Uma tragédia histórica e a urgência de novos rumos
A catástrofe ambiental que atinge o Rio Grande do Sul exige solidariedade imediata e medidas estruturais para que não se repita
O Rio Grande do Sul está atravessando a pior catástrofe ambiental da sua história. Dezenas de mortes e centenas de milhares lutando por suas condições de vida, desterradas, e os bairros mais pobres e vulneráveis ficando embaixo d’água.
É preciso reforçar a solidariedade imediata e combinar isso à necessária mobilização da sociedade acerca de um “novo normal” resultante do aquecimento global e da devastação ambiental. Uma luta contra o negacionismo climático e contra o ajuste neoliberal, que corta os investimentos sociais para defender a população mais vulnerável.
O modelo de desenvolvimento baseado na produção de gases de efeito estufa é blindado e estimulado pelo agronegócio de produção extensiva da pecuária, da monocultura da soja e de outros extrativismos predatórios. A destruição dos biomas, dos rios e das florestas leva a uma degradação do ambiente. Esse é um problema concreto, cuja conta é paga sempre pelos mais pobres.
As tragédias de maio são apenas mais um capítulo. O Rio Grande do Sul teve uma sequencia de catástrofes que envolveram centenas de mortes nos últimos meses, como a que aconteceu no Vale do Taquari em 2023 e a que atingiu Porto Alegre por uma semana, no começo do ano.
A linha da extrema direita é evidentemente negacionista no âmbito ideológico, mas tem implicações políticas muito concretas. A política de desregulamentação da legislação ambiental e os lobbies da bancada ruralista apenas agravam os desastres ambientais, presentes ou futuros. A direita paulista, por exemplo, segue apostando no negacionismo ao tentar privatizar um bem tão precioso como a água, com as tratativas da venda da SABESP na Câmara Municipal de São Paulo. E essa mesma burguesia é incapaz de enfrentar as catástrofes quando elas surgem.
É preciso agir agora para salvar vidas e evitar que o povo pague a conta
São necessárias medidas urgentes, que passam pelo esforço concentrado da solidariedade ativa, com a ampliação das doações e arrecadação de mantimentos, alimentos e remédios, em sindicatos, entidades da sociedade civil, associações e movimentos sociais.
Além disso, são necessárias ações que vão desde a garantia das condições básicas para os atingidos imediatamente – como a suspensão das contas de luz e água para os desabrigados, um plano emergencial de assentamento e habitação, verbas para a reconstrução da logística e infraestrutura até um plano efetivo de prevenção das tragédias. Como parte do plano emergencial, está a requisição, por parte do poder público, de veículos, como motos aquáticas e barcos, para serem utilizados no esforço concentrado.
Lula, Lira, Pacheco e os ministros estiveram com Eduardo Leite em reuniões no Rio Grande do Sul para tratar de medidas orçamentárias urgentes. Quem deve pagar a conta pela tragédia não são os mais pobres e, sim, os ricos, por meio do fim do ajuste fiscal e do teto de gastos contidos no arcabouço fiscal. A taxação das grandes fortunas poderia ajudar muito.
Para além da solidariedade – que pedimos aos leitores com a campanha abaixo – é preciso pensar em duas tarefas conectadas. É preciso um novo modelo que corresponda, infelizmente, ao “novo normal”, com sínteses de propostas no âmbito político, social e econômico. Como nossos parlamentares já estão propondo, exigimos medidas que precisam a suspensão do pagamento da dívida do Estado para que esses recursos sejam destinados a um plano de reconstrução, baseado na pequena propriedade, na agricultura familiar, em uma reforma urbana ampla e no poder público como garantidor das condições de vida da maioria.
A segunda é disputar – contra os negacionistas e os neoliberais – a consciência de que a resposta à crise ambiental é urgente e só pode ser feita unindo a classe trabalhadora e a juventude para ganhar maioria social a serviço de um outro projeto, que tenha radicalidade para mudar as camadas mais profundas do atual capitalismo neoliberal, responsável indelével pela catástrofe que se abate.
Apoie a campanha em solidariedade às vítimas das enchentes no RS
Chave Pix: emancipamulher@gmail.com (em nome de Carla Zanella)
Ponto de arrecadação: Av. Senador Salgado Filho, 353, de 9h às 17h, no escritório político da deputada estadual Luciana Genro e do vereador Roberto Robaina (PSOL)