Confissões de ex-aliados implicam Moro e Zambelli
Senador e deputada são alvos de denúncias de irregularidades por ex-parceiros
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
As dores de cabeça dos “bolsonaristas raiz” parecem longe de acabar, Não bastasse o escrutínio interminável das falcatruas de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid e seus asseclas, fantasmas do passado ressurgiram para puxar o pé de nomes como da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do senador Sergio Moro (União-PR).
Um dos monstros que correm atrás do ex-juiz é o ex-deputado estadual paranaense Tony Garcia, autointitulado “agente infiltrado” da Lava Jato. Ele agora faz um périplo na imprensa para denunciar atos que incriminam Moro por ilegalidades do processo contra políticos e juízes no andamento da roça-tarefa do Ministério Público Federal (MPF).
Garcia, um megadelator da Lava-Jato, reconhece ter colaborado com Moro e promotores desde 2004, quando foi preso após ser acusado de fraudes do extinto Consórcio Nacional Garibaldi. Suas acusações ajudaram a comprometer nomes como Beto Richa e Eduardo Cunha, por exemplo.
Segundo ele, seu trabalho na linha auxiliar do MPF durou dois anos e meio. Sua missão era gravar conversas comprometedoras (e ilegais) que embasassem processos, além de ter sido pivô de um esquema que chantageou os juízes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) com imagens de desembargadores seminus em festinhas – o que teria garantido a Moro que suas adesões fossem acatadas pelo colegiado sem questionamentos.
Garbia admite ser “agente infiltrado”, que “recebia as ordens diretas do Moro”, e que deu ciência à Justiça desses fatos em audiência com a juíza Gabriela Hardt.
“Eu fui 40 vezes ao MPF, fiquei trabalhando para eles, me fizeram de funcionário”, contou o ex-deputado, em entrevista à CNN. “Ela [Hardt] passou por cima de tudo”, completou.
Segundo Garcia, um de seus trabalhos “sujos” era gravar conversas comprometedoras com suspeitos de corrupção fora do prazo legal. De acordo com o interesse no conteúdo, as gravações eram “esquentadas” por Moro, alterando a data de captação.
O juiz afastado da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), Eduardo Appio, analisou o conteúdo do depoimento de Garcia a Hardt e enviou a fala de Tony para o STF. Segundo Garcia, Appio foi retirado do cargo após essa relação – após divulgação de uma gravação tosca, na qual, supostamente, o magistrado ameaçava o genro de Moro.
O ex-juiz, em vias de perder o mandato de senador por manipular o sistema e obter maior projeção eleitoral com uma pretensa candidatura à presidência – nega que as declarações de Tony Garcia sejam verdadeiras.
Zambelli e o hacker
Enquanto isso, o “hacker da Vaza Jato” Walter Delgatti Neto resolveu entregar a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em depoimento à Polícia Federal. Segundo ele, a parlamentar o contratou para invadir as urnas eletrônicas, telefones celulares de ministros do STF e o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O objetivo seria a desmoralização da Justiça e do voto eletrônico, considerados entraves à vitória de Bolsonaro no último pleito presidencial.
Preso em 2019, Delgatti Neto foi solto no mês passado, mas voltou para a cadeia após descumprir medidas judiciais, como acessar a internet. Ele afirma que usou a rede para por administrar as redes sociais de Zambelli, e que só decidiu fazer revelações após sofrer ameaças de morte. A deputada nega as acusações.