Nem esquecimento, nem perdão: em memória e pela luta de Marielle e Anderson!
Mídia NINJA/ CC

Nem esquecimento, nem perdão: em memória e pela luta de Marielle e Anderson!

Marielle Franco, presente! Na luta a gente sempre se encontra!

Israel Dutra e Thiago Aguiar 14 mar 2023, 18:10

A morte de Marielle Franco e Anderson Gomes foi, sem dúvidas, o assassinato político mais importante da história recente do país. Um crime bárbaro que expressou as inúmeras contradições brasileiras, matando uma das lideranças emergentes que enfrentava as milícias e o crime organizado. Marielle representava o ascenso político da negritude, das mulheres, da comunidade LGBTQIA+ e do povo das favelas e quebradas. Não por acaso, o lema de Marielle – que remetia à filosofia Ubuntu – “Eu sou porque somos” reapareceu na campanha eleitoral colombiana, anos mais tarde, pela voz de Francia Márquez, também liderança dos territórios negros e das bases populares que chegaram ao governo, após a rebelião que mudou a história da Colômbia.

Vereadora de nosso partido, Marielle inspirou dezenas de mulheres negras que foram eleitas seguindo seus passos, ampliando a presença do PSOL e da negritude nas câmaras legislativas e na sociedade como um todo. Passados cinco anos, sem que o crime tenha sido elucidado até agora, lutamos contra o esquecimento porque a memória de Marielle é um tributo para as gerações futuras.

O governo Bolsonaro foi um obstáculo às investigações 

Nos últimos anos, enquanto se esperava justiça, as investigações sofreram uma série de reveses. Apesar da identificação dos assassinos de aluguel Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz como executores do crime, os órgãos de investigação nunca chegaram aos mandantes e às motivações do assassinato. Muitas vezes circularam notícias de pistas desencontradas e até mesmo suspeitas de que falsas testemunhas foram plantadas para atrapalhar a investigação.

As relações dos executores com milicianos próximos da família Bolsonaro escancaram as dificuldades para chegar aos mandantes. Ronnie Lessa era vizinho de Jair e Carlos Bolsonaro em condomínio na Barra da Tijuca, onde foram encontrados registros da presença dos executores imediatamente antes do assassinato. Adriano da Nóbrega – cuja mãe e esposa trabalharam como assessoras fantasmas em gabinetes da família Bolsonaro e apontado como chefe da milícia “Escritório do Crime”, da qual Lessa e Queiroz faziam parte – foi assassinado na Bahia em episódio ainda hoje igualmente não esclarecido.

Paira uma nuvem de desconfiança sobre as investigações. Além das relações com milicianos, bolsonaristas como Daniel Silveira e Rodrigo Amorim fizeram-se fotografar destruindo uma placa em homenagem à ex-vereadora. As redes bolsonaristas da internet, por sua vez, espalharam difamação e mentiras sobre Marielle e as razões do crime. A extrema-direita realizou uma verdadeira campanha ideológica e de calúnias para combater o legado de Marielle que, realmente, representa a antítese do bolsonarismo e, por isso, a luta por sua memória e por justiça foi parte da vitória popular que removeu Bolsonaro da presidência.

A justiça não pode esperar! 

O novo governo inicia-se com a tarefa inconclusa de chegar aos mandantes e às razões do crime. Flávio Dino respondeu ao enorme sentimento popular que exige justiça, designando um superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro familiarizado com a investigação e encaminhando a abertura de um inquérito da PF para acompanhar as investigações. Agora é o momento de concretizar essa luta exigindo novos passos, incluindo maior transparência dos investigadores e mesmo a federalização das investigações se não houver uma rápida reorientação do trabalho no Rio de Janeiro.

A condenação dos responsáveis pode abrir um novo ciclo, sinalizando o combate à impunidade que marca a Nova República. Por isso, trata-se de uma luta estratégica para o país, que se relaciona com a luta contra a extrema-direita e as milícias, e mesmo pela reparação às vítimas da pandemia, um alvo do bolsonarismo.

Marielle vive, Marielle viverá

Um resultado concreto e rápido das investigações fará justiça à figura de Marielle Franco, cujo legado tornou-se uma referência para o movimento de massas. Homenagear sua vida e sua luta é um dever, como fez a Mangueira, em seu enredo campeão de 2019, quando entoou: “Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês”.

São essas as nossas referências para reescrever a história do país e não os latifundiários que enriquecem com a exploração do trabalho escravo, como no recente caso da serra gaúcha ou como os genocidas do governo anterior, que se locupletaram com joias milionárias contrabandeadas. O Brasil é de todo povo, com a cara de Marielle e Anderson.

De nossa parte, buscaremos contribuir para esses esforços, participando das atividades para recordar sua memória  e exigir justiça. A audiência com o ministro Dino e o esforço para colocar essa demanda como central na agenda é parte dessa política. Teremos centenas de pequenos atos, caminhadas, sessões solenes e colagem de cartazes para recordar Marielle em todo o Brasil hoje.

Marielle Franco, presente! Na luta a gente sempre se encontra!


TV Movimento

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.

Desenvolvimento Econômico e Preservação Ambiental: uma luta antineoliberal e anticapitalista

Assista à Aula 02 do curso do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento. Acompanhe nosso site para conferir a programação completa do curso: https://flcmf.org.br.

Neofascismo e Negacionismo Climático: uma luta internacional

Curso de formação política sobre emergência climática e luta ecossocialista! Assista à Aula 01 do novo curso do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento. Acompanhe o site da PLCMF para conferir a programação completa do curso: https://flcmf.org.br
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 17 jul 2024

Se aproximam as eleições municipais: colocar o programa no centro da atividade política

As próximas eleições municipais brasileiras serão uma etapa importante da luta contra a extrema direita
Se aproximam as eleições municipais: colocar o programa no centro da atividade política
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 51
Esta edição da Revista tem como centro temático um “Dossiê: Transviando o marxismo”, por ocasião ao mês do Mês do Orgulho LGBTQIA+. Ela começa com o texto Manifesto Marxista-Pajubá que se propõe a imprimir uma perspectiva marxista à luta de travestis e demais pessoas trans e às formulações respectivas à transgeneridade. Organizado pelo Núcleo Pajubá do MES, este manifesto oferece um espaço de reflexão, resistência e articulação política, onde vozes diversas e potentes se encontram para desafiar o status quo opressor e explorador e construir lutas de emancipação.
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Esta edição da Revista tem como centro temático um “Dossiê: Transviando o marxismo”, por ocasião ao mês do Mês do Orgulho LGBTQIA+. Ela começa com o texto Manifesto Marxista-Pajubá que se propõe a imprimir uma perspectiva marxista à luta de travestis e demais pessoas trans e às formulações respectivas à transgeneridade. Organizado pelo Núcleo Pajubá do MES, este manifesto oferece um espaço de reflexão, resistência e articulação política, onde vozes diversas e potentes se encontram para desafiar o status quo opressor e explorador e construir lutas de emancipação.