Bancada do PSOL denuncia ao Ministério Público atrasos no pagamento de residentes da saúde
Profissionais que estão atuando para combater o COVID-19 estão sem receber bolsas-salário.
A deputada federal Sâmia Bomfim e a Bancada do PSOL na Câmara dos Deputados acionaram o Ministério Público Federal para pedir providências urgentes com relação ao atraso no pagamento de bolsas-salário de residentes em Saúde.
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Com a pandemia do Covid-19, os profissionais de saúde são fundamentais para cuidar dos pacientes afetados e, assim, minimizar os efeitos drásticos da doença. No entanto, o governo brasileiro parece não entender a importância desses profissionais. Inacreditavelmente, até agora, muitos residentes não receberam o pagamento de março, e enfrentam dificuldades financeiras, inclusive, para custear o transporte para seguir trabalhando.
Segundo a residente em Enfermagem, Natália Peccin, o problema está atingindo, principalmente, estudantes recém ingressos na residência, alguns deles oriundos de fora capital, que deveriam receber sua primeira bolsa-salário em março. Além disso, vários desses profissionais também enfrentam dificuldades para emitir seus bilhetes de transporte público em São Paulo, dado o funcionamento parcial da SPTrans. “Essas ações significam minar as condições materiais concretas para que os profissionais sigam trabalhando, em um momento em que são essenciais”, ela argumenta.
Vale ressaltar que o regime de trabalho na residência em Saúde é de 60 horas semanais, com remuneração de aproximadamente R$ 2.800,00 líquidos. Na maioria dos casos, a residência exige dedicação exclusiva, portanto a bolsa-salário consiste na única fonte de renda desses profissionais.
Segundo Luana Alves, trabalhadora do SUS e psicóloga da saúde coletiva, cortar ou atrasar o pagamento dos residentes é o mesmo que estrangular o sistema de saúde público. “É espantoso que algo tão urgente e simples de se resolver esteja demorando tanto. Os residentes que ainda não receberam devem receber já suas bolsas-salário. Além do respeito a esses profissionais, trata-se de uma medida urgente para não prejudicar o combate à pandemia”, ela afirma.
“É inadmissível esse atraso. Muitos residentes procuraram o mandato para afirmar que não têm dinheiro para ir ao hospital trabalhar. Ou seja, os pacientes afetados pelo Coronavírus correm o risco de ficar sem atendimento, porque não basta só construir hospital de campanha, é necessário ter gente especializada para cuidar das pessoas”, afirma Sâmia Bomfim.