Para onde vai o PSOL?

Para onde vai o PSOL?

Para onde caminha o PSOL e quais são as tarefas para o próximo período.

O voto é tático

Lenin sempre defendeu máxima flexibilidade na tática, absoluta rigidez nos princípios.  O debate do voto, entre os revolucionários sempre foi um debate tático. No decorrer dos anos, conforme as condições os revolucionários optaram em lançar candidatos próprios, ou votarem em reformista ou mesmo candidatos burgueses.   

Nesse contexto o PSOL ter candidatura própria na eleição ou votar no Lula podemos considerar uma decisão tática. Nós do MES fizemos um duro combate para o PSOL ter candidatura própria a presidente e junto com 42% do PSOL defendemos a candidatura do deputado federal Glauber Braga

Mas como afirmamos acima a decisão de não ter candidatura própria e votar em Lula é uma decisão tática. O próprio Nanhuel Moreno afirma no livro, Partido e a Revolução: 

“O que sim é uma traição é apoiar eleitoralmente uma frente popular ou um movimento nacionalista burguês sem denunciar que sua existência é uma traição ao movimento operário. Ou seja, o voto em si é para nós um problema tático e não principista; o que é principista é a política, e esta deve ser de denúncia implacável de qualquer frente popular ou nacionalista onde a classe operária esteja, como uma traição dos partidos operários reformistas que a promovem”

Afirmar que é uma decisão tática lançar candidatura no primeiro turno na eleição brasileira, não significa que seja um debate de menor importância. Os erros táticos podem ser desastrosos para uma organização e podem levar a sua destruição.  Por exemplo a decisão do Secretariado Unificado, em 1969, em seu Nono Congresso, em favor da tática de guerrilhas levou a destruição de várias seções da internacional e a morte de vários quadros dirigentes.  Outro exemplo de erro tático foi o PSTU não aprofundar a política do “novo partido”, na época da expulsão de Luciana Genro, Babá, Heloisa Helena e João Fontes do PT.  O PSTU poderia ter cumprido um papel fundamental na reorganização da esquerda que culminou com a formação do PSOL.   Então erros táticos tem consequências e podem ter impactos de longo prazo nas organizações socialistas. 

Consideramos um erro tático grave o PSOL não lançar pela primeira vez candidatura própria a presidente. A tática em nada prejudicaria a tarefa central nossa que é derrotar nas eleições Bolsonaro, ao contrário daríamos uma opção anticapitalista para o setor da juventude e dos trabalhadores que não se sentirem representados pelas propostas da chapa Lula/Alckimin.   Esse erro dificulta o PSOL aglutinar um campo anticapitalista e ir construindo a oposição de esquerda a um possível governo Lula. Também dificulta que o PSOL divulgue seu programa para o conjunto da população brasileira, em um momento privilegiado que são as eleições. 

A Política Liquidacionista do Partido

A política defendida pela maioria da direção do PSOL representada pela Primavera e pela Revolução Solidária vai muito além de um voto, em Lula. O que esses setores defendem é uma integração do PSOL na Frente Popular, no primeiro momento construindo um programa comum na candidatura Lula e participando da coordenação da campanha, para depois entrar no governo Lula/Alckimin. 

Essa política fica claro no próprio site do PSOL que reproduz a declaração de Juliano Medeiros, presidente do PSOL: 

“A união da esquerda em torno da candidatura de Lula é sem dúvida a melhor tática para derrotar Bolsonaro. Estamos felizes e esperançosos com essa decisão. Na semana que vem já iniciaremos as conversas para participar do conselho político da campanha e da coordenação do programa de governo”, afirma Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL.”  Além disso foi construído um acordo com 12 pontos com o PT que não foi submetido a conferencia eleitoral e nem votado pela executiva nacional do PSOL, em clara violação a democracia interna do partido.  

Bandeiras históricas do partido como não pagamento da dívida externa, reestatização de empresas privatizadas, revogação da reforma da previdência, direito ao aborto não entraram nos 12 pontos. Apesar disso, Guilherme Boulos comemorou no Twitter: 

“Psol e PT chegam a acordo em 12 pontos para o Programa Lula 2022! Após dois meses de debate, texto prevê revogação do Teto de Gastos e da Reforma Trabalhista e uma série de agendas populares”, escreveu Guilherme Boulos no Twitter . https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2022/04/pt-e-psol-avancam-em-plano-de-governo-e-apoio-a-candidatura-lula/ )

Quem assina um programa comum e compõe uma coordenação de campanha está integrada dentro da frente popular e está preparando a participação de um futuro governo Lula.   O anuncio feito por Lula que pretende que Boulos seja o candidato da esquerda para prefeitura de São Paulo, em 2024 demonstra que o projeto em andamento não termina com o resultado da eleição. 

O projeto caso implementado vai mudar o caráter do PSOL e o transformar em um satélite do PT como hoje é o PCdoB. O próprio motivo que levou a formação do PSOL deixará de existir.  Não exagerada a afirmação que a própria existência do PSOL está em risco no próximo período. 

A política omissa da direção da Resistencia. 

Infelizmente a direção da Resistência por omissão tem sido conivente com a política liquidacionista do partido, implementada pela Revolução Solidaria e pela Primavera. Isso ficou claro quando a resistência votou contra a resolução apresentada pela esquerda do PSOL que deixava claro a proibição da participação de um futuro governo Lula/Alckmin. 

A omissão fica claro quando não vemos uma crítica a Boulos ou Juliano Medeiro por participar da coordenação de campanha e construir um programa em comum com o PT.  Ao contrário a Resistencia considera a conferencia eleitoral do PSOL uma grande vitória.  Engana sua própria militância quando não fala nada dos 12 pontos construídos junto com o PT e quando não comenta a participação da coordenação de campanha. E diz que uma resolução genérica garante a não participação no governo Lula não explicando porque votou contra a resolução que proibia explicitamente a participação do novo governo. 

O próprio Moreno deixa isso claro quando afirma que é princípio denunciar de forma implacável a frente popular. Em 1964 o Secretariado Unificado não teve nenhum problema que expulsar sua única organização de massas na Internacional, o Lanka Sama Samaja Party do Ceilão, foi expulso após aderir a um governo de coalização naquele país. A própria DS foi afastada do Secretariado Unificado por recusar entregar os cargos que tinha no governo Lula. 

Está claro que o desacordo com a direção da resistência ultrapassou um desacordo tático, hoje atua contra os princípios do trotskismo.  Os fatos me deixam claro como foi acertada minha decisão de romper com a Resistência e entrar no Movimento Esquerda Socialista.  Apesar da diferença naquele momento ser basicamente tática, ela demonstra o rumo para onde apontava a direção da resistência. Mantenho meu respeito pelos inúmeros quadros sérios que militam na resistência, mas a política aplicada pela direção da resistência hoje contribui para integração do PSOL a Frente Popular. 

As Tarefas para o próximo período

A nossa maior tarefa é derrotar o Governo Bolsonaro. O fim do governo Bolsonaro significará uma grande vitória das massas, mesmo que isso aconteça no terreno eleitoral.   Infelizmente nas eleições isso não se dará no primeiro turno com a candidatura própria do PSOL Nesse sentido devemos indicar voto em Lula, mas deixando claro que seu programa não resolve o problema da maior parte da população.  Além disso mostrar que o apoio de grandes setores da burguesia a chapa Lula/Alckmin mostra como não haverá nenhuma ruptura com os status quo atual. 

Nós  estamos  inseridos no conjunto de lutas que estão acontecendo pelo país.  Está acontecendo uma luta histórica dos trabalhadores da CSN, em várias prefeituras o funcionalismo municipal está em luta, a luta das opressões cada vez ganha mais peso na população. O exemplo disso foi a questão do racismo no metro e na câmara municipal. 

A eleição dos candidatos ao parlamento do MÊS é fundamental. Nos candidatos devem expressar as bandeiras históricas do PSOL que não estarão representadas na chapa Lula/Alckimin e serão os tribunos das lutas que estão acontecendo.  

Nos manter fora da frente popular, mas dialogando com os trabalhadores que estão animados com uma possível vitória de Lula é fundamental para enfrentar um grande desafio que é evitar que o PSOL se transforme em um satélite do PT. Essa batalha será dura, mas seu resultado terá um impacto profundo em toda a esquerda socialista. 


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