“É preciso a unidade de ação na luta contra Bolsonaro: nas redes e nas ruas, com obediência às medidas sanitárias, organização, disciplina e criatividade”

É necessário unidade de ação, um planejamento comum de luta.

Fernanda Melchionna 25 maio 2020, 17:20

No dia 22 de maio foi divulgado o vídeo da “reunião” ministerial de Bolsonaro, denunciada por Moro como a prova de que ele tentou interferir politicamente na Polícia Federal. O vídeo não perde em nada para algum filme que mostre reuniões de máfia pelo conteúdo e palavreado. A reunião, além de deixar nítida a tentativa de interferência política na Polícia Federal, quando Bolsonaro fala de sua segurança, de seus filhos e de seus amigos, quando cobra informações antecipadas e privilegiadas dos órgãos de segurança, choca qualquer pessoa pelo vocabulário chulo e a frieza com que a cúpula do governo tratava o covid-19 em meio a maior pandemia sanitária da nossa história recente.

Neste dia, o Brasil já havia perdido 3 mil vidas para o coronavírus. A pandemia só foi lembrada como salvo-conduto para desmatar a Amazônia. Além de seu conteúdo denotar absoluto desprezo para a situação sanitária, vemos um conjunto de intervenções criminosas e claramente antidemocráticas.

Não podemos naturalizar a gravidade das declarações. Trata-se de uma reunião criminosa em meio a uma pandemia, que já levou a morte nesse momento de mais 22 mil brasileiros e transforma o Brasil em um dos maiores epicentros de contágio do mundo.

Sabíamos desde março que combater Bolsonaro era uma medida sanitária. Para salvar vidas nos dedicamos a empreender toda a luta política necessária contra esse criminoso. Fomos pioneiros na esquerda ao apresentar um pedido de impedimento com duzentos intelectuais e artistas que coletou 1 milhão de assinaturas em 18 de março. De lá para cá muitos pedidos de impeachment foram protocolados. PDT, Rede, PSB, um unificando PSOL, PT, PcdoB, UP, PCB e PSTU e que contam nossa assinatura também. Todas as iniciativas contra Bolsonaro terão nosso apoio.
Partidos de oposição e entidades democráticas, sindicais, estudantis, camponesas e populares, muitas dais quais subscritoras dos diversos pedidos de impeachment.

É necessário unidade de ação, um planejamento comum de luta. Isso requer uma ampla reunião que permita traçar um plano de ação. Não bastam notas de repúdio. Não bastam ações parlamentares. Não bastam sequer os pedidos de impeachment. Não basta tampouco esperar as eleições. É preciso a unidade já. É preciso a unidade para atuar. Nas redes e nas ruas, com obediência às medidas sanitárias, o que exige muita organização, disciplina e criatividade.

O fato é que a crise se aprofunda no Brasil, os sistemas de saúde dos estados começam a colapsar, a pandemia se alastra com muita intensidade, a economia caminha para a depressão. Não temos dúvida de que Bolsonaro tem perdido apoio popular, sua rejeição aumentou 10% nos últimas semanas, mas o isolamento social necessário também nos traz uma contradição. Não podemos ocupar as ruas com mobilizações democráticas que seriam necessárias para mostrar nossa força e impor uma saída popular para a crise.


Entretanto, o criminoso Bolsonaro e sua tropa de extrema-direita cada vez mais diminuta, mas armada e perigosa, segue nas ruas. Manifestações golpistas e pequenas têm sido realizadas todas as semanas.
Não podemos deixar as ruas para eles. É preciso dar o passo adiante. Unificar todos os partidos da oposição com responsabilidade, mas também com dimensão histórica. Frente as novas ameaças é preciso fazer uma mobilização unitária e muito bem preparada para respeitar o distanciamento social como foi feito em TelaViv com uma consigna clara como “Em defesa do SUS e das liberdades democráticas: Fora Bolsonaro”.

Necessitamos ainda de todo apoio internacional possível como forma de alastrar a solidariedade e fazer um cerco à extrema-direita.
É um momento difícil, mas não podemos ficar olhando qual será o desfecho no andar de cima enquanto o Brasil caminha para o abismo. Lutar para salvar vidas impõe ousadia, coragem e preparação.

Artigo originalmente publicado no site da deputada.


TV Movimento

PL do UBER: regulamenta ou destrói os direitos trabalhistas?

DEBATE | O governo Lula apresentou uma proposta de regulamentação do trabalho de motorista de aplicativo que apresenta grandes retrocessos trabalhistas. Para aprofundar o debate, convidamos o Profº Ricardo Antunes, o Profº Souto Maior e as vereadoras do PSOL, Luana Alves e Mariana Conti

O PL da Uber é um ataque contra os trabalhadores!

O projeto de lei (PL) da Uber proposto pelo governo foi feito pelas empresas e não atende aos interesses dos trabalhadores de aplicativos. Contra os interesses das grandes plataformas, defendemos mais direitos e melhores salários!

Greve nas Universidades Federais

Confira o informe de Sandro Pimentel, coordenador nacional de educação da FASUBRA, sobre a deflagração da greve dos servidores das universidades e institutos federais.
Editorial
Israel Dutra | 24 mar 2024

Tarefa inadiável

Para derrotar a extrema direita é necessário combater toda a amplitude do projeto fascista brasileiro
Tarefa inadiável
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 47
Nova edição com o dossiê “Feminismo: convergências, divergências e lutas”. Assine!
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição com o dossiê “Feminismo: convergências, divergências e lutas”. Assine!