Calor extremo e a crise climática: o futuro é agora!
Com eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e ondas de calor intensas, como o Rio de Janeiro atingindo pela primeira vez o Nível 4 de calor, a luta contra a crise climática é crucial para nossa sobrevivência. Seremos a geração do fim do mundo?
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Via Juntos!
Os dois últimos anos foram os mais quentes da história, e, na última segunda-feira (17), o Rio de Janeiro bateu um recorde alarmante: a sensação térmica ultrapassou os 50 °C. Pela primeira vez, o estado atingiu o nível 4 de calor, com temperaturas podendo chegar a 44 °C por pelo menos três dias consecutivos.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Brasil enfrenta sua terceira onda de calor de 2025. Além do Rio de Janeiro, municípios do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná também registraram ondas de calor intenso e receberam alerta vermelho pela primeira vez. O aumento das temperaturas está elevando os índices de mortalidade e agravando doenças crônicas relacionadas ao calor, conforme aponta a Fiocruz.
Diante de uma onda de calor cada vez mais intensa e eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes (enchentes, secas, desabamentos, etc.), a luta contra a crise climática precisa ser central. Esse debate não é meramente técnico ou científico, tampouco uma luta secundária. Trata-se da nossa sobrevivência. Seremos a geração do fim do mundo?
O calor extremo escancarou a precarização das escolas públicas no Rio de Janeiro. Mais de 200 escolas estaduais não possuem ar-condicionado e muitas sequer ventilador, obrigando estudantes a assistirem às aulas em condições insalubres, transformando as salas de aula em verdadeiras saunas, causando desmaios.
Enquanto isso, o governador Cláudio Castro, do conforto do Palácio Guanabara, demonstra descaso com os estudantes ao não apresentar um plano efetivo para enfrentar o problema. Pelo contrário, sua promessa de climatizar todas as escolas em 90 dias chega tarde demais, quando o verão já terá acabado. Diante dessa negligência, trabalhadores da educação e estudantes deram o exemplo, organizando paralisações e greves para exigir condições dignas de estudo e trabalho.
Para além das salas de aula, trabalhadores de diversos setores estão sendo submetidos a escalas exaustivas em condições precárias, expostos ao calor intenso sem nenhuma proteção adequada. Muitos sequer têm direito a pausas ou acesso a locais climatizados, colocando suas vidas em risco diariamente.
Além disso, moradores das regiões periféricas do Rio de Janeiro, majoritariamente compostas por pessoas negras e pobres, sofrem ainda mais com as ondas de calor. A falta de água e luz, consequências da privatização prometida como solução para melhorar os serviços, torna a sobrevivência nessas condições ainda mais difícil. O racismo ambiental mostra cada vez mais suas caras.
É fundamental expor os verdadeiros responsáveis pelo calor extremo e pelo colapso ambiental. O sistema capitalista, com sua lógica predatória e individualista, destrói o planeta enquanto transfere a culpa para a população. O capitalismo é o principal culpado pelo caos climático, não a humanidade. Para que possam concentrar cada vez mais riqueza, a ganância dos bilionários e poderosos segue poluindo e explorando os recursos naturais de forma desenfreada. A queima de combustíveis fósseis através dos industriais e grandes empresas, que o capitalismo se baseia energeticamente para circular e produzir mercadorias, vem provocando a mudança no clima e eventos extremos.
O agronegócio, por exemplo, avança sobre biomas inteiros, desmatando e destruindo a biodiversidade para produção em larga escala. Esses mesmos atores estarão na COP30 em Belém, buscando bloquear medidas essenciais ou assinando acordos climáticos que jamais serão cumpridos, pois o lucro está acima da vida. Diante disso, reafirmamos: não existe planeta B! Ecossocialismo ou extinção.
Em meio a isso, o governo Lula ensaia liberar a exploração de petróleo na Foz Amazônica para atender interesses econômicos e extrativistas. Com o argumento de “solução econômica” para a região, essa ação pode trazer consequências irreversíveis, agravando ainda mais a crise climática e ameaçando povos ribeirinhos. Expandir a exploração de combustíveis fósseis nunca é a solução!
Além de combater o sistema e a lógica produtivista que nos trouxe até aqui, é essencial pressionar os governantes locais. O governador Cláudio Castro, o prefeito Eduardo Paes, Capitão Nelson e os demais prefeitos do estado do Rio de Janeiro e todo Brasil precisam ser cobrados a implementar políticas públicas eficazes para enfrentar o calor extremo e proteger a população.
As universidades também devem assumir um papel de protagonismo no enfrentamento à crise climática, contribuindo com pesquisas, ações e mobilizações que fortaleçam essa luta.
Para responder à pergunta inicial colocada no início do texto, recorro às palavras de Ailton Krenak: “A ideia de que o mundo está acabando é uma ótima desculpa para a gente não fazer nada. É mais fácil acreditar que o mundo pode acabar do que acreditar que somos capazes de introduzir mudanças nele”.
O Coletivo Juntos faz um chamado à organização da indignação contra o colapso ambiental e pela construção de um futuro ecossocialista!