

As massivas mobilizações na Nicarágua confirmam o surgimento das lutas democráticas travadas pelos povos centro-americanos, contra os governos que impõem os planos neoliberais e usam a corrupção para enriquecer com seus parceiros burgueses que financiam suas campanhas políticas ou as apoiam no monopólio do poder com a condição de lhes dar a riqueza natural e os principais contratos do Estado, como é o caso da Nicarágua.

O povo de Honduras se mobilizou maciçamente contra a fraude eleitoral de novembro de 2017, que colocou Juan Orlando Hernández (JOH) na presidência, em uma reeleição claramente impossível de vencer sem recorrer à fraude e ao escárnio à vontade do governo. cidade nas urnas. Ainda em janeiro deste ano houve mobilizações e greve nacional contra a posse de Hernandez gritando “Fuera JOH”.

Em setembro de 2017, as ruas da Guatemala testemunharam uma mobilização de milhares de pessoas exigindo a renúncia do presidente Jimmy Morales e dos deputados do congresso cúmplices da corrupção.

Esta é a forma como esses fatos foram registrados pelo jornal digital “Povos Camino”.

No dia 27 de agosto, quando o Presidente tenta remover a imunidade e expulsar o Comissário colombiano Ivan Velasquez, declarando-o persona non grata e acusando-o interferir nos assuntos internos da Guatemala, especificamente quando Velasquez, junto com o Office Thelma Aldana Procuradoria Geral da República que decidem retirar a imunidade ao presidente Jimmy Morales por estar envolvido em um caso de corrupção com evidência de financiamento eleitoral ilegal durante a campanha presidencial, eclode uma crise. O povo da Guatemala saiu às ruas por dois dias para defender a CICIG (Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala), o Comissário e o Procurador e para exigir a renúncia do presidente. Confrontado com estes fatos, o Tribunal Constitucional, através de uma decisão histórica, altera a ordem presidencial e suspende permanentemente a decisão de expulsar o comissário Iván Velásquez. Dois dias após esta decisão da Corte, os deputados do Congresso Nacional, utilizando o mecanismo nacional de emergência, legalizam a corrupção, o crime e o financiamento ilegal. Diante de tal barbárie durante uma semana consecutiva, o povo voltou às ruas para também exigir a renúncia dos deputados que votaram para encobrir o corrupção. Ante a magnitude do descontentamento do povo, deputados retrocederam em suas ações. Segundo eles, eles cometeram um erro. No entanto, é claro que, se as pessoas não tivessem se mobilizado, as ações dos deputados não seriam um erro, mas a legalização mais flagrante da impunidade e do crime. Os decretos 14 e 15-2017 que reformam o Código Penal foram negociados com vários ministérios para consolidar suas alianças de impunidade.

Na Costa Rica, no processo eleitoral, foi apresentado um caso inédito. O candidato social-democrata do partido Acción Ciudadana, Carlos Alvarado, perdeu no primeiro turno com 21,66% dos votos, contra o candidato conservador do Partido da Restauração Nacional Evangélica, que obteve 24 , 91% dos votos. Já no segundo turno, Carlos Alvarado, da Acción Ciudadana, contra todas as probabilidades, se impôs com 60% dos votos. Pela primeira vez o abstencionismo se reduziu no segundo turno e o candidato perdedor no primeiro venceu no segundo. Além disso, Campbell Barr torna-se a primeira mulher afro-descendente a ocupar a vice-presidência da Costa Rica.

Assistimos ao fim dos governos progressistas

Com a crise do governo da Nicarágua, confirma-se o fim do ciclo de governos progressistas na América Latina. Junto com a crise do governo Maduro na Venezuela, a transição controlada em Cuba, a crise da transição no Equador, a crise política do PT no Brasil, o triunfo da direita na Argentina com Mauricio Macri. Estes fatos indicam que a paisagem política geral na América Latina mudou substancialmente, que não será mais a mesma e que novas possibilidades de construção pela esquerda de correntes e partidos que se proponham a dirigir e a participar na direção de novos movimentos e organizações. que surgem no calor das lutas.

Reprodução da versão em português publicada pelo Portal de la Izquierda.


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