Vitória da mobilização e da luta do povo equatoriano

O país, tal como conhecido há onze dias, já não existe mais.

Revista Movimento 14 out 2019, 14:26

EQUADOR – Estimados camaradas e amigos. A partir de ontem, o país, tal como nós o conhecíamos 11 dias atrás, já não existe mais. Importantes conquistas foram obtidas pelo movimento de massas, marcando a abertura de uma etapa interessante na luta de classes e, seguramente, marcando a mudanças das dinâmicas sociais que reorganizarão o tabuleiro político nacional.

1.- Há mais de uma década, os movimentos sociais, entre eles o movimento indígena, perderam protagonismo. Debilitados, perderam a presença nas ruas e suas direções se acostumaram a resolver suas reivindicações, não com a luta e a mobilização, mas com o pacto, o acordo e a migalha. Sua direção se converteu em coadjuvantes passivos dos governos de turno, inclusive, governos tenebrosos como o de Lenin Moreno. Hoje voltaram a ganhar as ruas e a compreender que a única forma de vencer é com a mobilização e luta. O tecido social é recomposto pela rua e é soldado pela vitória sobre o morenismo, ao golpear com força o acordo com o FMI e debilitar a oligarquia e suas pretensões no que período restante de governo.=

2.- Este levante deixa vítimas por todos os lados: a imóvel, traidora e oportunista direção indígena, que superada por suas bases, se viu obrigada não só a renunciar seus cargos no governo, mas também a dar um passo para o lado, para que uma nova direção surja com uma vitória importante. Danificadas ficaram também as duas mairoes formações políticas de direita. Bases de sustentação do atual governo, caíram prostradas pelo apoio a uma medida antipopular, promulgada a partir de uma inadequada visão dos processos e dinâmicas sociais no Equador. Acreditaram que ter como refém um setor da direção dos trabalhadores e indígenas – além do maoísmo – era suficiente para seu plano de fome, não contado que essas direções haviam perdido há muito tempo qualquer conexão com suas bases. O desgaste é tal que dificilmente terão tempo para recompor suas decadentes figuras.

3.- O acordo com o FMI também se suaviza. A atual correlação de forças impede Moreno e a oligarquia que o respalda a implementar o acordo com facilidade. Cai, portanto, uma fonte de financiamento. Ao deixar sem efeito o Decreto 883, que avalizava o primeiro desembolso, o resto do plano de ajuste simplesmente tem um duro caminho para poder ser implementado.

4.- Moreno dizia à noite que tinha vontade de chorar, provavelmente de impotência e soberba. Seu governo é tão frágil que agora será refém dos grupos de poder e dos militares, que sabem que sem seu apoio Moneno não é nada.

5.- O que está por vir serão dias duros, nesta teoria do desenvolvimento desigual e combinado. Enfrentaremos dias muito duros, nos quais a perseguição e a proscrição política se converterão numa moeda de todos os dias para nossas forças. Frente à desconstrução das candidaturas de direita, somos o inimigo a desaparecer. Por esse motivo, serão perseguidos como cães raivosos nossos companheiros melhor posicionados para impedir qualquer possibilidade de candidaturas alternativas às de direita.

6.- Nosso erro é parte desta estrutura “frente-populista” que ainda temos organicamente e que impede atuar como uma direção unificada. Foi um erro grave não ter saído para lutar como “Revolução Cidadã” e contemplar de longe as ações contra este governo.

7.- Nossa tarefa é aprofundar a construção de uma direção unitária já. Esperar e atrasar esta tarefa é simplesmente esperar pelo tiro.

Socialismo ou barbárie, essa é a disjuntiva!

J. E.

Reprodução da tradução publicada pelo Portal da Esquerda em Movimento.

TV Movimento

Encruzilhadas da Esquerda: Lançamento da nova Revista Movimento em SP

Ao vivo do lançamento da nova Revista Movimento "Encruzilhadas da Esquerda: desafios e perspectivas" com Douglas Barros, professor e psicanalista, Pedro Serrano, sociólogo e da Executiva Nacional do MES-PSOL, e Camila Souza, socióloga e Editora da Revista Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela
Editorial
Israel Dutra | 20 fev 2025

Altas temperaturas no cenário político

A emergência climática, a crise do governo Lula e a pressão pela prisão de Bolsonaro aquecem o cenário político
Altas temperaturas no cenário político
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 55-57
Nova edição da Revista Movimento debate as "Encruzilhadas da Esquerda: Desafios e Perspectivas"
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as "Encruzilhadas da Esquerda: Desafios e Perspectivas"