“Se eu perder a esperança, 14 de março vai ser em vão”

Viúva de Marielle Franco comenta sobre seu passado ao lado da ex-vereadora. A atual luta que clama justiça pela sua morte dá prosseguimento à batalha da psolista.

Mônica Benício 2 ago 2018, 12:35

Monica Benício tinha a manga esquerda do casaco preto de inverno levantada até o cotovelo, na última sexta-feira (27), apesar do frio que fazia em Porto Alegre. Na parte descoberta do braço, um pedaço de papel insulfilme cobria a tatuagem feita um dia antes. O rosto de Marielle Franco. Para o Brasil e o mundo, um símbolo da luta contra violência, desde que a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro foi executada a tiros, no centro da cidade, no dia 14 de março. Para Monica, sua companheira, que ela conheceu no lugar onde as duas cresceram: a favela da Maré.

A tatuagem reproduz uma das imagens mais conhecidas de Marielle. A foto tirada durante a gravação de um vídeo ainda na pré-campanha da sua candidatura à Câmara de Vereadores da capital carioca, em 2016. Monica conta que, ainda desacostumada com a ideia de ser figura pública, Marielle estava constrangida e com dificuldade de se soltar. O câmera brincou que ela deveria fingir que a namorada estava ali. Alguns minutos depois, a foto que hoje estampa camisetas, adesivos e estêncils pelo país, chegou ao telefone de Monica com uma mensagem: “esse olhar é pra você”. O olhar, Monica diz, mistura força e afeto.

Nos 140 dias que se passaram desde a morte de Marielle, Monica transformou o luto em luta. Passou a falar sobre as causas que Marielle defendia, esteve presente nas galerias da Câmara na votação póstuma dos projetos de lei da mulher, a primeira vez que propostas de um vereador fora de mandato foram analisadas. Uma luta que a trouxe à capital gaúcha para participar da marcha de abertura do 2° Fórum Latino-Americano do grupo La Garganta Poderosa, mistura de comunicação e movimentos de bairros e periferias, que nasceu na Argentina e se espalhou por todo o continente.

Na marcha, em frente à Ocupação de Mulheres Mirabal, Monica falou sobre a resistência contra o genocídio da população negra e pelos direitos das mulheres brasileiras. Se emocionou ao lembrar que era o dia que Marielle completaria 39 anos. Além de uma fila de pessoas anônimas que queriam abraçá-la, em silêncio, foi amparada pelo irmão de Santiago Maldonado, o ativista e artista argentino que desapareceu pelas mãos de policiais quando protestava por um território mapuche, em Chubut.

A luta por injustiças, ponto comum nas vidas de Marielle e Santiago, também é parte da vida de Monica. Nascida na favela, enquanto vive a perda, ela pesquisa e escreve sua dissertação de mestrado em Arquitetura e Urbanismo. O foco de pesquisa de Monica é entender como o lugar onde você nasce e é criado influencia sua relação com o espaço urbano. Escolheu um ponto da Maré que é divisa entre duas facções como seu objeto de estudo.

Pouco antes da marcha, ela conversou com o Sul21 sobre seu trabalho, Marielle e por que é importante gritar e resistir no Brasil de 2018:

Sul21: O que te fez vir a Porto Alegre e participar desse Fórum?

Monica Benício: Luta. Hoje é aniversário da Marielle, ela faria 39 anos. Não dava para ser dia de festa, então tinha que ser dia de luta. Tem muitos coletivos de resistência aqui, um trabalho super difícil e super bonito, achei que não podia só me privar, o convite chegou e fiquei super emocionada. Considerei todos os movimentos que estariam aqui, todas as causas de luta. Considerei não vir, porque seria um dia difícil. Depois, achei que tinha que superar a dor pessoal para estar caminhando com essa galera que está resistindo diariamente. É a América Latina inteira, como eles estão dizendo o tempo inteiro aqui, não temos fronteiras, somos todos um. É por isso que a gente segue lutando.

Sul21: Como tem sido a tua vida nesses pouco mais de quatro meses sem ela?

Monica: São 135 dias hoje. Dia pra caramba, né? Nenhuma resposta, nada. Difícil. Tem constituído uma luta diária, não só por questão de justiça pelo que aconteceu com a Marielle, que a gente ainda não tem resposta nas investigações, mas também para que não aconteça mais. Hoje a gente tem uma situação que é grave no país, onde nossa democracia é retirada diariamente de nós. Acho que a gente disputa a democracia contra a barbárie. A barbárie não pode ser aceita, não pode permitir que o Estado continue com o genocídio da população preta, que o Brasil continue sendo o país que mais mata sua população LGBT. Então, todos os dias têm sido de luta, não só por justiça para a Marielle, mas pelas bandeiras que ela carregava, que são de todo mundo que defende o estado democrático.

Sul21: Tu falaste antes da entrevista que teus amigos tinham um pouco de receio que tu viesse sozinha ao Fórum. Tu tem recebido algum tipo de mensagem, além das de apoio?

Monica: As fake news a gente conseguiu entrar com ação contra o Google, o Facebook e todo mundo ao mesmo tempo, para poder retirar. A gente conseguiu retirada de boa parte delas. Sempre tem, mas diminuiu bastante. As mensagens que chegam até mim, no geral, são quase todas de apoio, de solidariedade, o que é importante porque faz querer continuar na luta. Dá ânimo, tenho uma rede de afeto muito grande, que é muito maior que as coisas ruins e as mensagens de ódio. Isso é muito importante para conseguir continuar, porque eu ainda acho que existe muito mais gente boa do que gente ruim.

Sul21: Como está a situação da família de Marielle, em relação à segurança?

Monica: Existe uma preocupação. Eu, sinceramente, não me preocupo mais. Acho que tem que estar ocupando um outro lugar e tudo bem. Eu disse, logo no início, nas primeiras reportagens, que não tem mais motivo para ter medo. Existe uma preocupação, certos cuidados que foram indicados para que a gente tomasse, mas não vejo muita relevância para acreditar que existe um risco grave ou real.

Sul21: Essa semana, o jornal O Globo colocou uma chamada na capa dizendo que as mortes de ativistas bateram recorde no Brasil em 2017, levando o país para o topo do ranking mundial. Aqui no Fórum, também estão os familiares dos 43 estudantes assassinados em Ayotzinapa, no México, os familiares de Santiago Maldonado. Como tu vês essa questão na América Latina agora?

Monica: A gente está num contexto muito grave e não é só dentro do Brasil. É a América Latina inteira. No Brasil principalmente, os índices são alarmantes e continuam subindo. A gente está em julho e já tem números mais altos dos que o do ano passado. Isso é muito grave. A gente tem a cultura de associar quem defende direitos humanos a quem defende bandido. É óbvio que, dentro do contexto da América Latina, o Estado vai construindo esse discurso para que seja legitimado na massa com menos informação. O que eu acredito que acontece? É confortável para os poderosos, que são a minoria em expressão, apesar de serem a maioria política, que isso seja cultivado. Acaba que coloca a população, quase que justificando…No caso da Marielle, por exemplo, foram muitos os comentários que falavam assim: “Mas não defende bandido? Olha aí, foi bandido que matou, vai defender agora”. Isso é muito absurdo, porque é um discurso muito perigoso, é um discurso que castra, que coloca a população na inércia, que legitima a violência. A gente não pode aceitar isso. Da mesma forma, acredito que tem que lutar para desconstruir essa ideia. Na desconstrução, mostrando o que significa de fato ser um defensor de direitos humanos, a gente consegue unificar a população, fazendo com que se levantem, com que se indignem. Não fiquem só acomodados dentro desse cenário inteiro que o Estado nos coloca e nos oprime. Quando a gente vai para a rua fazer manifestação, é com violência que eles nos tratam e é com violência que eles fazem política, quando cortam verba da educação e da saúde. A desconstrução dessa ideia de que defensor de direitos humanos defende bandido é fundamental, para que a gente tenha uma democracia consolidada. Defensor de direitos humanos é defensor de direito à vida e vida nenhuma vale mais do que a outra. Não tem hierarquização. O valor da vida é único e vale igual para todo mundo. O discurso produtor de ódio quanto ao defensor de direitos humanos legitima esses assassinatos, diminuindo todo e qualquer valor de vida. A gente tem que continuar lutando para que esse discurso seja claro e a população tenha consciência disso. Quando você arruma qualquer desculpa que seja para simplificar a vida de uma pessoa que acabou de ser assassinada, para justificar uma morte, você tira o valor da vida da pessoa. Isso é inadmissível, seja pessoa o que for.

Sul21: Marielle ficou um ano e quase três meses como vereadora e era muito ativa na Câmara do Rio. Como ficou o encaminhamento dessas propostas?

Monica: A gente teve na Câmara uma coisa que foi exclusiva, foi a primeira vez que aconteceu, ter uma parlamentar com seus projetos sendo votados, mesmo ela não estando mais em exercício. Alguns projetos de lei foram à votação, o único que ficou fora foi [o que propunha] inserir um dia de luta LGBT no calendário da cidade. No Rio de Janeiro, a gente tem uma bancada fundamentalista, conservadora, racista, LGBTfóbica, um prefeito que não sabe o que significa estado laico. É um problema muito sério. Esse PL sequer colocaram para a votação porque eles consideravam polêmico. Os demais foram à votação, passaram a primeira instância e agora devem ser votados novamente. Ainda não está aprovado. Se a gente não estiver fazendo pressão novamente, enchendo as galerias, cobrando os vereadores para que votem favorável, não vai passar. A próxima votação deve acontecer agora em agosto, a gente precisa ocupar de novo e garantir porque esses PLs são garantias dos direitos da mulher, pelo fim do genocídio da população preta, são projetos que só garantem direito à vida e à qualidade de vida.

Sul21: Em entrevista ao Sul21, a vereadora do PSOL de São Paulo Sâmia Bomfim disse que a intenção do partido era colocar todos os parlamentares que foram eleitos nas últimas eleições como candidatos este ano. Marielle seria candidata. Tu tens acompanhado essas movimentações do partido? Quem vem para abraçar as causas que ela deixou?

Monica: Marielle viria como candidata à vice-governadora do Tarcísio [Motta], ia compor chapa com ele. Eu tenho acompanhado, porque o PSOL lançou agora para estadual [no Rio] uma frente de mulheres pretas que está maravilhosa. Boa parte delas construiu um ano e três meses de mandato com a Marielle, eram pessoas de luta. Tem a Monica Francisco, Renata Souza, Dani Monteiro, mulheres pretas que estão militando há um tempão, com trajetória de vida e de luta, fundamental. Da Câmara, temos o David Miranda, o único LGBT assumido lá dentro, vindo a federal, assim como a Talíria Petroni, a vereadora mais votada de Niterói. É fundamental isso, porque tem pessoas fazendo política séria. Essa frente de mulheres pretas, que tinham tudo para se retirar nesse momento, com esse cenário de guerra, porque depois do que aconteceu com a Marielle é legítimo que as pessoas sintam medo, botaram a cara e vão enfrentar. Ser mulher preta na sociedade de hoje já é um ato de coragem. Você levantar da cama, ir para a rua, trabalhar, fazer as coisas mais simples possíveis. Acho que tem que ocupar todos os espaços, principalmente os de poder, Angela Davis diz que “quando uma mulher preta se movimenta, ela movimenta as estruturas”. Eu acredito muito, já disse em outros lugares, a revolução feminista virá através das mulheres pretas ou ela não se dará. Acho fundamental que essa mulherada esteja aí assumindo esse posto de luta. O legado Marielle, as pessoas tendem a personificar, ele é construído e levado diariamente por cada uma das mulheres que se levantam todos os dias e resistem com seus corpos. Seja LGBT, seja preto, vocês que estão participando desse evento, se propondo a fazer esse tipo de entrevista. Isso é o legado Marielle para mim, toda mulher que se levanta e resiste a essa sociedade, toda essa gente, esses irmãos da América Latina que não se conformam e não admitem que a gente continue sendo assassinado.

Sul21: Tu falaste de pessoas que se levantam apesar dos riscos. Quando Marielle disse que queria ser vereadora, tu tiveste medo em algum momento?

Monica: Eu falei que não era uma boa ideia, não. Fui contra, na verdade. O que eu disse a ela foi que, enquanto pessoa que a amava, se eu pudesse votaria não, mas enquanto eleitora do Rio de Janeiro, eu achava ótimo, porque ela tinha uma competência técnica absurda. Ela já era mestre em administração pública, socióloga, trabalhava com a Comissão de Direitos Humanos, tinha um currículo excelente para fazer um trabalho maravilhoso e sério. Acho que a gente precisa de gente ocupando a política assim, com qualidade técnica. Não dá mais para ficar aceitando carreirista. Mas, eu me preocupava no sentido que a demanda de trabalho seria muito grande, que seria muito exaustivo. Não que fosse terminar da forma que terminou. No Brasil, tem muito tipo de violência, mas a gente não tem homem-bomba, atentado terrorista nesse nível. O crime com a Marielle é um crime de configuração política, é um crime de poder, que claramente tem agente do Estado envolvido, gente com muito dinheiro por trás e pessoas que, infelizmente, estão acostumadas a cometer crimes hediondos e ficar impunes. Não é uma questão de vingança, mas uma questão de justiça. Quando se tem muito dinheiro e poder político, nesse país, as pessoas vão fazendo as coisas acreditando que estão acima da justiça. Como a gente vê agora no caso do [ex-presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva] – prende o Lula, solta o Lula – é feio num nível mundial. A gente tomou o golpe [com impeachment da Dilma Rousseff], tem esse presidente ilegítimo, tem o estado do Rio de Janeiro sob intervenção federal, entregue nas mãos dos militares, tem a única vereadora negra sendo executada da forma que foi, às 21h, numa das cidades consideradas capital do mundo. Tamanha barbárie, que o mundo inteiro parou e falou “gente, vocês perderam a mão, chega”. A gente olha para o Judiciário e, que confusão, nada se aplica. Está tudo ilegal no caso do Lula, é inadmissível, e ele continua preso. Só para tirá-lo de uma eleição.

Sul21: Qual foi a última resposta que vocês tiveram da polícia sobre como está a investigação do caso?

Monica: Como a investigação está sob sigilo, eles informam só pequenos avanços. “Estamos avançando, estamos trabalhando”, sem detalhes. Acho que é correto, principalmente, com a imprensa que a gente tem, que está muito mais preocupada em vender manchete do que chegar ao resultado. Vazar informação num caso como esse pode comprometer tudo. Tem pessoas, inclusive, que estiveram participando desse crime, sendo assassinadas por queima de arquivo. A gente está num país que é muito perigoso, quando se trata dessas relações que tem agentes do Estado envolvidos.

Sul21: O site The Intercept Brasil publicou reportagens, logo no início das apurações, que revelavam possível envolvimento de um vereador e de milicianos. Tu segues essa mesma linha de hipótese?

Monica: Eu acho que existe sim um envolvimento político, acho que existe participação de agentes do Estado, porque foi um crime muito sofisticado. No Rio de Janeiro, a gente não tem esse tipo de crime, com essa sofisticação. Lamentavelmente, foi muito bem executado, errou-se muito pouco na execução e aí a dificuldade das investigações. Não sei se de ordem da Câmara dos Vereadores, mas acredito fielmente que existe participação política, agentes do Estado envolvidos. Acho que tem muitos grupos poderosos articulando isso juntos, fica muito mais difícil de resolver.

Sul21: Tu tens contato com a família do motorista, Anderson Gomes? Sabe como eles estão?

Monica: Eu falo com a Ágatha, ela está bem. Eles estão em Minas Gerais, nesse momento, que a família dela é de lá, foram fazer um recesso. Eu sempre peço notícias do Arthur, filho deles. É muito difícil para ela, porque o Anderson estava ali, era um trabalhador, lamentavelmente, a própria Ágatha coloca isso, não era ele. Infelizmente, foi… Com o Arthur pequeno, que tem problemas físicos, dificulta muito a vida. É muito difícil para ela este processo, porque não é um luto comum. É um luto que, além de tudo, tem que lidar com essa questão pública e acaba que você não consegue se recolher. Acho que no caso dela é ainda mais difícil porque o Anderson não era uma figura pública.

Sul21: O mestrado que tu estás concluindo é focado em Urbanismo. Teu trabalho também tem viés social, como era o da Marielle?

Monica: Minha pesquisa é sobre como a violência influencia a relação do indivíduo com o espaço público. Também sou da Maré, pesquiso a partir de um lugar que é a divisa de duas facções criminosas rivais – o Comando Vermelho e o Terceiro Comando. A pesquisa visa entender como uma pessoa, um favelado que nasce nesse contexto, é criado nesse contexto tão violento, não só pelo tráfico, mas pelo contexto social e do Estado, que quando entra, entra ineficaz, também com violência, como você que cresce nesse contexto, vai interagir em outros espaços da cidade, como a zona sul do Rio, que é elitizada? Como você se apropria ou não desse espaço? Você se sente ocupando, sente que esse espaço é seu? Como a gente poderia desconstruir? Porque eu acho que o que o Estado faz com a gente, dentro da favela, influencia diretamente na nossa construção e na nossa percepção de indivíduo. Quando a gente vai disputar outros espaços na cidade, a gente acaba se sentindo inferior ou reagindo com agressividade, porque se não é meu, não vai ser de ninguém. Então, como o Estado poderia utilizar o urbanismo como uma ferramenta que, obviamente não iria solucionar um problema de segurança pública, mas que poderia dar um outro tipo de relação, uma relação diferente entre indivíduo e espaço urbano. Fazendo a favela um espaço mais integrado, que não é o que a gente tem hoje.

Sul21: Queria te perguntar sobre a história por trás dessa tatuagem. Tu acabaste de fazê-la.

Monica: Pois é. Essa imagem foi feita ainda na pré-campanha, num vídeo que o título ainda era “Mulher-Raça”. Era um vídeo difícil, porque a Marielle não era figura pública até então e não tinha muito essa coisa de estar na frente das câmeras. Era um vídeo difícil, super bonito, mas que ela estava meio constrangida. Aí, o fotógrafo estava brincando e falou assim: “porra, pelo amor de Deus, finge que você está olhando para a Monica então!”. E ele fez uma foto, que foi essa. Eu estava em casa, falando com ela pelo telefone. Ela me mandou a foto e falou: “esse olhar é pra você”. É uma das imagens que eu acho legal e por isso quis fazer a tatuagem. A blusa eu fiz ainda na época da campanha, só que época de campanha não pode usar. Em março, eu decidi que queria fazer uma tatuagem em homenagem a ela, mas não sabia qual seria o porte. Decidi que seria uma imagem, pra ficar essa representação na pele da fotografia. Essa porque eu acho que é forte e, ao mesmo tempo, tem afeto.

Sul21: O que é muito a imagem que ela passava, nos vídeos, nas falas.

Monica: É isso. O que coloca a Marielle num campo político diferenciado é construir política com afeto. Encontrar as pessoas na rua, parar para poder abraçar, para agradecer, para falar que se sentiam representadas. O que a gente não costuma ter no Brasil, né? Em geral, sentimos vergonha dos nossos políticos. Esse era um diferencial.

Sul21: Todos os dias, as pessoas perguntam nas redes sociais quem matou Marielle. “Marielle Vive” e “Marielle Presente” são frases espalhadas em várias pontos do país. O caso dela fala de justiça para ela, mas ele também parece tocar em todos os outros que caem no esquecimento. Até agora, como tu achas que essa memória segue para a opinião pública?

Monica: Acho que é muito assertivo o que você disse. Vira um marco, é um símbolo, mas que representa muitas outras coisas. Como eu falava, hoje estou na luta não só por ela, não só por mim, mas por muitas outras coisas, muitas outras pessoas, muitas outras causas. Acho que o caso da Marielle é isso. As pessoas têm um lampejo de esperança de que isso não ocorra mais. É uma expressão tão simbólica de violência, elas arrumam algum gás para continuar seguindo, cobrando justiça a partir disso, mas não só por isso. Para que não ocorra mais casos como o da Marielle e que ele não fique sem solução, como outros ficaram. Acho que é um marco, um divisor de águas, que faz uma costura entre o que aconteceu no passado hediondo e a preocupação que a gente tem que continue acontecendo no futuro. Uma demarcação de luta, porque a gente não quer mais que ocorra. Muita gente me pergunta, como eu ainda tenho esperança. Se eu perder a esperança, 14 de março vai ser em vão. Não pode ser. Tem que ser renovação de esperança, para continuar na luta, para que seja um divisor de águas de forma que, mesmo com toda a dor e violência, que a gente consiga encontrar algo de positivo para fortalecer. Porque essa era a luta dela. Era por uma sociedade mais igualitária, mais justa, acho que a gente pode transformar o 14 de março em algo maior.

Fonte: https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/geral/2018/08/se-eu-perder-a-esperanca-14-de-marco-vai-ser-em-vao-tem-que-ser-um-divisor-de-aguas-diz-viuva-de-marielle/


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