Lula deveria condenar repressão e mortes no Peru
Para posar de líder da América Latina, presidente brasileiro respalda regimes autoritários como o de Dina Boluarte
Fotos: Antônio Neto
A ambição de Lula em exercer influência sobre o subcontinente não encontra limites ou critérios. Ao se postular como “O Grande Líder latino americano” e colocar-se acima do bem e do mal, respalda a ditadura de Daniel Ortega, e os regimes autoritários de Maduro e, agora, da usurpadora e assassina Dina Boluarte.
Dina assume o governo do Peru depois de um golpe institucional. Depois de assumir, já como chefe das forças armadas peruanas, ordenou reprimir duramente as manifestações contrárias, provocando 70 mortos, centenas de feridos e presos políticos. Aliás, foram as armas vendidas pelo Brasil que garantiram o massacre.
Dina usurpou o assento presidencial e governa a serviço de uma agenda abertamente autoritária e neoliberal. Diante da marcha de 18 de julho, ordenou o uso da força e falou abertamente em mais mortos, como arma de intimidação dos protestos. É um governo débil, mais de 90% da população o rejeita, assim como ao congresso golpista.
Em lugar de receber Dina, Lula deveria exigir que o governo peruano ouvisse as ruas e convocasse novas eleições. Lula deveria, publicamente, condenar a repressão e as violações aos direitos humanos, denunciadas não só pelos órgãos de direitos humanos, mas também pelo Ministério Público daquele país.
Ao invés disso, Lula dá tapinhas nas costas de uma assassina, e tudo em nome de garantir sua influência e para seguir expandindo-a, para garantir a exportações de capitais brasileiros aos países da região – como fez com a Odebrecht, pivô da crise política envolvendo o anterior governo de Ollanta Humala.
O Peru foi, e continua sendo, vítima dos interesses dos imperialismos que atuam na região, seja o imperialismo norte-americano ou, mais recentemente, o imperialismo chinês – maior investidor no país – e, até mesmo, o requentado subimperialismo brasileiro.
Repudiamos Dina e seu governo lacaio dos imperialismos e fazemos um chamado a que o governo brasileiro condene a violência de Estado, as mortes pelo uso da força policial e as tentativas de Dina Boluarte de silenciar o povo peruano.