O voto 50: mais do que “útil”, um voto necessário!
Na eleição de 2018, estamos com Boulos, Sônia e nossas candidatas e candidatos aos governados estaduais para enfrentar as candidaturas do sistema. Nosso país precisa ser virado ao avesso!
Na última sexta-feira, 6 de setembro, a campanha eleitoral deu um giro inesperado com o atentado da facada contra Bolsonaro, um lamentável episódio que resultou em grande exposição e em maior polarização política, consolidando uma candidatura que já demonstrava força, como uma expressão da profunda crise política, econômica e social brasileira. Bolsonaro é uma espécie de Trump brasileiro, refletindo um fenômeno mundial, que leva um setor da população a buscar um personagem forte. Sua consolidação também ocorre pelo fato de que há uma fração da burguesia que o apoia, satisfeita com seu programa de cortes radicais a serviço dos grandes banqueiros.
As consequências profundas do evento de Juiz de Fora começam a aparecer, com a nova rodada de pesquisas colocando Bolsonaro como líder disparado, com o dobro de intenções de voto do pelotão do segundo colocado. Entretanto, apesar da posição conquistada, que redobrou a iniciativa de sua campanha nas redes e nas ruas, a eleição segue marcada pela enorme imprevisibilidade. Os acontecimentos de grande monta são quase diários: o anúncio da substituição de Lula por Haddad; a prisão do ex-governador Beto Richa no Paraná; a investigação de Reinaldo Azambuja, outro governador tucano, no Mato Grosso do Sul, sem falar na gangorra cambial como sintoma da crise econômica… Em síntese, a hipótese de novos giros e desdobramentos inéditos durante a campanha eleitoral não pode ser descartada.
Como efeito colateral da difusão das novas pesquisas, com o real perigo de Bolsonaro estar no segundo turno, ganhou força a expressão do chamado “voto útil”. Mesmo dentro do PSOL este debate ganhou peso com a declaração de Jean Wyllys nas redes sociais em favor da chapa presidencial de Haddad e Manuela. Para além do gesto individualista de Jean, que apresenta uma política que liquida o PSOL na disputa geral enquanto milhares de militantes do PSOL lançam-se na disputa em todo o país, há uma dúvida sincera em vários ativistas sobre o voto útil. É preciso debater com estas companheiras e companheiros que, se seguimos o caminho de Jean Wyllys, terminaremos desmanchando o acúmulo político construído pelo PSOL em sua longa luta, iniciada a partir da traição petista. Não podemos nos esquecer de que, se a extrema-direita se fortaleceu, muito disto se deve ao retrocesso na consciência das massas vivido durante os governos do PT. Durante 13 anos governando, o PT não questionou a lei de anistia para julgar torturadores e assassinos da ditadura; não combateu o oligopólio dos meios de corporação corporativos; não modificou a política de segurança, que encarcera e mata milhares de jovens pobres nas comunidades pobres do Brasil e assistiu impotente à emergência do crime organizado; não promoveu quaisquer reformas no sistema judiciário, na injusta política fiscal e na altíssima concentração da terra.
Como resultado, diante da profunda crise dos últimos anos, vemos o real crescimento da candidatura de extrema-direita, numa disputa incerta e renhida. Diante das dúvidas e insegurança nos círculos de discussão, nosso papel, como militantes, é dialogar, assinalando e fortalecendo um caminho alternativo.
Queremos afirmar que não é tempo de hesitação e sim de uma intensa luta política para manter o PSOL como uma alternativa diante da crise global do capitalismo brasileiro, que não será resolvida nem pela extrema-direita nem pelos falsos progressismos.
Como barrar o crescimento da extrema-direita?
A extrema-direita trava uma batalha cultural para ocupar o vazio deixado pela crise do regime, afirmando um projeto regressivo, autoritário e opressor, com o plano de Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes para realizar uma guerra contra o povo. Nessa batalha, estes personagens buscam levar a indignação e a apatia para o lado de suas propostas privatistas, antipovo e preconceituosas.
Diante das provocações e ataques da extrema-direita, as mulheres estão dando um grande exemplo! Não apenas por sua amplíssima rejeição a Bolsonaro medida pelas pesquisas: já há em gestação um movimento nacional de mulheres contra a candidatura misógina de Bolsonaro e Mourão. Em poucos dias, mas de um milhão de mulheres juntaram-se num grupo de mobilização contra Bolsonaro e já se está articulando um grande ato dia 29 de setembro em São Paulo, numa convocatória que começa a espalhar-se pelo Brasil e deve alcançar dezenas de cidades.
Este é o caminho: só com ampla mobilização popular – repudiando a violência individual, pela defesa dos direitos dos trabalhadores, do povo e da juventude –, poderemos derrotar Bolsonaro e suas ideias. Não é possível derrotar estrategicamente a extrema-direita se não afirmamos uma alternativa anticapitalista. Numa eleição em dois turnos, há uma grande oportunidade de afirmar esta alternativa no primeiro turno: afirmar o PSOL e seu acúmulo político, afirmar a candidatura de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara. No segundo turno, caso Bolsonaro ainda esteja na disputa, podemos e devemos ter uma luta aberta contra ele, na qual poderemos ter mais sucesso quanto mais força acumularmos no período anterior. Por isso, seguimos lutando por uma esquerda consequente e necessária! Seguimos lutando pelo voto 50!
Precisamos construir uma esquerda no Brasil que supere a experiência do PT, degenerado numa casta que repete seus velhos erros e seus acordos de sempre com a burguesia e com os setores mais parasitários da política brasileira, com os quais governou durante 13 anos sem realizar as mudanças profundas na estrutura social de que o Brasil precisa. Precisamos de uma esquerda que seja profundamente comprometida com as lutas e pautas democráticas, como as protagonizadas por mulheres, LGBTs e negritude – as mesmas lutas às quais nossa vereadora Marielle Franco dedicou sua vida. O PSOL dá este exemplo diariamente nas lutas e nos espaços legislativos, sempre defendendo os interesses do povo e da maioria social que luta diariamente por sua sobrevivência.
Por tudo isso, na eleição de 2018, estamos com Boulos, Sônia e nossas candidatas e candidatos aos governados estaduais para enfrentar as candidaturas do sistema. Nosso país precisa ser virado ao avesso: é hora de lutar para taxar os ricos, revogar a PEC do teto de gastos, enfrentar a sangria da dívida, reduzir os juros e organizar uma guerra contra os verdadeiros responsáveis pela tragédia que estamos vivendo: os bancos e o capital financeiro, que lucram com o sofrimento do nosso povo. Seguimos nas ruas e esquinas de cada cidade e do campo, lutando com nossas lideranças, candidaturas e militantes, para ampliar a audiência de nosso programa e ampliar nossas bancadas de deputadas e deputados realmente de esquerda! É hora do voto 50!