Quando os social-democratas mandaram matar Rosa Luxemburgo

Rosa Luxemburgo era considerada por apoiantes e adversários como uma das melhores cabeças do socialismo internacional.

António Louçã 13 maio 2021, 16:33

Judia sem religião, polaca sem passaporte, militante socialista desde os 15 anos, doutorada em Zurique, naturalizada alemã mas internacionalista irredutível, dirigente política quando as mulheres ainda nem podiam votar, Rosa Luxemburgo era considerada por apoiantes e adversários como “uma das melhores cabeças do socialismo internacional”. Foi assassinada há cem anos, em 15 de janeiro de 1919, a mando dos seus antigos camaradas social-democratas.

Mais de cem anos depois, muitos milhares de pessoas continuam a manifestar-se em Berlim, invariavelmente no segundo domingo de cada mês de janeiro para evocar aquilo que foi na altura um magnicídio de primeira categoria: o assassínio de Rosa Luxemburgo e de Karl Liebknecht.

Para entendermos o alcance daquele duplo assassínio, temos de entender quem foi Rosa Luxemburgo e que importância teve para o Partido Social-Democrata alemão (SPD) e para a Segunda Internacional.

Uma meteórica carreira intelectual e militante

Rosa Luxemburgo era, desde havia duas décadas, a figura mais consistente na ala esquerda do SPD. Na viragem do século, tinha encabeçado o debate contra as propostas de Eduard Bernstein, que visavam converter o SPD num partido dedicado à reforma gradual do capitalismo – não mais à luta pelo socialismo. Fizera-o com tal vigor, nomeadamente no seu livro Reforma social ou revolução, que a velha direção do SPD, inicialmente inclinada a apoiar Bernstein, acabou por rejeitar as inovações que este propugnava.

Mais adiante, Rosa Luxemburgo desenvolveu as concepções esboçadas no seu livro anti-bernsteiniano, apresentando-as de forma mais sistematizada quando leccionou na escola do partido (onde teve como alunos alguns dos que mais tarde organizariam o seu assassínio). E apresentou-as sobretudo de forma mais sistematizada no livro A acumulação do capital, em que surge como uma economista marxista com a rara capacidade de examinar criticamente, corrigir em determinados aspectos e aprofundar a teoria marxiana original.

Entretanto, Rosa intervinha regularmente em todos os debates partidários, alertando contra as ilusões dos sindicalistas sobre o alcance da atividade reivindicativa, por ela denominada como um “trabalho de Sísifo” que, apesar de necessário, volta sempre ao ponto de partida. Alertava também contra a tentação do SPD para escolher os seus temas agitativos em função da respectiva utilidade eleitoral. E alertava contra o que classificava de “cretinismo parlamentar” – a ideia de que os deputados social-democratas pudessem conseguir em combinações de bastidores alguma melhoria significativa para a classe operária.

Contudo, a ala esquerda do SPD perdia terreno, lenta mas seguramente, para os burocratas sindicais e para os “bonzos” parlamentares, cada vez mais instalados no sistema que diziam combater. Contra essa involução silenciosa, Rosa Luxemburgo não conseguia impor-se da mesma forma que se impusera à audácia teórica de Bernstein.

Viu, por isso, a vaga revolucionária que em 1905 eclodiu no Império Russo como uma oportunidade para as perspectivas do movimento operário e para a sua própria vida. Contra o conselho dos amigos mais próximos, embarcou em dezembro para a sua Polónia natal e aí militou até ser presa em março de 1906. Depois de libertada, publicou as suas reflexões sobre a revolução com o título Greve de massas, partido e sindicatos.

Em 1910, reagiu à vaga de manifestações que reclamava o estabelecimento do sufrágio universal na Prússia recomendando o recurso à greve de massas, tal como ela surgira na Rússia em 1905-1906. Mais, preconizou um desenlace insurrecional para o movimento grevista e nisso invocou a partir de certa altura o exemplo contemporâneo da instauração da República portuguesa.

Sempre contra a guerra, sempre com a revolução

Baseada numa desenvolvida elaboração teórica sobre a natureza do capitalismo, Rosa Luxemburgo atribuía-lhe uma constante pulsão expansionista e uma tendência inerente para o militarismo e a guerra. Denunciou energicamente todos e cada um dos empreendimentos militares alemães – e foram vários, na China, em África, quase em Marrocos.

No momento em que o SPD decidiu apoiar a guerra da Alemanha contra as potências da Entente (Reino Unido, França e Rússia, principalmente), Rosa Luxemburgo convocou uma reunião dos militantes social-democratas que esperava críticos dessa decisão. Só conseguiu reunir um punhado deles.

Mas meteu ombros à mobilização das poucas forças que começavam a despontar e, passados quatro meses, pôde congratular-se com a primeira tomada de posição pública de um deputado contra a guerra – Karl Liebknecht. Assim que o desgaste causado pela grande carnificina começou a fazer-se sentir, Liebknecht tornou-se a grande figura pública do movimento antimilitarista e Luxemburgo a sua líder mais influente.

Ambos foram brutalmente neutralizados: Liebknecht foi despojado da imunidade parlamentar, enviado para a guerra e, depois, preso; Luxemburgo foi condenada a duas penas de prisão. No cumprimento dessas penas, viria a passar na cadeia três dos quatro anos da guerra. Só seria libertada com a revolução de 9 de novembro de 1918.

Na cadeia, Rosa Luxemburgo escreveu A crise da social-democracia, fustigando sem contemplações o SPD por ter aderido à política de guerra. Fê-lo sob o pseudónimo “Junius”, para não atrair sobre si mais alguma condenação judicial. O livro escrito na cadeia notabilizou-se por proclamar a alternativa “socialismo ou barbárie”, que rompia com a ideia determinista, de um socialismo considerado como desfecho inevitável da História da humanidade.

Nesse momento, Rosa Luxemburgo já deixara de ter ilusões sobre o que fora o seu partido e passara a proclamar que “a social-democracia se tornou um cadáver fedorento”. De um modo geral, eram praticamente todos os partidos da Segunda Internacional que tinham capitulado perante as políticas belicistas dos respectivos governos. Daí concluía Luxemburgo que era necessário construir novos partidos, unidos numa nova Internacional.

Também na cadeia, viveu entusiasticamente a Revolução Russa de Outubro. Em 1918, escreveu um livro que só viria a ser publicado vários anos depois, em que reiterava um forte aplauso à audácia de Lenine e Trotsky, embora depois procedesse a uma crítica severa da política bolchevique. Admitia que essa política estivesse a ser decidida num estado de necessidade, mas protestava contra os imitadores ocidentais do bolchevismo, entusiastas incondicionais que faziam “da necessidade virtude”.

Entre as frases que Rosa Luxemburgo utilizou na discussão da política bolchevique, houve uma que fez História: “A liberdade é sempre a liberdade de quem pensa de outro modo”. Setenta anos depois, os manifestantes leste-alemães marcharam contra o Muro de Berlim e contra a Stasi com esse lema inscrito nas suas faixas e cartazes.

O duplo assassínio que marcou uma época

Em 9 de novembro de 1918, a revolução que tinha começado no porto de Kiel estendeu-se a Berlim e derrubou a monarquia praticamente sem efusão de sangue. O levantamento popular obteve rapidamente a adesão das tropas.

Karl Liebknecht fora libertado em outubro, semanas antes da revolução, e estava em Berlim no momento de proclamar a república, a que chamou “república livre e socialista da Alemanha”. Rosa Luxemburgo foi libertada nesse dia e ainda teve de viajar até a capital.

Encontrou a cidade em ebulição, com as fábricas e os quarteis a elegerem organizações de tipo sovietista – os conselhos de operários e soldados. Nas intervenções públicas que teve a partir daí, passou a preconizar um governo dos conselhos, à semelhança do que sucedia na Rússia soviética. Em consequência, opôs-se energicamente à convocação de eleições para uma Assembleia Constituinte.

Em 5 de janeiro de 1919, quando se desencadeou em Berlim a sangrenta repressão contra a esquerda alemã, Rosa Luxemburgo decidiu permanecer na capital, contra os mandamentos elementares da prudência e os conselhos insistentes dos seus amigos mais próximos.

A quem lhe aconselhava refugiar-se em Frankfurt-am-Oder, ou noutra cidade mais segura, replicava, quase indignada, que os milhares de trabalhadores berlinenses não tinham onde refugiar-se e que abandoná-los no meio do massacre equivalia a uma deserção.

Mais do que qualquer dirigente do recém-fundado KPD (Partido Comunista da Alemanha), Luxemburgo era fácil de identificar. Mulher de pequena estatura, com uma fisionomia característica, com uma lesão de infância que a fazia coxear ligeiramente, ela era, a bem dizer, inconfundível à vista desarmada.

Algumas precauções tomadas, e o apoio de diversas famílias berlinenses, que a acolhiam para poder mudar de residência quase todas as noites, iam ser, obviamente, insuficientes para escondê-la durante muito tempo, se se obstinasse em permanecer na boca do lobo.

Eram, especialmente, insuficientes, porque circulava já entre os grupos paramilitares da contrarrevolução (Freikorps) a promessa de um elevado prêmio em dinheiro a quem a denunciasse ou abatesse – a ela, a Karl Liebknecht e ao representante oficioso da Rússia soviética em Berlim, Karl Radek.

A garantia de pagamento do prêmio era avalizada pela palavra do genro de Philip Scheidemann, um dos primeiros ministros social-democratas num Governo da monarquia agonizante, e logo a seguir um dos primeiros num Governo da república nascente. Scheidemann fora camarada de Rosa Luxemburgo durante duas décadas nas fileiras do SPD.

As decisões estratégicas do “terror branco” foram tomadas entre Friedrich Ebert, antigo aluno de Rosa na escola do partido, promovido a líder do SPD após a morte de August Bebel, e o quartel-mestre-general Wilhelm Groener, em contato telegráfico e depois em telefonema secreto, logo no segundo dia da revolução, em 10 de novembro de 1918.

Perante a proclamação da república, que não conseguira evitar, Ebert assumia, contrariado, o cargo de chanceler; e Groener prometia o apoio dos militares ao novo governo, depois de se ter assegurado que este estava empenhado em combater o “bolchevismo”. Não era difícil obter garantias de Ebert, que, segundo ele próprio, odiava a revolução “como a peste” (ou, segundo outras versões, “como o pecado”). Muito disto viria a ser testemunhado por Groener em 1925, com uma candura desconcertante, no chamado processo da “punhalada nas costas” (Dolchstossprozess).

As decisões táticas mais detalhadas do mesmo “terror branco” foram tomadas por um dos homens de confiança de Ebert, o ministro social-democrata Gustav Noske – o mesmo que se justificava dizendo que “alguém tem de fazer o trabalho sujo”.

O verdadeiro organizador do duplo assassínio foi o capitão Waldemar Pabst, que o general Ludendorff considerava “um dos mais capazes oficiais do Estado-Maior” e que Noske classificava como “brilhante mas sem escrúpulos”. Fora chamado a Berlim com a sua Divisão da Guarda de Cavalaria, que ele de fato estava a comandar por impedimento de saúde do general Hoffmann.

Para uma reconstituição histórica de 1960[1], o jornalista da ARD Dieter Ertel pôde ainda entrevistar Pabst. Nessa altura lhe contou o antigo oficial como decidira que, além de Liebknecht, tinha também de fazer assassinar Rosa Luxemburgo.

Segundo declarou ao jornalista, Pabst foi a certa altura visitado por um tenente-coronel, que recebeu com a deferência devida a um superior hierárquico. E ficou chocado por ouvir desse oficial sênior a confissão de que presenciara um discurso de Rosa Luxemburgo e que o fascinara a seriedade dos seus argumentos e das suas razões. Segundo Pabst, foi esse o momento em que o plano homicida ganhou contornos no seu espírito.

Em 15 de janeiro de 1919, Karl Liebknecht e Rosa Luxemburg foram localizados graças à delação de informadores e levados para o Hotel Eden, onde funcionava o quartel-general da Divisão da Guarda de Cavalaria. Liebknecht foi interrogado por Pabst, entregue a dois oficiais da Marinha, os irmãos Pflukg-Hartung, e depois assassinado a tiro pelo tenente Rudolf Liepmann (ou, segundo uma outra versão, pelo próprio capitão Pflugk-Hartung). Chamado à responsabilidade perante um tribunal militar, este justificou-se alegando, em todo o caso, uma das habituais “tentativas de fuga”.

Luxemburgo foi igualmente interrogada por Pabst, que depois contactou telefonicamente com o ministro social-democrata Gustav Noske e obteve dele a luz verde para o duplo assassínio. Foi então levada para um automóvel à guarda do tenente Kurt Vogel, agredida à coronhada pelo soldado Otto Runge, embarcada na viatura já inconsciente, depois abatida a tiro pelo tenente Hermann Souchon e lançada no Landwehrkanal, onde meses depois apareceu um cadáver que se supôs ser o seu.

Como o estado de inconsciência em que foi levada fora testemunhado por muita gente concentrada em frente do Hotel Eden e não permitia alegar uma “tentativa de fuga”, Pabst declarou perante o tribunal militar que Luxemburgo fora arrancada das mãos dos seus guardas por uma multidão enfurecida, raptada e provavelmente morta por essa multidão.

Invocando a proteção do “bom nome” de Souchon, os tribunais alemães proibiram a imprensa, já depois da Segunda Guerra Mundial, de citar os testemunhos que atribuíam a esse oficial o disparo fatal contra Luxemburgo. Mas, após a morte de Souchon, Ertel pôde finalmente ver emitida a segunda parte da sua reportagem, sempre obrigado a acrescentar-lhe a ressalva de se tratar de uma “interpretação histórica”.

Entretanto, numa entrevista publicada em Der Spiegel[2] em 1962, Pabst envolveu-se em diversas contradições, afirmando por um lado que apenas dera ordens para Rosa e Karl serem conduzidos à prisão de Moabit, vangloriando-se por outro lado de ter mandado executá-los, e recusando finalmente responder à pergunta direta: “Não foi você mesmo quem mandou matá-los a ambos?”.

A uma outra pergunta, sobre o motivo de não ter entregado Luxemburgo, Liebknecht e um outro prisioneiro, Wilhelm Pieck, ao juiz de um tribunal marcial, que teoricamente seria o único competente para ordenar execuções ao abrigo do estado de sítio, Pabst respondeu que “não era fácil encontrar o juiz de um tribunal marcial numa noite de revolução, no que mesmo assim ainda era uma cidade muito revolucionária”. E logo acrescentou: “Além disso: para que é que o homem ia servir-me?”.

Epílogo

Leo Jogiches, que fora durante muitos anos o companheiro de Rosa Luxemburgo, ficou como principal dirigente sobrevivo do KPD e empenhou-se fortemente em investigar o crime. Conseguiu obter um documento fotográfico sensacional, onde são reconhecíveis vários assassinos de Rosa e Karl, no Hotel Eden, na noite do crime, a festejarem a façanha.

A polícia, alarmada pelas revelações comprometedoras de Jogiches, deu a máxima prioridade à sua captura. Quando conseguiu capturá-lo, internou-o na prisão de Moabit e depois matou-o também, em mais uma alegada “tentativa de fuga”.

Algum tempo depois, a vaga de indignação contra os assassínios de Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht obrigou as Forças Armadas a encenarem um simulacro de julgamento. A maior parte dos réus foi absolvida, com as exceções do tenente Vogel e do soldado Runge – o primeiro condenado a quatro meses, o segundo a dois anos de prisão.

O soldado Runge era um mentecapto que se prestava ao papel de bode expiatório e foi sacrificado pela hierarquia e pelos co-réus, como se verificava ainda, 43 anos depois, na citada entrevista de Pabst. Em consequência, foi Runge o único que de algum modo cumpriu parte da pena. Ao tenente Vogel, Noske rapidamente mandou facilitar a fuga da cadeia e o exílio na Holanda. Quando Vogel se fartou de viver no exílio, foi amnistiado para poder regressar.

O principal responsável operacional do crime, capitão Pabst, foi chamado ao julgamento apenas como testemunha. Só no ano seguinte, 1920, ao envolver-se ativamente no fracassado putsch de Kapp-Lüttwitz, teve de pagar esse envolvimento exilando-se na Áustria. Com a experiência que acumulara no Freikorps, rapidamente se tornou um quadro fundamental da milícia austrofascista, a Heimwehr.

Mais identificado com os fascismos italiano e austríaco, Pabst nunca chegou a ser um nazi no pleno sentido da palavra, mas prestou aos nazis alguns serviços importantes, como o de organizar o exílio de Hermann Göring na Áustria, após o fracasso do “putsch da cervejaria” em 1923.

Com relações desenvolvidas na Heimwehr austríaca, Pabst fez depois a sua vida no tráfico de armas. No imediato pré-guerra e na Segunda Guerra Mundial, esteve à frente de uma fábrica de armas em Solothurn, na Suíça, que mantinha fortes ligações com Portugal e tinha como sócio Hans Eltze, um engenheiro nazi que chegou a ser amigo pessoal de Salazar.

No pós-guerra, Pabst pôde regressar à Alemanha Federal e beneficiar do clima de Guerra Fria. Em Bona, o discurso oficial deixou de referir-se ao assassínio de Luxemburgo e Liebknecht e passou a designá-lo como “execução ao abrigo da lei marcial” – ignorando, como vimos atrás, a circunstância de nenhum juiz ter sentenciado uma pena de morte, mesmo num sempre questionável tribunal de exceção. Fiel ao seu passado fascista, Pabst participou até à morte no mais importante partido da extrema-direita na Alemanha desse tempo, o NPD.

Uma figura fundamental para proteger os membros do comando que assassinara Rosa e Karl foi o capitão-tenente Wilhelm Canaris, que na qualidade de juiz do tribunal militar tudo fez para encobrir os envolvidos. Canaris chegaria mais tarde ao posto de almirante e viria a ser o chefe do serviço secreto militar de Hitler, a Abwehr. Mas em 1944, com fundamento ou sem ele, foi conotado com o complot de 20 de julho e, em consequência, enforcado por ordem do mesmo Hitler.

O procurador militar Paul Jorns protegeu tenazmente os réus contra qualquer interrogatório mais cerrado. Foi decisivo para obter as absolvições de quase todos e a benevolência das duas sentenças condenatórias. Veio a ser posteriormente o procurador principal no “Tribunal do Povo” da Alemanha nazi.

O antigo adversário de Luxemburgo, Eduard Bernstein, que entretanto rompera com os “socialistas majoritários”, mandantes do assassínio, afirmou a propósito do assassínio: “Com ela, o socialismo perdeu uma lutadora imensamente talentosa, que poderia ter prestado à República serviços inestimáveis se uma falsa avaliação das possibilidades não a tivesse colocado no campo dos que se iludiam com uma política de violência”.

Também Lenine se referiu a Rosa Luxemburgo em termos invulgarmente elogiosos para a sua pena. Em 1921, quando o dissidente comunista Paul Levi invocou a autoridade de Rosa contra o poder dos sovietes, Lenine replicou-lhe com palavras que ficaram na História.

Segundo o líder bolchevique, a Paul Levi “responderemos com a citação de duas linhas de uma fábula russa, ‘as águias podem por vezes voar mais baixo do que as galinhas, mas as galinhas nunca se elevarão à altura das águias’. Rosa Luxemburgo (…), apesar dos seus erros, foi e para nós continua a ser uma águia (…). E, claro, no pátio traseiro do movimento operário, no meio do esterco, galinhas como Paul Levi, Scheidemann, Kautsky e toda a sua confraria hão-de cacarejar sobre os erros cometidos pela grande comunista”.


[1] https://www.youtube.com/watch?v=fh4ZO6NRsUY

[2] https://www.spiegel.de/politik/ich-lies-rosa-luxemburg-richten-a-398e7863-0002-0001-0000-000045139766?context=issue


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