Em teu nome, Ahed Tamimi, o direito ao sorriso!

Ahed Tamimi, de apenas 17 anos é um símbolo da nova etapa da resistência palestina, protagonizado por jovens e mulheres.

Israel Dutra 8 ago 2018, 12:36

Um fio de esperança se levantou. Por todo planeta, a cena da libertação da jovem Ahed Tamimi, com um sorriso aberto e combativo, levou uma mensagem de triunfo, combate e solidariedade. Depois de oito meses encarcerada na prisão de Even Hyuda, Tamimi chegou a Ramalah anunciando que seu combate não termina, ao contrário, a resistência seguirá até “a ocupação acabar”. Assim foram as suas primeiras palavras, portando a bandeira palestina e o lenço Kefiah.

Tamimi foi recebida como heroína pelo presidente palestino, Abbas, que afirmou: “a jovem simboliza a revolução popular como via para resistir a ocupação”. Em seguida, depositou flores no túmulo de Yasser Arafat.

Ahed Tamimi, de apenas 17 anos é um símbolo da nova etapa da resistência palestina, protagonizado por jovens e mulheres. Parte de sua família foi presa e morta. Com apenas 12 anos, Ahed foi filmada enfrentando apenas com as mãos e palavras, os soldados isralenses que agrediam e buscavam deter seu irmão. O motivo alegado para sua detenção ocorreu no final do ano passado, quando ela resistiu a ofensiva de um soldado, momentos depois dos militares dispararem contra a cabeça de seu primo, que teve o crânio deformado pelas balas do exército de ocupação.

O atual momento é de ofensiva da ocupação sobre todo território palestino. Os gestos de Trump com o deslocamento da embaixada foram a senha para a ofensiva sobre Jerusalém. Junto a isso, na passagem dos 70 anos do Nakba, a escalada de violência cresceu. Começando com a grande Marcha do Retorno, no 30 de março, a repressão isralense não deu tréguas. O saldo da temporada de protestos, até o dia 15 de maio, tinha sido de quase 13 mil feridos e 116 mortos.

Há uma polarização aguda dentro da questão palestina. O Estado de Israel, chefiado pela direita do Likud, promulga leis ainda mais restritivas, equanto se escuda na “doutina Trump” para ampliar o domínio dos territórios ocupados. Sua estratégia é asfixiar politica e militarmente a Faixa de Gaza. A recente lei votada no parlamento israelense é um passo adiante. Com um status de nova constuição, a lei define que o arábe será uma língua secundária, além de atentar contra outras minorias como os drusos. Um protesto, no sábado, 4 de agosto, levou dezenas de milhares pessoas às ruas de Tel Aviv, marcou a contrariedade desses setores com a nova lei constitucional, tida como um aprofundamento do “Apartheid”.

Outro questionamento crescente veio da comunidade LGBT, um dos pilares da propanga externa do sionismo. A nova lei sobre maternidades aprovada pelo Likud restringe os direitos de adoção dos LGBTs.

Se a frente interna está complicada para o Estado de Israel, justificando seu giro mais guerrerista, no âmbito internacional, o isolamento volta a crescer. A campanha BDS conseguiu importantes vitórias no último período como o cancelamento do show de Gilberto Gil e do amistoso que a seleção argentina faria antes da copa.

A luta de Ahed representa a luta das crianças palestinas. Sua família vem denunciando a situação de inúmeras crianças, detidas, feridas ou separadas dos pais. Sua mãe, Narimam Tamimi declarou em entrevista que ‘todas as crianças palestinas são Ahed Tamimi”. Informações dão conta que todos os anos 700 crianças palestinas são processadas nos tribunais israelenses por “agredirem soldados”. Segundo a organização Save The Children, ao redor de 10 mil crianças e adolescentes já foram detidas nas Cisjordânia. Algumas com idade de 5/6 anos.

Diante desse quadro, a libertação de Ahed impulsiona a sua força simbólica para ampliar a resistência palestina.

No campo das organizações palestinas é um sintoma que a nova geração já nasce adotando métodos radicalizados, lutando por uma nova direção unitária para a luta em defesa dos direitos dos palestinos e contra a ocupação.

No terreno internacional, simboliza também essa nova geração, que tens muitos rostos, como a das paquistanesas em luta, ou mesmo de Marielle Franco, vereadora da negritude assassinada por lutar por suas ideias. A fibra de Ahed é uma potência que nos leva a um compromisso ainda maior para ampliar à solidariedade com a causa palestina. O fio de esperança conduz a novos levantes. Pelo direito à vida, à terra e, porque não, aos sorrisos!


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