A hora da verdade
Nas próximas semanas, vamos lutar pela derrota e Bolsonaro no primeiro turno e pela ampliação da bancada do PSOL.
Bolsonaro colocou sua tropa em ação no dia 7 de setembro. Lula segue liderando as pesquisas com boa folga, apesar de números insuficientes para definir a eleição já no primeiro turno. Restando ainda pouco tempo para 2 de outubro, quais são os desafios prioritários dos próximos dias?
A eleição ainda não comove a maioria do povo brasileiro, sem uma ação ou onda democrática consciente. Mas na medida em que se aproxima, as atenções aumentam e uma parcela, contada em alguns milhões de pessoas, sabe que se trata de uma eleição determinante para o futuro. Tal parcela é consciente, por exemplo, de que a reeleição de Bolsonaro é uma tragédia nacional como não se vê há muitas década. Por isso, estará atenta de um jeito ou de outro com disposição latente de ir às ruas. Aproveitar-se desse espírito é fundamental para reforçar a mobilização na reta final para uma vitória de Lula no primeiro turno e a eleição de uma importante bancada de deputados e deputadas do PSOL ao congresso e às assembleias estaduais.
Bolsonaro quer um regime autoritário
A violência tem escalado ao longo da campanha eleitoral. O deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia protagonizou um ataque hostil contra a jornalista Vera Magalhães durante o debate entre candidatos ao governo de São Paulo da TV Cultura, emulando os ataques que Bolsonaro fizera contra a mesma jornalista no debate presidencial. A violência política é uma das faces do projeto autoritário de Bolsonaro, mas a resposta à agressão contra a jornalista mostra que há energias contra a barbárie.
Além da violência, Bolsonaro pretende aprofundar o ajuste contra o povo. A última notícia do governo foi o corte de recursos para o programa Farmácia Popular para viabilizar o orçamento secreto, mesmo sendo alertado por técnicos do ministério da saúde dos riscos de desabastecimento de remédios, voltados para os mais pobres. Para conquistar seus objetivos, Bolsonaro precisa atuar sobre três dimensões: organizar a agitação de sua base social, que é ampla e está mais coesa; chegar ao segundo turno; e, por fim, criar uma campanha de desestabilização das pesquisas e das urnas, para contestar o resultado num eventual (e até aqui, mais provável) cenário de derrota.
Essa disputa é central e vai condicionar o patamar da luta política nos próximos anos. Tanto do ponto de vista do cenário nacional, já que mais quatro anos de Bolsonaro poderiam resultar numa desmoralização do ativismo e uma ação autoritária só poderia existir no marco uma derrota histórica da classe trabalhadora. No cenário regional, o Brasil tem grande importância em uma conjuntura contraditória, na qual o pêndulo político oscila entre vitórias democráticas, como a da Colômbia, e o fortalecimento da extrema-direita em muitos países. Nesta polarização, depois de vitórias da direita, nos últimos anos, desde 2019, temos visto no continente mais contestação e até insurreições com reflexo nas eleições. O Brasil ficou fora deste ascenso forte nas ruas, mas a experiência com a extrema-direita tem sido importante. Por isso, o resultado da eleição de outubro será muito importante o continente e para o mundo.
Fortalecer a mobilização na reta final
Não há outra saída senão entrar de cabeça na mobilização de ruas e redes. Mesmo sendo uma campanha sem grandes comícios e concentrações populares centralizadas, é preciso ampliar o fôlego das atividades, multiplicando as panfletagens e agitações nos locais de moradia, estudo, trabalho, compras e grande circulação. Ir aos bairros e bater de casa em casa, para levar nossa proposta e nosso programa. Agora é o tempo de esforço concentrado.
Ao mesmo tempo, é necessário defender nossas posições, denunciando a ação dos fascistas e colocando o bloco na rua para disputar os votos de indecisos, dos céticos e dos eleitores de Ciro Gomes para impulsionar a hipótese de Lula vencer no primeiro turno.
O papel do PSOL
O PSOL tem um histórico, visto por um amplo setor da vanguarda social e minoritários setores de massas, como um projeto de coerência e luta: apesar das dificuldades, sua bancada tem tido uma ação combativa de enfrentamento ao bolsonarismo. Esse perfil permite ao partido participar da luta eleitoral de forma independente, ainda que sem um programa nacional unificado.
Nas próximas semanas, estará em questão a possibilidade de fortalecer essa trincheira, ampliando nossa bancada e preparando uma luta, que será prolongada, contra o bolsonarismo e a extrema-direita.