O que os socialistas latino-americanos esperamos das eleições nos EUA

Um olhar de fora para dentro sobre o que esperamos das eleições de meio de mandato (midterm) nos Estados Unidos.

Pedro Fuentes 6 nov 2018, 19:20

O triunfo de Bolsonaro no Brasil, o país com a classe dominante historicamente mais ligada ao imperialismo americano na América Latina, foi um duro golpe para a esquerda e os trabalhadores de nosso continente. Não por acaso, Bolton, principal assessor de Trump, declarou que os EUA têm agora um aliado estratégico.

Bolsonaro é filho de Trump, não existiria sem Trump; seu protofascismo se baseia numa ideologia similar, o ideólogo de ambos é o mesmo (Bannon). Bolsonaro quer também transferir a embaixada para Jerusalém, e seu filho viaja junto com o novo governador do Rio de Janeiro para Israel a fim de comprar drones exterminadores. Como Trump, pretende diminuir os impostos para os mais ricos; igual a de Trump, sua política é anti-ecológica. Enquanto Trump liberou totalmente a exploração de petróleo, gás e mineração, Bolsonaro quer desflorestar a selva amazônica e terminar com a delimitação das terras indígenas. Defendem o armamento. A lista segue… são machistas, racistas, homofóbicos e ambos se apoiam sobre poderosos setores evangélicos. (Pátria, família, Deus e propriedade são slogans de ambos)

Trump está diretamente comprometido com as eleições de hoje. Da mesma forma que fez Bolsonaro no Brasil, seu discurso é altamente divisionista, ultra-direitista apelando para os sentimentos atrasados para impor sua autoridade. Depois de cometer o crime de lesa-humanidade de separar dos pais os filhos dos imigrantes (que ainda continua), estão mandando um exército armado para a fronteira a fim de parar os cinco desesperados imigrantes que fogem da pobreza provocada pelo Império na América Latina. Está dizendo que filho que nasça de imigrantes não terá o direito à cidadania estadunidense. Está proclamando seu racismo e insultando os negros.

Por estas razões, as eleições de meio termo tornaram um referendo nacional e internacional sobre a política de Trump. Um triunfo nas duas câmaras de Trump reforça o avanço do autoritarismo e fortalece os setores protofascistas no mundo. Se Trump perder perder, debilitam-se todos seus filhos e, em especial, Bolsonaro, o maior perigo que temos os latino-americanos que recordamos muito bem o que foi o golpe militar dos militares brasileiros comandados desde a chancelaria e a embaixada americana.

E o mais importante para os socialistas é que uma derrota de Trump, a qual obviamente significaria maior peso e protagonismo político do Partido Democrata, também vai fortalecer a onda socialista do DSA que obterá deputados nacionais e mandatos nos estados. Fortalecem-se as campanhas “Medicare For All” e por educação pública. Um passo importante não só para os trabalhadores dos EUA, caso se fortaleça Bernie Sanders como uma opção para 2020. Também é assim para a esquerda latino-americana que necessita uma renovação profunda depois das derrotas sofridas. O autoritarismo não avançou porque “as massas são atrasadas”. Avançou no Brasil (como também na Nicarágua e na Venezuela), quando a multitudinária mobilização de 2013 por mais democracia, saúde e educação, foi ignorada pelo governo do PT que seguiu ao lado dos banqueiros, do agronegócio e das grandes construtoras. Este balanço, que tem sua importância para a formação de uma nova esquerda, não significa nenhuma obstrução para a necessária política unitária de luta contra o autoritarismo e o protofascismo. Nossas expectativas estão postas nos EUA e, especialmente, no desempenho dos socialistas.

Publicado originalmente no Portal de la Izquierda.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 12 nov 2024

A burguesia pressiona, o governo vacila. É hora de lutar!

Governo atrasa anúncio dos novos cortes enquanto cresce mobilização contra o ajuste fiscal e pelo fim da escala 6x1
A burguesia pressiona, o governo vacila. É hora de lutar!
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi