Lula é o voto útil para o Brasil

Lula é o voto útil para o Brasil

Combinado com uma bancada anticapitalista.

Leandro Fontes 21 set 2022, 15:05

A pesquisa Ipec (19/09/2022) é contundente ao registrar que se eleição presidencial fosse nesse momento, Lula estaria eleito no 1º turno. Esse dado não é pouco na perspectiva da derrota eleitoral de Bolsonaro e do enfraquecimento do bolsonarismo na sua espinha dorsal. Pelo contrário, os 47% de Lula, sendo 52% em votos válidos, contra os 31% de Bolsonaro deve servir de catapulta para a vanguarda de esquerda e setores conscientes do povo virar votos decisivos nessa reta final.

A maré está favorável para esse fim, Bolsonaro já gastou praticamente todas as munições que tinha em mãos: aumentou o Auxílio Brasil; mobilizou sua tropa no 7 de setembro; entregou o famigerado orçamento secreto nas mãos do Centrão. Talvez, a saída do bolsonarismo, será, mais uma vez, questionar a validade das urnas eletrônicas. Todavia, está claro que essa narrativa desesperada não conserva força para deslocar frações da classe dominante ao seu favor. Paralelamente Ciro começa desidratar, sua campanha com pouco objetivo coletivo passa por uma crise de morte, já que Ciro se converteu numa espécie de alavanca de parte dos ataques do bolsonarismo contra o Lula. Mas, não só. Os 7% de Ciro, caso se mantenham cristalizados, ajudam Bolsonaro chegar no 2º turno. Tal como os 5% de Tebet. Porém, a candidata do MDB, mesmo com um teto baixo, está em ascensão e Ciro, por sua vez, reduziu 1 ponto percentual.

Acontece que a candidatura de Tebet reúne partidos da direita liberal que tem como objetivo negociar no 2º turno e Ciro Gomes, cada vez mais sozinho, segue afirmando que quer ganhar a eleição. O delírio de Ciro só pode levar a duas consequências: Bolsonaro no 2º turno ou, até mesmo, a desmoralização de seu nome numa possível migração massiva do chamado “voto útil” para Lula vencer no dia 02 de outubro. De tal forma, é necessário “sangrar” Ciro para derrubar Bolsonaro nas urnas.

Contudo, tirar votos “progressistas” de Ciro não deve ser a única tática nesse momento. Há ainda pelo menos 5% de eleitores, segundo a pesquisa Ipec, que pretendem deixar em branco ou anular o voto. A maré do “voto útil” anti-Bolsonaro ou anti-Fascista precisa se transformar numa onda avassaladora nos próximos dias e conquistar o eleitorado cirista, além dos indecisos e dos céticos com a velha política. Quer dizer, a “onda democrática” que até aqui não apareceu como tal precisa chegar como um tsunami nessa reta final para encaixotar e quebrar as pernas do bolsonarismo.

Repito: quebrar as pernas do bolsonarismo. Isto porque, assim como o trumpismo nos EUA, a extrema-direita e sua direção fascista seguirá viva após as eleições. Evidentemente, que depois da consolidação da derrota no 1º turno, a tropa que se mobilizou para o 7 de setembro tende a se desmoralizar. Entretanto, não está descartada uma contraofensiva desse setor reacionário e golpista que seguirá com força social e representação política no parlamento. Logo, faz toda diferença evitar o 2º turno, que, consequentemente, coloca combustível no tanque de Bolsonaro e eleva a moral de sua base. Por isso, a vitória na primeira volta deve ser o eixo político de todas e todos que defendem qualquer projeto sério para o Brasil, principalmente os marxistas e a classe trabalhadora organizada.

Portanto, conforme ficou registrado no ato dos ex-presidenciáveis que reuniu de Luciana Genro à Henrique Meirelles, é indispensável a unidade contra Bolsonaro e a ferramenta, nesse momento, para derrotá-lo é o voto no Lula. Porém, o projeto de Lula e do PT para o Brasil não é o mesmo de todos os setores e partidos que compõem a frente eleitoral. Isto é, estar com Lula para derrotar Bolsonaro é uma coisa. Outra é estar com Lula sendo base de um governo de colaboração de classes que tende ter mais influência de frações da burguesia do que os governos petistas anteriores.

A essência dessa diferença estratégica esteve contida na campanha de 2002, onde toda uma ala à esquerda do PT (no qual o MES era parte) apoiou Lula para derrotar o tucanato e seu programa neoliberal, mesmo tendo sido radicalmente crítica a aliança com José de Alencar e o programa rebaixado simbolizado na Carta ao Povo Brasileiro. Todavia, era preciso que o povo, sobretudo, os trabalhadores fizessem a experiência com o PT no poder, partido que reunia até aquele momento alas socialdemocratas e marxistas. E, justamente, foi nos choques políticos e nas diferenças programáticas frente aos governos “reformistas” de conciliação classes petistas que o PSOL se construiu e se apresentou para o povo como uma alternativa antissistema. No entanto, a situação não é a mesma de há vinte anos. Quer dizer, ainda que Lula seja a mesma ferramenta para vencer a eleição, o objetivo fundamental é a derrota do fascismo. Essa posição não está desassociada ao fortalecimento de um partido que defenda um programa anticapitalista e à independência de classe, orientação estratégica negada pelo PT. De tal forma, embora haja contradições, o PSOL como um todo não perdeu essa perspectiva e, portanto, segue sendo um espaço em disputa nessa direção. Por isso, é preciso manter firmes as convicções ideológicas e programáticas e, sem vacilar, chamar voto em Lula, o voto útil para o Brasil derrotar Bolsonaro.


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