Discurso de ódio do bolsonarismo provoca escalada na violência em período pré-eleitoral
Parlamentares do PSOL repudiam atos de extremistas e prestam solidariedade por morte de militante petista.
A radicalização da extrema direita brasileira, que vinha escalando nas últimas semanas, agora inclui um episódio mais triste e perigoso. No último sábado (9), o guarda municipal Marcelo Arruda foi assassinado a tiros por um militante bolsonarista, em Foz do Iguaçu (PR).Conforme testemunhas, Arruda festejava seus 50 anos em um clube. A festa tinha como tema o ex-presidente e pré-candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva. Por volta das 23h, o agente penitenciário Jorge José da Rocha Guaranho invadiu o evento e começou a xingar os presentes, gritando “aqui é Bolsonaro”. Após ameaças, disparou pelo menos duas vezes contra o aniversariante.
A deputada federal paraense Vivi Reis lembrou que o assassinato não foi um caso isolado de violência neste período pré-eleitoral.“Muito grave o que ocorre no Brasil, com a escalada da violência política promovida por seguidores de Bolsonaro: drones com cocô, ataque ao carro do juiz, explosivos e agora um assassinato. O ódio bolsonarista não pode ficar impune. A retomada do ambiente democrático é uma urgência!”, advertiu, no Twitter.A parlamentar se refere a fatos ocorridos recentemente. Um evento do PT e do PSD, em Uberlândia (MG), foi alvo de um drone de pulverização agrícola que borrifou fezes e urina nos participantes, em 15 de junho. Em 7 de julho, o carro que o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal, dirigia sofreu ataque de um grupo de manifestantes bolsonaristas logo ao sair de casa. O veículo do magistrado – que autorizou a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, por corrupção no MEC – foi alvejado por ovos, fezes de animais e terra. No mesmo dia, um artefato explosivo foi arremessado contra os presentes em um comício do ex-presidente Lula, no Rio de Janeiro.
Discurso de Bolsonaro incita ódio às esquerdas
O deputado distrital Fábio Felix atribui o episódio à postura belicosa de Jair Bolsonaro.“O discurso antidemocrático e fascista de Bolsonaro incentiva a morte e gera gatilhos que resultam em tragédias como a de Foz do Iguaçu. O assassino que invadiu a festa do Marcelo Arruda teria gritado ‘aqui é Bolsonaro’, segundo depoimentos de testemunhas registrados no B.O.”, escreveu, em suas redes sociais.
Felix ainda destacou que o ódio político de Bolsonaro e o alto escalão de seu governo é dirigido não apenas a um partido político, mas contra a esquerda de forma geral.“Todos que defendem a vida precisam dar um basta nessa violência política e criminalização da esquerda brasileira, antes que mais vidas sejam perdidas”, preveniu o deputado do PSOL do DF.A deputada federal Sâmia Bomfim relembrou que Bolsonaro sempre incentivou a violência política em seus discursos.“‘Vamos botar ponto final em todos os ativismos do Brasil’, ‘Vamos fuzilar a petralhada.’ São frases de quem não só autoriza, mas incentiva a violência política como conduta. Temos que derrotar esse traste, e seguir a luta para enterrar de vez o movimento que lhe sustenta”, afirmou.
A deputada Fernanda Melchionna, do PSOL gaúcho, qualificou o caso como “assassinato político”.“Muito grave. Mais um assassinato político. Marcelo Arruda foi vítima da violência política e do ódio bolsonarista. Mais do que nunca devemos nos unir para defender as liberdades democráticas e a vida. Toda solidariedade aos companheiros do PT, aos amigos e familiares de Marcelo”, escreveu.