Ortega desterra e tira a nacionalidade de 222 presos políticos
Dentre os apátridas, estão os sete pré-candidatos a Presidência impedidos de participar do pleito em 2021 e combatentes da Revolução Popular Sandinista
O regime ditatorial de Daniel Ortega e sua esposa Rosario Murillo desterrou hoje, 9 de fevereiro, 222 presos políticos. Ato seguido, o Legislativo, controlado pelo setor oficialista, aprovou em menos de uma hora uma reforma constitucional que elimina a nacionalidade nicaraguense de todos os presos.
Os 222 prisioneiros foram enviados, no início da manhã, aos Estados Unidos, mas horas depois o governo de Joe Biden emitiu uma nota afirmando que a decisão foi “unilateral” por parte da ditadura de Ortega e que não há nenhuma negociação bilateral.
Enquanto o Congresso aprovava a reforma constitucional que deixava os 222 presos políticos apátridas, a chancelaria da Nicarágua emitiu um breve comunicado no meio da qual afirmava que os 222 prisioneiros foram “deportados” do seu próprio país, explicitando o desterro.
De acordo com o comunicado do governo estadunidense, a decisão de Ortega não está enquadrada em nenhuma negociação, mas que aceita acolher os nicaraguenses expulsos através do Programa Parole, que contribui com a permanência legal dos imigrantes no seu território.
Dentre os 222 presos desterrados, destacam-se os sete pré-candidatos presidenciais que foram impedidos de participar do pleito em 2021, assim como emblemáticos combatentes da Revolução Popular Sandinista de 1979, como a Comandante Dora Maria Téllez e o ex-chanceler da época revolucionária Victor Hugo Tinoco, além de jornalistas, feministas e líderes universitários.
Segundo fontes do Departamento de Estado Norte Americano, o voo transportando os 222 nicaraguenses saiu de Manágua às 6h30min de hoje, com destino a Washington.
Histórico
Desde de 2018, quando os nicaraguenses se mobilizaram contra a reforma no sistema previdenciário, Daniel Ortega e Rosario Murillo, vem endurecendo e regime político prendendo opositores, o auge foi às vésperas das eleições presidenciais de 2021 quando, simplesmente prendeu, por delito de opinião, a todos os prováveis candidatos da oposição à Presidência da República. Desde então, ninguém foi poupado. Rádios e veículos de comunicação foram fechados, centenas de ONGs, Universidades e entidades de Direitos Humanos tiveram seus registros cassados e tiveram que operar desde fora da Nicarágua, a lista de violações aos direitos humanos é interminável.Segundo fontes da oposição, o bispo Rolando Álvarez, recentemente condenado pelo regime de Ortega, não quis abandonar a Nicarágua e continua na lista junto a pelo menos 30 presos políticos que continuam nas casernas da Nicarágua.