Mariana Conti propõe fim de a homenagens a escravocratas em Campinas
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Mariana Conti propõe fim de a homenagens a escravocratas em Campinas

Vereadora do PSOL protocolou PL para impedir que envolvidos na prática ou defesa da escravidão sejam celebrados com nomes de ruas, praças, prédios públicos ou monumentos

Redação da Revista Movimento 23 jan 2025, 11:08

Foto: Reprodução

A vereadora Mariana Conti (PSOL) deu um importante passo para a promoção da justiça histórica em Campinas ao protocolar um Projeto de Lei (PL) que propõe o fim de homenagens públicas a escravocratas na cidade. A iniciativa visa proibir que agentes sociais, indivíduos ou coletivos, reconhecidamente envolvidos com a prática ou a defesa da escravidão no Brasil, sejam celebrados por meio de nomes de ruas, praças, prédios públicos ou monumentos.

Para a vereadora, a proposta é uma medida de reparação histórica e moral ao povo negro brasileiro, cujos ancestrais enfrentaram séculos de exploração brutal. 

“Essa proposta trata de uma reparação histórica e moral para o povo negro brasileiro, que são conceitos fundamentais no processo de reconhecimento das injustiças cometidas ao longo da história do país, especialmente no que diz respeito à escravidão. Esse período no Brasil durou mais de 300 anos, de 1500 até 1888, e foi responsável por uma das mais cruéis formas de exploração humana, em que milhões de africanos foram trazidos à força para em diversas atividades, sendo tratados como mercadoria, privados de sua liberdade, dignidade e direitos”, ressalta Mariana Conti.

O projeto prevê a proibição de homenagens em espaços públicos municipais e determina que logradouros e edifícios já batizados em homenagem a escravocratas sejam renomeados. Monumentos como estátuas e bustos deverão ser removidos e transferidos para museus, onde serão acompanhados de informações contextualizadas sobre o período escravocrata.

Mariana Conti destacou a relevância histórica da proposta, lembrando que, em 2014, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) criou a Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil. O grupo de trabalho apontou a necessidade de rever homenagens a figuras associadas à escravidão e de reconhecer a escravidão no Brasil como um crime contra a humanidade.

“A reparação moral diz respeito ao reconhecimento do sofrimento e da dor causados pela escravidão e suas consequências diretas e indiretas para as gerações subsequentes de negros. Ela busca devolver o valor humano e a dignidade que foram sistematicamente negados durante séculos de escravização e opressão. Essa propositura, especificamente, representa mais um passo na promoção de direitos, cidadania, isonomia e dignidade da população negra”, defende a vereadora.

Além de abarcar a questão das homenagens a escravocratas, a proposta também veda tributos públicos a pessoas condenadas, com sentença transitada em julgado, por crimes como racismo, injúria racial, trabalho análogo à escravidão e violações de direitos humanos.

O projeto, que precisa passar por comissões e ser aprovado em duas votações no Plenário antes de ser sancionado, começará a tramitar em fevereiro, após o recesso legislativo. A aprovação dessa iniciativa pode marcar um momento crucial para a construção de uma memória pública que valorize a igualdade e a dignidade humanas em Campinas.


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Pedro Micussi