Avaliação da MOVER sobre o XXIII congresso da FASUBRA

Houve uma vitória da categoria, mas os rumos da federação seguem em disputa.

MOVER 18 maio 2018, 13:55

Avaliação da MOVER sobre o XXIII congresso da FASUBRA:
Uma vitória da categoria, mas os rumos da federação seguem em disputa!

A plataforma MOVER, que compõe o movimento Sonhar Lutar, apresentou dois eixos políticos centrais no congresso da FASUBRA:

1 – A necessidade do congresso debater nosso plano de lutas com centralidade na resistência aos ataques do governo Temer;
2 – A proposta de formação de chapa entre as teses do Sonhar Lutar, Combate, PS Livre e Frente Base sob os marcos da unidade entre os setores que não recuaram das greves gerais em 2017 e querem uma FASUBRA sempre combativa independente do partido que estiver no governo.

Ao longo de 6 dias de congresso podemos observar a centralidade que muitos deram ao debate quanto a prisão do ex-presidente Lula. Embora pudesse ofuscar no plenário o que acreditamos que devem ser as prioridades da FASUBRA, como o plano de lutas da categoria, a defesa de Lula não conseguiu impedir importantes debates nos grupos de discussão e nas mesas temáticas e nem a aprovação de parte deste plano de lutas apresentado e debatido no congresso. Dia 23 de maio haverá mobilização da FASUBRA e dos Servidores Públicos Federais, será uma primeira ação importante da nossa campanha salarial 2018 em conjunto com o FONASEFE e FONACATE.

Embora este congresso tenha sido muito melhor organizado e com muito mais debate do que o congresso de 2015 em que só o credenciamento durou 3 dias e só foram aprovadas as resoluções consensuais, cabe a avaliação real das debilidades que tivemos.

A votação das resoluções se estendeu madrugada a dentro sem grande parte do congresso até o seu término. Fazendo com que as decisões não refletissem necessariamente o acúmulo do conjunto de delegadas e delegados eleitos e credenciados para o XXIII Confasubra. A divisão dos GT’s não serem por temas também prejudicou o debate, uma vez que todos os GT’s tinham como tarefa discutir todos os temas com tempo insuficiente para tal. Salientamos também que as mesas temáticas deveriam ter sido realizadas antes dos GT’s como subsídio ao debate e votação das resoluções.

Avaliamos várias das propostas de mudança estatutária como medidas de diminuição da democracia na federação, como o aumento, aprovado, do mandato da direção de 2 para 3 anos, independente da intensidade da luta na conjuntura. Por isso votamos contrários. Também foi apresentada a proposta de mudança na forma de eleição para delegados ao congresso da fasubra que poderia passar a ser feita em urna sem regulamentação específica ou, como apresentado em outra proposta serem realizadas mais de uma assembleia por município, sendo uma em cada campi, o que impossibilitaria a fiscalização dessas assembleias em muitos lugares. Felizmente essas 2 últimas não foram aprovadas.
O destaque fica para a mudança positiva que foi a criação da coordenadoria de políticas LGBT+, fazendo com que a FASUBRA passe a contar com 27 diretores em vez de 25, divididos em 12 coordenadorias.

No ano passado, através de um processo de unificação do coletivo Vamos à Luta com a plataforma MOVER e o movimento MAIS que antes faziam parte da Frante BASE, fundamos o movimento Sonhar Lutar. Um processo de unificação da esquerda combativa muito importante e que remete também a história de lutas da categoria e a unificação da esquerda combativa e não submissa ao governo Lula no coletivo Vamos à Luta em 2003. Essa reaproximação mostrou o acerto que é a busca da unidade dos que querem lutar de forma independente de governos e reitorias. Logramos ser a maior tese do confasubra em número de delegadas e delegados.

Também acertado foi o nosso chamado a unidade com as demais teses combativas (Combate, PSLivre e Frente BASE) para que unificássemos em uma única chapa para disputar a direção da FASUBRA. Infelizmente não logramos êxito e um dos motivos foi a prioridade dada por esses grupos ao debate sobre a prisão de Lula, não quiseram fazer uma chapa unitária por causa das distintas posições sobre o tema enquanto nossa proposta era unificar os grupos que não recuaram das greves gerais de 2017 e defendem uma FASUBRA combativa independente de governos e reitorias. Também a defesa da consígnia LULA LIVRE, de forma pouco crítica aos governos do PT, por uma parte do movimento Sonhar Lutar durante algumas falas prejudicou essa unidade. Consígnia não-unitária entre todas e todos que compõe o movimento bem como não está presente em nossa tese, essa sim, escrita coletivamente e assinada por todas e todos: criticando a prisão política do ex-presidente, sem martirizá-lo, nem associar-se ao seu projeto de conciliação de classe, apontando a necessidade de construção de um terceiro campo político e social contrário ao ajuste fiscal e a retirada de direitos. Também criticamos quem misturou as pautas Lula Livre e Justiça para Marielle como partes de uma mesma luta. Marielle faz parte do mesmo campo político que nós, um terceiro campo diferente da direita e do PT, não tinha dúvidas do lado da luta de classes que está, mulher, negra, lésbica, périférica, Marielle era anticapitalista. Embora defendamos o seu direito de ser candidato não podemos discursar parecendo esquecer que Lula governou com o que há de mais podre na política nacional, apoiou o governo do PMDB em coligação com as milícias no Rio, colocou Marco Feliciano na presidência da CDH, comprou deputados para retirar direitos trabalhistas como a reforma da previdência em 2003, garantiu exorbitantes lucros para banqueiros, latifundiários e empreiteiros através da exploração da classe trabalahdora, atacou a natureza com a construção de Belo monte e a transposição do rio São Francisco… Enfim, a conciliação de classes não foi seu único erro.

A luta contra opressões também sai fortalecida deste congresso, não passou e nunca mais passará batido a formação de uma mesa com 100% de homens, como ocorreu para debater a universidade. Foi criada a coordenadoria de políticas LBGT+, foram aprovados os planos de lutas proposto pelas setoriais LGBT+, mulheres e raças e etnias, e elegemos diretoras e diretores com compromisso com a luta contra opressões ocupando essas coordenadorias representando o movimento sonhar lutar. Teremos Mariana Lopes na coordenação de Mulheres, Maria Ângela na coordenação de Raças e Etnias e Wellington na coordenação LGBT+. Teremos um negro, Antonio Alves, o Toninho na coordenação geral da FASUBRA. Infelizmente serão outros dois homens ao lado de Toninho, o que criticamos fortemente pois defendemos a indicação de, pelo menos, uma mulher, pois havia nomes disponíveis, porém sabemos que não ofusca as vitórias citadas acima e esperamos poder ajudar a corrigir esse erro no próximo CONFASUBRA.

A MOVER é uma plataforma sindical anticapitalista fundada pelas e pelos camaradas que compunham o antigo grupo MES sindical na base da FASUBRA. Nossa plataforma se baseia em uma concepção sindical democrática, combativa, classista e anticapitalista. Compomos o movimento Sonhar Lutar que sai muito fortalecido deste congresso, devemos agora fortalecer cada vez mais essa unidade. Convidamos a todas e todos a conhecerem a plataforma sindical anticapitalista MOVER e fazer parte também dessa construção e juntos darmos a batalha por uma FASUBRA combativa e independente da direita e do lulismo.

Calendário pós congresso:
– Dia 23 de maio dia nacional de lutas e paralisações da FASUBRA e mobilização dos servidores públicos federais
– Dia 07 de junho dia nacional de lutas e paralisações dos Servidores Públicos Federais
– Dia 07 de junho – audiência pública sobre os Hospitais Universitários as 10 horas na câmara dos deputados em Brasília

Contatos: Luan Diego Badia, Direção nacional eleita da FASUBRA; Maria Aparecida Dantas, Sintest-RN e Diretora suplente eleita da FASUBRA; Edson Lima, Direção Nacional atual da FASUBRA.

Nota originalmente publicada na página do Facebook da MOVER.


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