Fábio Felix questiona comandante-geral da PMDF
Coronel Klepter Gonçalves, que era subcomandante da corporação em 8 de janeiro, foi convocado pela CPI dos Atos Antidemocráticos da CLDF
Foto: Alexandre Bastos/Ascom Fábio Felix
A CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) interrogou, na última quinta-feira (15), o comandante-geral da PMDF, coronel Klepter Gonçalves, que era subcomandante da corporação no dia 8 de janeiro.
O deputado Fábio Felix (PSOL-DF), membro titular da CPI, ressaltou que ainda falta esclarecer as relações dentro da PM, principalmente quando se trata da responsabilidade de cada um no dia do atentado às sedes dos Três Poderes, e também no dia 12 de dezembro.
“Quando se trata do dia 1º de janeiro, da posse do presidente Lula, que foi um dia exitoso, todos são ‘o pai’ da operação, mas quando se trata do dia dos atentados em dezembro e em janeiro, ninguém tem responsabilidade. Alguns estavam de férias ou não tinham atribuição institucional, nem responsabilidade sobre a quantidade de efetivo, sobre decisões… A gente percebe que tem um empurra-empurra, do meu ponto de vista, dentro da polícia”, disse o deputado.
Fábio acrescentou que a responsabilidade prioritária pela proteção da Esplanada é da Polícia Militar e que, inclusive, mais da metade do Fundo Constitucional, 52%, é destinado somente para pagar as forças de segurança.
“Nem estaríamos discutindo o GSI, a Polícia Federal e Agência Brasileira de Inteligência (Abin) se tivesse funcionado a segurança pública do DF naquele dia. Por isso, não quero só chegar nos vândalos, que têm que ser responsabilizados, mas temos que chegar no mandante intelectual, em quem estimulou esse processo. Precisamos falar sobre o acampamento golpista, localizado em frente ao QG do Exército. O senhor participou de tratativas com o exército sobre esse acampamento?”, perguntou o parlamentar ao depoente.
‘Por fora’
Coronel Klepter afirmou que não participou, mas que o Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE) esteve nessas reuniões e relatava a necessidade de atuação policial no acampamento.
“Mas isso dependia de uma operação integrada com as forças de segurança, coordenada pela Secretaria de Segurança (SSP-DF), e em acordo com o Exército, porque era uma área sob jurisdição militar”. Klepter também confirmou que houve mais de uma tentativa de desmobilização do acampamento, mas que foram canceladas por solicitação do Exército.
Em seguida, Fábio questionou sobre o planejamento para o dia oito de janeiro.
“O senhor disse que, no sábado, um dia antes dos atos, não tinha informações sobre a dimensão da manifestação, mas tivemos acesso a um relatório da inteligência que dizia ‘clima violento, perspectiva de chegada de ônibus e tentativa de tomada de poder’. Não seria razoável deixar um efetivo de prontidão? Você acha que a linha de comando da PM subestimou as ações do dia oito?”
“Olhando agora, com certeza a PM poderia ter disponibilizado mais homens, mas foi dito que o efetivo proposto era suficiente e adequado, ainda não sabíamos se os manifestantes desceriam para a Esplanada, então ficou acordado que ao ter mais informações, consideraríamos mais efetivo. Até hoje eu não sei dizer para o senhor se subestimaram, de acordo com as informações que eles tinham… mas pelo resultado das depredações, sim, o efetivo deveria ter sido maior”, respondeu Klepter.
O parlamentar leu, então, uma mensagem do então subcomandante na época, dizendo para as tropas ficarem de sobreaviso um dia antes dos ataques, e indagou porque ele não pediu para ficarem de prontidão.
“Depoentes anteriores da PM, coronel Naime, Casimiro e Cintia, afirmaram que o comum é a tropa ficar de prontidão”, enfatizou Fábio.
Klepter frisou que a mensagem estava alinhada com a ordem do comandante da operação, Coronel Fábio Augusto, “porque a informação técnica era de que o efetivo estava suficiente e não houve solicitação de prontidão nem de mais efetivo, por isso só havia sobreaviso”.
Fábio finalizou relembrando que o ministro da Justiça, Flávio Dino, havia disponibilizado a Força Nacional para o dia oito de janeiro, mas que o Major Flávio Alencar – que comandava a operação e está preso – disse que aceitaria.
“É bom esclarecer isso, porque muitos parlamentares questionam a ação do governo federal e a gente tem este documento do ministro Flávio Dino. O que aconteceu naquele dia, do meu ponto de vista, é desdobramento de um processo incitado, planejado, estimulado e financiado e que precisamos apurar com muito rigor”, concluiu o parlamentar.