Ex-comandante da Polícia Militar do DF é interrogado pela CPI dos Atos Golpistas
O coronel Marcelo Casimiro foi inquirido pelo deputado distrital Fábio Felix, na última segunda
Foto: Alexandre Bastos/Mandato Fábio Felix
Excepcionalmente, na segunda-feira (5), a CPI dos Atos Golpistas da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) fez oitiva com o coronel Marcelo Casimiro, ex-comandante da Polícia Militar e um dos responsáveis pela segurança da Capital no dia 8 de janeiro.
O deputado Fábio Felix (PSOL), membro titular da CPI, deu início ao interrogatório questionando sobre a reunião para elaboração do Plano de Ações Integradas (PAI 2).
“Segundo a ata à qual tivemos acesso, o senhor disse nesta ocasião que já havia recebido um folder de convocação para a manifestação falando em ‘tomada do poder pelo povo’. Quem entregou esse folder?”
O Coronel confirmou o recebimento de diversos materiais nesse sentido, mas disse que elas eram insuficientes para avaliar o risco que as manifestações ofereciam.
“Quando vamos aos protestos sempre imaginamos a existência de um certo risco, mas em relação a essa do dia 8 não imaginávamos que seria com violência e depredação, isso nem passava pela minha cabeça”.
Fábio rebateu e expôs o fato de que a Subsecretaria de Inteligência emitiu relatórios sobre a possibilidade da manifestação se radicalizar.
“Não seria o caso de a operação ter sido melhor preparada?”, questionou o parlamentar ao Coronel que negou ter recebido qualquer informação do setor de Inteligência.
Em seguida, foi exibida, no telão do Plenário, uma matéria do portal Metrópoles com prints de uma conversa no Whatsapp entre o Coronel Paulo José, também responsável pela segurança no dia dos Atos Antidemocráticos, e um informante que estava no acampamento golpista. As mensagens dizem que os bolsonaristas “vieram preparados para guerra” e que havia conversas se “referindo até a morte”.
Casimiro alegou que recebeu essa mensagem encaminhada pelo Coronel Paulo José, mas que não era possível verificar a veracidade.
“A gente recebia diversas mensagens e participava de diversos grupos, essa em questão necessitava de uma melhor análise, então eu não dei crédito”.
Sobre o Plano de Ações Integradas (PAI) para o dia 8 de janeiro, o Coronel veementemente afirmou que não era sua função a responsabilidade do planejamento neste dia. Sobre a alteração do horário da chegada da PM no local, que mudou de 8h para 15h, assumiu que foi dada por ele.
“Não sabíamos a hora exata da manifestação e os policiais tinham trabalhado no dia anterior, então eu conversei com o Major Flávio Alencar para botar o efetivo da PM à tarde, já que de manhã teria o efetivo do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE) na Esplanada, a partir das 7h”.
Fábio finalizou questionando sobre a mensagem que o Major Flávio Alencar, designado pelo depoente para comandar a ação, enviou a um grupo de policias no Whatsapp em que dizia “ na primeira manifestação é só deixar invadir o Congresso”. O Coronel disse não recordar se fazia parte desse grupo e que não teve conhecimento sobre a mensagem.
A próxima oitiva da CPI dos Atos Golpistas acontece no dia 15, às 10h. O convocado é o General Marco Edson Gonçalves Dias, ex-Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI).