Luciana Genro cobra da Corsan estudos de impacto ambiental de obras no litoral do RS
Construção de rede de esgoto sanitário podem por em risco a preservação da bacia do Rio Tramandaí
Foto: Sema/Divulgação
Perante as polêmicas acerca da construção dos 21km de esgotamento que ligariam as cidades de Capão da Canoa e Xangri-lá até a cidade de Tramandaí, no litoral norte gaúcho, a deputada Luciana Genro (PSOL) segue questionando onde estariam os estudos ambientais que garantiriam a preservação de uma das bacias mais importantes do estado, não somente para o ecossistema ambiental, mas para todo o sistema econômico da região.
Iniciada no primeiro semestre de 2024 e já quase finalizada, a obra da Corsan não possui estudos ambientais que garantam que não haverá impactos significativos para a cidade ou para o rio que receberá o esgoto “excedente” de duas das maiores cidades do litoral gaúcho.
O Rio Tramandaí possui uma extensão total de 18 km antes de desaguar no Oceano Atlântico. É ele que conecta uma série de lagunas em toda a costa gaúcha, criando assim, condições propícias para diversas espécies fazerem das suas ilhas e das suas águas o seu habitat. Estima-se que mais de 400 famílias de pescadores, indígenas e quilombolas utilizam essas mesmas águas. Agricultores familiares e todas as pessoas que necessitam desse abastecimento podem ser diretamente impactadas por essas mudanças. Segundo os pescadores da região, que há gerações tiram seu sustento do rio, muitas espécies já sumiram das águas após o início dessas obras, iniciadas em fevereiro do ano passado.
Perante sua relevância, dezenas de especialistas, das mais diversas instituições, incluindo os da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, afirmam que a ação do despejo do esgoto, mesmo que tratado, no Rio Tramandaí, poderia trazer sérios prejuízos à balneabilidade das águas, influenciando não somente no desaparecimento de peixes, mas na impossibilidade do uso do rio para o abastecimento de plantações e até mesmo no uso para a comunidade das praias. Durante o ano, são cerca de 500 mil pessoas que habitam Tramandaí, mas esse número supera a casa do 1 milhão no veraneio.
“É alarmante que nem os técnicos da empresa garantam que o esgoto tratado, aquele que será despejado diretamente no Rio Tramandaí, será totalmente livre de contaminação” , opina, com preocupação, Luciana Genro. O gabinete da deputada esteve em recente reunião da comunidade e defensores do meio ambiente com a prefeitura sobre o tema e, junto com moradores, cobra que estudos ambientais sejam apresentados para comprovar a segurança e salubridade da região.
“Sem a garantia da preservação do meio ambiente ou do monitoramento contínuo, não somente do que será lançado no rio, mas também das análises microbiológicas que garantam a qualidade da água para os moradores de Tramandaí, não poderemos aceitar o início dessa operação. Não são somente as espécies de peixes e botos que estão ameaçadas, mas a saúde dos moradores de Tramandaí que está em iminente risco”, alerta Lucina.
Essa não é a única pauta que preocupa a deputada estadual no Litoral. Recentemente, Luciana Genro foi procurada por moradores da cidade de Capão da Canoa que denunciavam o aparente esgoto a céu aberto na Rua Atlântica, na beira-mar. A parlamentar oficiou a prefeitura da cidade sobre o assunto. A Corsan, também responsável por essa situação, já teria sido notificada, mas não teria tomado providências ainda sobre o assunto. Inclusive, é o despejo de esgoto no mar da cidade que estaria impedindo a balneabilidade das suas praias.