PF mira Carlos Bolsonaro em investigação sobre ‘Abin Paralela’
Carlos-Bolsonaro Agência Brasil

PF mira Carlos Bolsonaro em investigação sobre ‘Abin Paralela’

Casa e gabinete do filho 02 foram alvo de busca e apreensão. Vereador estaria envolvido no monitoramento de adversários do governo do pai

Tatiana Py Dutra 29 jan 2024, 12:08

A Polícia Federal segue em busca de evidências de que os tentáculos do bolsonarismo continuam operando em órgãos de Estado – mais especificamente a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Desde a semana passada, agentes fazem operações para embasar as investigações sobre a “Abin Paralela”, um instrumento governamental escuso para espionar adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seus filhos e asseclas, e municiar o chamado Gabinete do Ódio.

E na manhã desta segunda-feira (29), um dos temores do 00 se concretizou, com a PF batendo na porta de Carlos Bolsonaro, o filho 02, líder da estratégia de comunicação do governo anterior e “cão de guarda” do pai, nas palavras do próprio. As buscas ocorreram em sua residência, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, em seu gabinete na Câmara Municipal e na casa de alguns assessores. Pelo menos um compurador foi apreendido nos endereços de Carlos, segundo o portal G1. Um segundo aparelho teria sido recolhido na casa de um assessor de Carlos que é casado com uma funcionária da Abin. 

A PF ainda fez buscas em uma casa da família em Angra dos Reis (RJ), onde Carlos Bolsonaro passa férias – e de onde participou de uma live, na noite de domingo, com os pais e os irmãos Flávio e Eduardo. Os quatro não estavam no local no momento em que a polícia chegou. Segundo a assessoria da família, os Bolsonaro e amigos partiram para uma pescaria às 5h. Ainda não se sabe que tipo de equipamento ou evidência foi recolhida no endereço.

Os investigados podem ser responsabilizados por invasão de dispositivo informático alheio, participação em organização criminosa e interceptação não autorizada de comunicações telefônicas, informáticas ou telemáticas.

A live 

Na última quinta-feira (25), a PF realizou buscas contra Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, alegando que o agora deputado federal utilizou sua posição para “incentivar e encobrir” o uso de um programa espião. Carlos Bolsonaro chegou a ser anunciado como gestor de comunicações para a candidatura à prefeitura do Rio de Janeiro por Ramagem. O filho 02 de Bolsonaro também desempenhou papel na campanha presidencial de seu pai em 2022.

Na live realizada ontem, Bolsonaro negou ter espionado adversários. Ao lado de seus filhos, o ex-presidente afirmou que as informações não chegavam até ele e defendeu Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin.

A “Abin paralela” está sendo investigada pela PF por suspeita de uso indevido de ferramentas de espionagem além do First Mile, software que possibilita o monitoramento de geolocalização de celulares em tempo real. Alexandre Ramagem teria utilizado sua posição na agência para “incentivar e encobrir” o uso de um programa espião.

O expediente teria sido utilizado para coletar informações em defesa de Flávio e Jair Renan Bolsonaro, e para espionar adversários políticos como Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara. O esquema ainda teria sido usado para monitorar a promotora de Justiça responsável pelo caso da vereadora Marielle Franco. Na decisão que autorizou as buscas contra Ramagem, o ministro Alexandre de Moraes classificou a conduta do ex-diretor da Abin como “gravíssima”.

Ainda há a suspeita de que Ramagem, Bolsonaro e outras pessoas próximas a família sigam tendo acesso a informações secretas da Abin, por meio de celulares e computadores subtraídos da agência antes da mudança de gestão.


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