China contra-ataca e aumenta a taxação dos produtos americanos
Xi Jinping

China contra-ataca e aumenta a taxação dos produtos americanos

Após Trump aumentar em 10% as tarifas para produtos chineses, Pequim revida aumentando em 15% os impostos sobre importados americanos

Redação da Revista Movimento 4 fev 2025, 09:30

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China voltou a ameaçar a estabilidade da economia global. Nesta terça-feira (4), Pequim anunciou novas tarifas sobre importações norte-americanas em retaliação às tarifas impostas por Washington a produtos chineses. A medida reacende uma disputa que já trouxe impactos significativos para cadeias de suprimentos internacionais e para o crescimento econômico mundial.

As novas tarifas anunciadas pelo governo chinês incluem uma taxa de 15% sobre importação de carvão e gás natural liquefeito (GNL) dos EUA, além de uma tarifa de 10% sobre petróleo bruto, equipamentos agrícolas e determinados automóveis. A medida, que entrará em vigor a partir de 10 de fevereiro, veio poucas horas após a imposição de uma tarifa adicional de 10% pelo presidente Donald Trump sobre todas as importações chinesas para os Estados Unidos.

O recrudescimento da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo pode resultar em sérias consequências para a economia global. O aumento das tarifas e as restrições ao comércio tendem a elevar os custos de produção e a desorganizar cadeias de suprimentos globais, afetando indústrias que dependem de insumos de ambos os países. Além disso, a instabilidade gerada pelo confronto comercial impacta mercados financeiros e reduz os níveis de confiança de investidores.

Os impactos já foram sentidos em episódios anteriores. Durante a guerra comercial iniciada em 2018, as retaliações tarifárias sobrebilhões de dólares em mercadorias resultaram na queda de investimentos e no desaquecimento da atividade econômica global. Apesar do acordo firmado em 2020, que previa que a China aumentaria suas importações dos EUA em US$ 200 bilhões anuais, a pandemia da Covid-19 prejudicou a implementação desse compromisso, levando a um aumento do déficit comercial dos EUA com Pequim para US$ 361 bilhões, segundo dados recentes das alfândegas chinesas.

A incerteza também se reflete nas previsões econômicas. A Oxford Economics revisou para baixo sua projeção de crescimento da economia chinesa, prevendo um cenário mais desafiador diante da escalada tarifária. Nos EUA, as tarifas adicionais podem encarecer produtos e reduzir o poder de compra dos consumidores, ampliando os riscos de uma desaceleração econômica.

O embate também se mistura a questões geopolíticas. Trump justificou a imposição de tarifas como uma resposta à suposta inércia da China em conter o fluxo de fentanil, um opioide letal, para os EUA. Pequim, por sua vez, criticou as medidas norte-americanas, prometeu recorrer à Organização Mundial do Comércio e indicou que pode adotar novas contramedidas.

Enquanto isso, em um movimento paralelo, Trump suspendeu a imposição de tarifas sobre México e Canadá, após um acordo que prevê reforço na segurança de fronteiras e medidas contra o tráfico de drogas. Ainda assim, a guerra comercial com a China se mostra uma ameaça persistente ao crescimento global, podendo levar a um efeito cascata de redução da atividade econômica e incerteza nos mercados.

A perspectiva de uma escalada tarifária prolongada entre EUA e China aumenta os temores de recessão em diversas regiões do mundo, destacando a urgência de soluções diplomáticas para evitar danos irreversíveis à economia global.


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Pedro Micussi