A esquerda deveria participar do Festival Mundial da Juventude convocado por Putin?
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A esquerda deveria participar do Festival Mundial da Juventude convocado por Putin?

Participar de um evento convocado pelo imperialismo russo é interessante aos que lutam?

Victor Gorman 6 mar 2024, 14:14

Foto: Juntos!

Via Juntos!

O internacionalismo militante é uma das principais tarefas de qualquer organização que se pretende anticapitalista. A compreensão do sistema capitalista, da exploração dos de cima, ser internacional é central para preparar os enfrentamentos necessários para os de baixo.

Nesse contexto, é importante refletir sobre o Festival Mundial da Juventude que está acontecendo em Sochi, na Rússia. O que é esse festival? Trata-se de um evento, convocado por Putin, que reúne cerca de 20.000 jovens, e apesar de se apresentar como um espaço de debate internacional da juventude, na prática se torna em um espaço de propaganda do regime de Putin durante uma guerra e polêmicas acerca do governo.

É sintomático que juventudes do Brasil, como a União da Juventude Socialista (UJS), tenham aderido ao evento, em um momento em que vivemos a invasão russa em território Ucraniano, uma invasão que coloca a vida de jovens russos, e também ucranianos a serviço dos interesses imperialistas de Putin. Isso sem falar da polêmica acerca do autoritarismo e perseguição das oposições ao regime que tomaram as manchetes recentemente.

A participação em um evento, que mais se assemelha a uma celebração do imperialismo russo, vai de encontro aos interesses da juventude que tem lutado para sobreviver à política sangrenta de Putin. Não à toa, em 2022, no início da invasão russa na Ucrânia, milhares de estudantes e pessoas da comunidade universitária, da Universidade Estatal de Moscou, se colocaram frontalmente contra a invasão, num manifesto corajoso que reuniu mais de 7 mil assinaturas, correndo risco de prisão e outras medidas persecutórias. 

Apesar de ser a mais recente manifestação do projeto imperialista russo, a invasão na Ucrânia não é a única, trata-se de um projeto que já provocou a invasão russa na Geórgia, no ano de 2008, e o conflito comercial com Belarus em 2009.

Além disso, Putin é conhecido por declarações lgbtfobicas e por manter um regime de intensa criminalização e perseguição à comunidade LGBT+.

Por isso, o questionamento a ser feito: É ao lado de um governo que persegue a comunidade LGBT+, criminalizando e silenciando as mais simples demonstrações de afeto em público. Ao lado de um imperialismo que coloca o lucro acima da vida da juventude que é obrigada a lutar uma “guerra” que só interessa aos poderosos, ou mesmo de um projeto que persegue, exila e extermina seus opositores, que organizações de juventude socialista devem estar?

A construção de um projeto anticapitalista e internacionalista deve ser capaz de se posicionar ao lado dos setores mais dinâmicos que lutam. Isso significa apoiar o movimento LGBT que resiste na Rússia, os estudantes que gritam contra a guerra, com todos aqueles e aquelas que querem construir uma democracia real. Os interesses dos de baixo são radicalmente opostos aos da burocracia, mesmo que o campismo tente inverter os sinais.

A luta anti-imperialista que queremos construir não deve ser instrumentalizada pelos interesses das burocracias, sabemos que não existe imperialismo “menos pior” e que o internacionalismo militante é uma bússola potente, capaz de mostrar que o caminho sempre será ao lado dos que lutam contra a opressão e exploração.


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Pedro Micussi