O maior sindicato de professores de Hong Kong a ser dissolvido após a pressão do governo e da mídia estatal chinesa
Reprodução

O maior sindicato de professores de Hong Kong a ser dissolvido após a pressão do governo e da mídia estatal chinesa

Fundado em 1973, o Diário Popular Chinês e o telejornal chinês Xinhua criticaram o sindicato como um “tumor venenoso” que deve ser “erradicado”.

Candice Chau 12 ago 2021, 18:23

Fundado em 1973, o Diário Popular Chinês e o telejornal chinês Xinhua criticaram o sindicato como um “tumor venenoso” que deve ser “erradicado”.

O Sindicato dos Professores Profissionais de Hong Kong (HKPTU) anunciou sua dissolução na terça-feira 10.

O HKPTU, com mais de 95.000 membros, era o maior sindicato de professores da cidade, representando mais de 90 por cento da profissão.
Ele vem depois que a Secretaria de Educação anunciou sua decisão de eliminar todos os vínculos com o sindicato em 31 de julho – horas depois que o grupo ficou sob fogo na mídia estatal chinesa.

Um porta-voz do governo de Hong Kong acusou-o então de “arrastar as escolas para a política”, fazendo referência à sua organização de uma greve de professores durante o Umbrella Movement 2014 da cidade e a publicação de materiais didáticos promovendo a desobediência civil.

“Sentimos uma enorme pressão”, disse o presidente da HKPTU, Fung Wai-wah, aos repórteres durante a coletiva de imprensa de terça-feira. “Entendemos que muitos membros têm uma profunda conexão com o sindicato, e nos sentimos tristes com a dissolução da HKPTU”.

Fung Wai-wah acrescentou que o sindicato havia tentado arduamente encontrar maneiras de continuar suas operações, mas ainda assim não conseguiu encontrar maneiras que “pudessem resolver a crise”.
“Só posso dizer que a situação social e política mudou muito rápido e muito rápido, e nossa decisão foi tomada em resposta a essas mudanças”, disse Fung Wai-wah.

Após o anúncio de terça-feira, um funcionário de um dos centros de serviços da HKPTU disse à HKFP que havia muitas vezes filas de espera para seus serviços, mas as coisas estavam mais ocupadas nos últimos dias.
A decisão foi aprovada por unanimidade em uma reunião do conselho executivo na segunda-feira 9 à noite.

Quinze dias de pressão

Desde a declaração do governo, o sindicato de 48 anos deixou a Confederação dos Sindicatos de Hong Kong (HKCTU) e a Education International (EI), uma rede global de sindicatos de educadores.

A HKPTU também prometeu “concentrar-se nos direitos e interesses do setor educacional” após a decisão do governo, e também criou um comitê de trabalho para promover a história e a cultura chinesa a fim de fomentar “afeição pelo lar e pelo país” entre os estudantes.

A lei de segurança, promulgada por Pequim em junho passado (2020), provocou um arrepio entre os grupos da sociedade civil, com várias dissoluções ao todo. Em julho, o progressivo Grupo de Advogados, a Progressive Teachers’ Alliance, o grupo médico Médecins Inspirés e o NeoDemocratas cessaram suas operações.

A HKPTU deixará de processar novas solicitações e renovações de filiação, e deixará de comentar ou participar de assuntos públicos, disse na terça-feira 10. O ramo de direitos e reclamações da HKPTU também deixará de aceitar novos casos e consultas, mas Fung Wai-wah disse que o sindicato terá como objetivo concluir os casos existentes o mais rápido possível.

O direito de formar e aderir a sindicatos é protegido pela Lei Básica, pela Lei de Direitos de Hong Kong e pela lei de segurança nacional.

Artigo originalmente publicado em Europe Solidaire. Reprodução da tradução realizada pelo Observatório Internacional do PSOL.


TV Movimento

PL do UBER: regulamenta ou destrói os direitos trabalhistas?

DEBATE | O governo Lula apresentou uma proposta de regulamentação do trabalho de motorista de aplicativo que apresenta grandes retrocessos trabalhistas. Para aprofundar o debate, convidamos o Profº Ricardo Antunes, o Profº Souto Maior e as vereadoras do PSOL, Luana Alves e Mariana Conti

O PL da Uber é um ataque contra os trabalhadores!

O projeto de lei (PL) da Uber proposto pelo governo foi feito pelas empresas e não atende aos interesses dos trabalhadores de aplicativos. Contra os interesses das grandes plataformas, defendemos mais direitos e melhores salários!

Greve nas Universidades Federais

Confira o informe de Sandro Pimentel, coordenador nacional de educação da FASUBRA, sobre a deflagração da greve dos servidores das universidades e institutos federais.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 21 abr 2024

As lutas da educação e do MST indicam o caminho

As lutas em curso no país demonstram que fortalecer a classe trabalhadora é o único caminho para derrotar a extrema direita
As lutas da educação e do MST indicam o caminho
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 48
Edição de março traz conteúdo inédito para marcar a memória da luta contra a repressão
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Edição de março traz conteúdo inédito para marcar a memória da luta contra a repressão