CPI ouve ex-subsecretária de inteligência da Secretaria de Segurança do DF
Fábio Felix questionou se área de Inteligência informou sobre gravidade das movimentações golpistas pré 8 de janeiro
A CPI dos Atos Golpistas da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) ouviu ontem (9/03) a ex-subsecretária de Inteligência, Marília Ferreira de Alencar, que fazia parte da Secretaria de Segurança Pública do DF no dia em que terroristas depredaram as sedes dos Três Poderes.
“O que deu errado no dia 8 de janeiro?”, perguntou o deputado Fábio Felix (PSOL) a depoente, que não soube responder.
“Não posso fazer juízo de valor sobre a atuação de outros órgãos. Tem que apurar é se as obrigações de cada órgão, previstas no PAI, não foram cumpridas e porque”, respondeu a delegada.
PAI é o Plano de Ação Integrada que foi elaborado pelas diversas Secretaria de Segurança Pública do DF, e outras forças de segurança da capital, e deveria ser executado para garantir a ordem diante das manifestações previstas e amplamente divulgadas por bolsonaristas.
Fábio Felix questionou sobre a ideologia política da inquirida, tendo em vista seu cargo anterior no Ministério da Justiça de Bolsonaro, que usou do aparato público para investigar pessoas contrárias ao então presidente em 2022. A ex-subsecretária se recusou a responder se era Bolsonarista.
“Meu voto é secreto como de todos aqui. Minhas convicções nunca interferiram no meu trabalho” afirmou e disse nunca ter tido conhecimento de conspiração golpista para não reconhecer o resultado das eleições, enquanto estava no Ministério.
Felix questionou sobre o trabalho da área de inteligência não ter informado antes sobre a gravidade das movimentações golpistas.
“Não sou da área de segurança, mas me parece que é algo muito cartorial, ‘eu peguei as informações e repassei’. Vocês não tratam as informações e falam ‘olha gente isso aqui é sério, é grave, a gente tem que combater e acionar forças especiais?”, perguntou o parlamentar.
Marília Ferreira afirmou que frações de inteligências eram repassadas a todo momento sobre o monitoramento do acampamento, mas que somente no relatório, feito apenas um dia antes dos atos terroristas, foi informado sobre o risco de invasão da Praça dos Três Poderes.
“No relatório foi feita essa análise mas numa crise a informação tem que chegar rápido. Nosso papel é informar o que está acontecendo para as áreas operacionais tomarem sua decisão. No dia 7 foi avisado que existia percepção que os manifestantes recém chegados estariam com seus ânimos mais exaltados dispostos a confronto com as forças de segurança, isso foi falado várias vezes. A ideia e a vontade de invasão foram informadas, isso circulou não só na Secretaria de Segurança mas em várias agências de inteligência de outros órgãos, a PM sabia disso”, garantiu Marília Ferreira.
A delegada também frisou que na sua avaliação, a viagem de Anderson Torres para o exterior não influenciou direta ou indiretamente para culminar os atos do dia 8 de janeiro, e que também não houve falta de comando central por causa da ausência do então secretário de segurança do Distrito Federal.
A Comissão aprovou requerimento, assinado por todos os membros presentes na sessão, a convocação de uma reunião reservada para ouvir Anderson Torres, que seria questionado hoje, mas por decisão do STF pode não comparecer.