Colômbia: as comunidades iniciam a caravana humanitária em Chocó frente a presença de grupos armados
Alertam sobre a militarização do território e propõem a criação de um refúgio humanitário para as vítimas de desalojamentos.
Membros das comunidades do rio San Juan e seus afluentes, no departamento de Chocó (noroeste da Colômbia), iniciaram na segunda-feira uma caravana humanitária de vida e permanência no território deste curso do rio para alertar sobre a crise que enfrentam devido à militarização do território e ao aprofundamento do conflito social e armado.
Os participantes da caravana partiram na segunda-feira de Itsmina e Bajo Calima em uma viagem de barco por vários vilarejos que durará até 15 de outubro.
A jornada serve para denunciar violações sistemáticas dos direitos humanos e do direito humanitário internacional.
Ela também procura chamar a atenção do Estado colombiano, da sociedade civil e da comunidade internacional para a dramática situação humanitária na região.
Além disso, apoia o desenvolvimento de um abrigo humanitário para vítimas de deslocamento forçado que ainda não puderam retornar a seus territórios.
Grupos participantes, como o Proceso de Comunidades Negras (PCN) e a Guardia Cimarrona, denunciaram que além dos grupos militares, paramilitares, membros da insurgência do Exército de Libertação Nacional (ELN) e dissidentes das ex-Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) também estão operando na área.
Segundo as organizações, os confrontos entre os atores armados levaram ao deslocamento forçado de mais de 900 famílias negras e indígenas, bem como ao desaparecimento e assassinato de crianças e líderes sociais.
Na opinião de Edgar Chávez, porta-voz da associação nacional de colombianos desalojados, a caravana pode ter um impacto no fim do assédio às comunidades, que também sofrem o confinamento e são impedidas de acessar suas fontes de renda e alimentos.
Para o coordenador da Guarda Cimarrona em Chocó, Jeison Mosquera, a situação da ordem pública no departamento está ligada ao abandono das comunidades pelo governo do presidente Iván Duque.
Anteriormente, comunidades em Chocó denunciaram o assédio por grupos armados, inclusive em meio à Covid-19 ou às inundações que ocorreram em áreas de Bajo e Medio San Juan. Além dos bombardeios do exército nacional, a colocação de minas terrestres em estradas também tem sido denunciada.
Segundo a mídia local, o curso do rio San Juan é utilizado por grupos armados ilegais como corredor para o tráfico de armas e drogas.
Artigo originalmente publicado em Resumen Latinoamericano. Reprodução da tradução realizada pelo Observatório Internacional do PSOL.