Greve nas federais: chega de enrolação!
Servidores das universidades federais entram em greve por tempo indeterminado
Foto: Sintfub/Divulgação
Após quase um ano de intenso debate entre o governo Lula e os servidores técnico-administrativos das universidades federais, representados pela Fasubra Sindical, a categoria decidiu não mais aceitar ser ludibriada em intermináveis mesas nacionais de “negociação”, por que não dizer, mesas de enrolação.
A categoria que vem acumulando perdas salariais, sem reposição inflacionária, superior a 30% num recorte de 2018 a 2024, não aguentou o desrespeito de Lula e seu governo, sem falar da reestruturação da carreira que está congelada há décadas.
Ora, foram pelo menos 07 (sete) anos muito intensos de ataques às universidades públicas, com cortes anuais no orçamento, negação à democracia interna com cerca de 20 nomeações de reitores interventores, cortes avassaladores nos programas de bolsas de estudantes de graduação e pós graduação, lato e stricto sensu, bem como, a ampliação da terceirização cumulada à falta de concurso público.
Nesse cenário, os servidores fizeram um verdadeiro mutirão pró eleição do Lula, por entender que o maior patrimônio do desenvolvimento de qualquer país que são as universidades públicas, responsáveis por 95% de todas as pesquisas produzidas no Brasil, estavam na iminência do abismo, de sucumbirem enquanto política de Estado. A aposta foi assertiva como tática para abrir os caminhos da luta democrática, mas somente isso.
Sim, somente isso, pois só este ano, o governo que serve ao capital com pagamentos retilíneos de juros da dívida pública, já anunciou bloqueio orçamentário nas universidades na monta de R$ 310,3 milhões em relação a 2023, sem falar que essas mesmas instituições já haviam perdido 14% do seu orçamento geral nos últimos 4 anos do governo de Bolsonaro, inimigo da educação pública.
O presidente Lula renovou as esperanças dos servidores quando anunciou o retorno, depois de 9 (nove) anos, na mesa nacional de negociação, mas infelizmente essas mesas se tornaram pesadelo de uma reunião para marcar outra e nada de concreto, ou melhor, teve algo concreto: o governo ofendeu a categoria oferecendo-lhe 0,0% de reajuste para 2024; 4,5% para 2025 e 4,5% para 2026, acrescido de reajuste nos auxílios alimentação, pré escola e saúde que são os menores valores praticados no conjunto dos servidores federais, sendo a proposta entendida como uma acinte ao conjunto dos técnico-administrativos que não tiveram outra opção a não ser recorrer à greve nove anos depois.
Se para os servidores do Banco Central, por exemplo, que seus analistas têm salário inicial superior a R$20.000,00 tem reajuste de 23% em duas parcelas, porque para os servidores das universidades, que percebem a menor remuneração dentre todos do serviço público não pode ser o mesmo tratamento?
Nos primeiros dois dias de greve, já são 61 universidades com servidores paralisados, no universo de 69 instituições espalhadas pelo Brasil.
A greve começa muito forte, com expectativa de que os professores também adiram a partir de abril e demais outros setores do funcionalismo público entrem na sequência, ou seja, não é demais afirmar que mesmo após a Instrução Normativa 49/2023, do governo, que fere de morte o direito constitucional de greve, 2024 possa repetir o que foi 2003, também no governo Lula, por ocasião da greve contra a reforma da previdência que durou algo em torno de 100 dias de intensas lutas e mobilizações.
Se a situação é Grave, a solução é Greve!