Ato da comunidade peruana em Porto Alegre exige fim das mortes de manifestantes, eleições gerais e assembleia constituinte
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Ato da comunidade peruana em Porto Alegre exige fim das mortes de manifestantes, eleições gerais e assembleia constituinte

Manifestantes se reuniram na capital gaúcha contra a ditadura de Dina Boluarte.

Júlio Câmara 5 fev 2023, 18:35

Na manhã deste domingo, manifestantes se encontraram no Parque da Redenção, em Porto Alegre, para protestar contra o governo de Dina Boluarte que tenta consolidar o golpe que a levou ao poder através de forte repressão que já matou mais de 70 peruanos.

Esse foi o quinto ato realizado em Porto Alegre desde o início da repressão no Peru. A iniciativa faz parte da rede que vem organizando manifestações de solidariedade à luta do povo peruano pelo mundo, como aconteceu em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba no dia 1° de fevereiro

Segundo Miguel Huaraz, a ideia surgiu dos estudantes para convocar os peruanos que moram no Brasil a se manifestar contra essas mortes. Por isso, nossa primeira mensagem é ‘não mais mortes’, não mais repressão do jeito que está acontecendo, explica o jovem que chegou em Porto Alegre há 10 meses para cursar sua pós-graduação.

Outro organizador do ato, Luis Pairazamán, tomou a iniciativa porque considera que a presidenta cometeu uma traição porque chegou ao poder com o presidente Castillo representando a massa popular do Peru e virou-se à direita peruana, uma direita muito conservadora com sinais de fascismo. “Então, as manifestações que, inicialmente foram contra o congresso, viraram para pedir a renúncia da presidenta Dina Boluarte para chamar imediatamente eleições gerais para poder eleger um novo governo.”

Miguel Huaraz (com megafone) e Luis Pairazamán são peruanos que vivem em Porto Alegre e apoiam as manifestações do povo do Peru

Com um megafone em punho, Luis leu 71 nomes de pessoas que foram assassinadas pelo governo de Dina Boluarte enquanto os manifestantes respondiam “presente!”. O peruano destacou a morte de Victor Raúl Santisteban Yacsavilca, de 55 anos, assassinado em Lima com uma bomba de gás lacrimogêneo que arrebentou sua cabeça. Acontece que parte do aparato repressivo, armas e munições, é comprada pelo governo peruano de empresas brasileiras.

Durante o ato, a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) disse que o PSOL está tomando medidas para que esse fornecimento de armas e munições seja imediatamente suspenso pelo governo brasileiro. A deputada lembra que o Brasil tem uma política nacional de importações e exportações de armas que fica sujeita a anuência do Ministério da Defesa e do Ministério de Relações Exteriores.

“Durante o governo Bolsonaro, 30 mil armas foram vendidas pela empresa Condor S/A Indústria Química para a polícia peruana. Agora, representantes do governo peruano  deram entrevistas dizendo que pretendem comprar mais cem mil armas. Com essa informação, solicitamos audiência com o Ministério das Relações Exteriores exigindo que o governo brasileiro não permita a venda de armas para facilitar a repressão ao povo peruano”, explica.

Com a determinação de Luis e Miguel, os  estudantes peruanos pretendem continuar com as manifestações a cada domingo em Porto Alegre e acreditam que lá no Peru não vão desistir até que renuncie Dina Boluarte, se adiante as eleições e o povo possa eleger um novo congresso, novo presidente e fazer uma assembleia constituinte porque, segundo eles,  a constituição que existe agora foi feita na ditadura de Fujimori e tem muita força do neoliberalismo e essa é uma das razões pelas quais existe muita desigualdade. “Os mesmos problemas que herdamos ainda da época colonial.” resume Luis.


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