“Que se vayan” todos os corruptos: Novas eleições e nova constituição

Dirigente peruano argumenta sobre a necessidade, após a queda do ex-presidente PPK, da refundação do sistema político do país.

Tito Prado 28 jul 2018, 16:19

Uma repugnante trama de corrupção dentro dos órgãos de justiça desencadeou uma nova crise política que pode terminar com o governo de Vizcarra a poucos meses de suceder no cargo a PPK, caído em desgraça pelo indulto a Fujimori.

Até dentro do próprio governo se começa a considerar a possiblidade de adiantar as eleições, enquanto crescem as vozes em favor de uma nova constituição. Não é para menos, a crise não dá trégua e cada vez mais se manifesta como uma crise estrutural, sistêmica e de regime.

Grande parte da ira cidadã se descarrega contra o Congresso, onde a Fuerza #1 e o Apra, transformado em aliado do fujimorismo, fazem por merecer a repulsa cidadã. Seus vínculos com os juízes corruptos terminam se tornando a antessala da impunidade.

Mas o Executivo tampouco se salva – com cinco presidentes condenados ou processados por corrupção – e menos os entes eleitorais como a ONPE apinhada de gente do aparato montesinista, que aparentemente segue ativo brindando serviços à melhor oferta.

Esta crise se equipara com a de 2000 porque aquela, que terminou com o governo de Fujimori, deixou de pé a Constituição de 93 filha do golpe e da fraude com a qual se preservou a estrutura mafiosa no Estado. Os partidos neoliberais que se somaram à onda de indignação cidadã contra a pretensão de Fujimori de somar um terceiro mandato, fizeram isso porque a continuidade do fujimorismo se fazia insustentável e para preservar o modelo econômico. Em boa conta, esses partidos como PP, APRA, PPC, AP, roubaram o triunfo da mobilização popular ao manter a Constituição ilegítima e com isso preservaram todo os mecanismos de corrupção e impunidade que acompanha o modelo neoliberal que nos ata aos interesses das grandes potências e corporações.

A resposta popular e cidadã a esta nova crise detonada pelos áudios divulgados por IDL-Reporteros, levou a milhões de peruanos a tomar as ruas em todo país. A jornada de 19 de julho foi contundente e novas convocatórias devem acontecer. O Comando Nacional de Luta que compromete a grêmios como a CGTP, e a Assembleia Cidadã que soma organismos de DDHH e coletivos vários, são as instâncias que articulam as ações de protesto que encontra eco em infinidade de iniciativas locais e setoriais.

O Movimento Novo Peru faz parte dessas articulações, como na Macro Sul, onde tem um alto grau de estruturação social. Aporta sua atitude militante e a proposta de uma saída política e democrática para a crise. Verónika Mendoza, sua principal referência, percorre o país plantando medidas urgentes como a revogação de todos os magistrados do Conselho Nacional de Magistratura, a limpeza profunda do Poder Judicial e da ONPE, assim como a necessidade de reformas profundas no Estado. Mas observa que não se trata de reformas cosméticas para que nada mude, que faz falta ir a um processo constituinte para nos dotar de uma Nova Constituição.

Os partidos mais comprometidos com a corrupção como a Força Popular e o APRA, que possuem a maioria no Congresso, procuram por todos os meios blindar seus líderes. Eles não vão gerar a mudanças necessárias, tampouco os partidos defensores do modelo econômico que respondem mais aos interesses da CONFIEP que do país. O próprio governo de Vizcarra, para além de certas medidas anticorrupção, encontra-se atado ao sistema, a ponto tal que põe a reforma judicial nas mãos de uma comissão de “notáveis” encabeçada por Allan Wagner, ex-Ministro de García Pérez e Alejandro Toledo, dois presidentes corruptos com os quais nunca tomou distância alguma.

O de Vizcarra tem que ser um governo de transição, que ponha um pouco de ordem com uma reforma política e eleitoral que impeça a manutenção do poder do dinheiro, que abra espaço para novas opções levantando o cerco com o qual os partidos tradicionais pretender seguir no poder a todo custo. E deve adiantar a convocatória de novas eleições, sob novas regras, para encerrar um Congresso que não dá mais, que tem mais de 80% de rejeição e segue nas mãos da Fuerza #1 e a senhora Keiko, comprometida no processo da Lava Jato. O determinante será a mobilização do povo nas ruas uma e outra vez até que consigamos derrotar os corruptos e impôr uma saída democrática para a crise atual.

25 de julho de 2018.

Fonte: https://titoprado.lamula.pe/ 2018/07/25/que-se-vayan-todos- los-corruptos-nuevas- elecciones-y-nueva- constitucion/titoprado01/


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