Falta de bibliotecários e fechamento de bibliotecas no RS marcam audiência da Frente Parlamentar do Livro, Leitura e Escrita
Primeira reunião do colegiado ocorreu na 65ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Dezenas de representantes de entidades ligadas a bibliotecários, escritores, editores, livreiros e leitores participaram da primeira audiência pública da Frente Parlamentar Mista do Livro, Leitura e Escrita presidida pela deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL/RS). A reunião integrou a programação oficial da 65ª Feira do Livro de Porto Alegre, o maior evento do setor a céu aberto da América Latina, realizado anualmente na Praça da Alfândega, no Centro Histórico da capital gaúcha.
A tônica do encontro acabou sendo as dificuldades encontradas pelo setor em dois pontos fundamentais: a falta de bibliotecários para atuar em escolas públicas da rede estadual e o fechamento das bibliotecas em decorrência da falta de profissionais. A falta de diálogo por parte da secretaria estadual de Educação também foi denunciada pelo Conselho Regional de Biblioteconomia. “Em abril fomos recebidos e lembramos que não há concurso público desde a década de 90. Nos foi dito que até agosto teriamos um plano de ação e ainda não fomos recebidos e não tivemos nenhum retorno”, afirmou a presidente do Conselho, Luciana Kramer.
Já o presidente da Câmara Riograndense do Livro, Isatir Antonio Bottin, lamentou a falta de mais investimentos no setor. “Se a gente não pensar no fortalecimento da cadeia, não vamos crescer. Temos 10 mil empresas que trabalham com livros, uma parcela importante da economia e por isso precisamos mais incentivos”, disse.
Representando a Rede Nacional de 114 Bibliotecas Comunitárias, Camila Tressino, citou uma pesquisa recente que aponta os bons índices de leitura nas periferias. Por sua vez, Neli Miotto, da Associação Riograndense de Bibliotecários, afirmou que a entidade trabalha permanentemente pela qualificação dos profissionais. A jornalista Fernanda Bastos, da editora Figura de Linguagem, reivindicou a necessidade de atenção à população negra. “Somos os mais precarizados nos momentos de crise, somos os que mais sofremos com os cortes e com o desemprego. Então é importante fortalecer a cadeia e ter essa atenção”.
Ao fim do encontro, a deputada Fernanda Melchionna encaminhou a realização de um ‘livraço’ para protestar pelas falta de nomeação de bibliotecários e as dificuldades relatadas pelo setor durante a reunião. “Metade das nossas escolas não têm biblioteca. Ano que vem a lei que prevê escolas em todas bibliotecas deveria ser implementada e não será. Desde 1992 não temos concurso público para bibliotecário. É um apagão. Temos que organizar um ato, que condensem as lutas deste ano. É só na mobilização e no calor que a gente vai conquistar”, frisou a deputada. A intenção é realizar o ato até o fim do ano. A parlamentar também deve encaminhar um pedido de audiência com a secretaria de Educação, que foi convidada mas não enviou representantes ao encontro.