Solidariedade à greve dos entregadores de apps e à mobilização dos metroviários

A paralisação dos entregadores de apps e a mobilização dos metroviários mostram o caminho.

Israel Dutra e Thiago Aguiar 30 jun 2020, 20:10

O movimento convocado pelos entregadores de apps no país inteiro, denominado “Breque dos Apps”, ganhou força. Depois de assembleias e reuniões virtuais, coletivos organizados em várias partes do país optaram por convocar uma medida contundente: impor uma jornada nacional de protestos e paralisações. A repercussão já está na imprensa e começou a contagiar trabalhadores de apps em outros países da América Latina.

Enquanto o contágio e o número de mortes por Covid-19 segue avançando no Brasil, governadores e prefeitos reabrem as atividades econômicas, ameaçando a vida de milhares de trabalhadores e de suas famílias. Em particular, desde o início da pandemia, trabalhadores dos considerados “serviços essenciais” têm sido os mais expostos, como as e os profissionais da saúde e do transporte público.

Desde o início da adoção das medidas de isolamento social, os serviços de entrega de alimentos e mercadorias foram mantidos e uma categoria tem sido particularmente afetada pela necessidade de trabalhar diariamente, mesmo sob risco de contaminação: os entregadores de plataformas digitais, em geral corporações transnacionais com centenas de milhares de trabalhadores sem vínculo empregatício formal em todo o mundo. Trata-se de trabalho precarizado, sem direitos trabalhistas, sujeito a longas jornadas e baixa remuneração. Os entregadores também precisam responsabilizar-se por seu meio de trabalho e transporte – motocicletas, bicicletas e automóveis –, assumindo os custos de manutenção e do combustível. Não por acaso, em livro recente, o sociólogo Ricardo Antunes chamou a atenção para tal condição de trabalho como sendo “o privilégio da servidão”: diante da destruição dos direitos trabalhistas, da crise econômica e do alto índice de desemprego, só resta a milhares de trabalhadores o trabalho em plataformas como Uber Eats, Rappi, Ifood, James, entre outras, para garantir a sobrevivência de suas famílias.

Com o “Breque dos Apps” programado para amanhã, dia 1º de julho, os entregadores pretendem chamar a atenção para as jornadas extenuantes e a baixa remuneração dos aplicativos, além das exigências, metas e “jogos”, programados pelas plataformas, que os obrigam a permanecer mais tempo ligados num determinado aplicativo ou os submetem a punições inescrutáveis se não seguirem as exigências impessoais do “algoritmo”.

Ao mesmo tempo, enquanto escrevemos este editorial, as e os trabalhadores do Metrô de São Paulo enfrentam um ataque inédito do governo Doria (PSDB). Apesar de terem sido intensamente expostos ao novo coronavírus (e terem visto vários colegas adoecerem e dois recentemente perderem a vida por conta da Covid-19), os metroviários recebem, como recompensa por seu empenho, cortes em sua remuneração. Argumentando perda de receita, o governo privatista tucano anuncia que não apenas deixará de conceder qualquer reajuste em salários e benefícios, como também retirará conquistas de décadas da categoria, extinguindo ou reduzindo benefícios e mesmo contribuições patronais para o plano de aposentadoria. Trata-se de um ataque inaceitável que, na folha de pagamento deste mês, chega a arrancar até 40% da remuneração de alguns trabalhadores, como denuncia o Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Por isso, a categoria está mobilizada e pode entrar em greve também nesta quarta-feira ou nos próximos dias.

A paralisação dos entregadores de apps e a mobilização dos metroviários mostram o caminho. Governos e empresas deixam evidente que, diante da crise econômica e sanitária, sua disposição é atacar o nível de vida do povo e as conquistas dos trabalhadores. Por isso, nos próximos dias e meses, teremos que lutar. A esquerda precisa oferecer apoio decidido a tais mobilizações! Solidariedade ao “Breque dos apps” e à mobilização dos metroviários de São Paulo!


TV Movimento

O PL da Uber é um ataque contra os trabalhadores!

O projeto de lei (PL) da Uber proposto pelo governo foi feito pelas empresas e não atende aos interesses dos trabalhadores de aplicativos. Contra os interesses das grandes plataformas, defendemos mais direitos e melhores salários!

Greve nas Universidades Federais

Confira o informe de Sandro Pimentel, coordenador nacional de educação da FASUBRA, sobre a deflagração da greve dos servidores das universidades e institutos federais.

Lançamento: “A Alemanha da Revolução ao Nazismo: Reflexões para a Atualidade”, de Luciana Genro

O lançamento ocorre na quarta-feira (31), a partir das 19h, com um debate com Luciana Genro e Roberto Robaina. Assista!
Editorial
Israel Dutra | 14 mar 2024

Seis anos sem Marielle, seis anos sem justiça!

Neste 14 de março, mais uma vez exigimos: nem esquecimento, nem perdão para Marielle e Anderson!
Seis anos sem Marielle, seis anos sem justiça!
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 47
Nova edição com o dossiê “Feminismo: convergências, divergências e lutas”. Assine!
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição com o dossiê “Feminismo: convergências, divergências e lutas”. Assine!