É HORA DE UM LEVANTE NA EDUCAÇÃO

Educação não transforma o mundo.
Educação muda as pessoas,
pessoas transformam o mundo
Paulo Freire

Somos educadoras e educadores da Rede Municipal de São Paulo, comprometidos com a construção de um mundo novo. Está cada dia mais difícil viver sob o capitalismo: nos preocupamos profundamente com as mudanças climáticas que ameaçam nosso planeta e já vêm causando grandes prejuízos, com o avanço do autoritarismo pelo mundo cujo maior símbolo é Donald Trump, com a escalada da desigualdade social e de retirada de direitos sobre as trabalhadoras e trabalhadores, e com o estreitamento da perspectiva de futuro que afeta sobretudo as novas gerações. Por isso, acreditamos que é urgente nos organizarmos, a partir dos nossos locais de trabalho e moradia, para colocar um freio de emergência em tudo isso. Construir outro mundo, pautado na radicalização da democracia e na solidariedade, não somente é possível, como necessário. 

A educação pública fortemente atacada 

A educação pública vem sendo alvo de intensa disputa por parte dos grandes bilionários e poderosos que querem sugar o orçamento público e impor uma educação tecnicista, tendo como exemplo a nível nacional a forte presença de fundações privadas no Ministério da Educação. No Estado de São Paulo, Tarcísio e Feder conseguiram piorar a herança já ruim dos governos tucanos, e vêm fazendo da educação pública paulista o laboratório da agenda da extrema-direita na educação, combinando autoritarismo, plataformização, militarização e privatização, uberização do trabalho, ataques à carreira, e coação dos grêmios estudantis. Trata-se da tentativa de destruição de qualquer perspectiva crítica e emancipadora na educação. 

Na cidade de São Paulo, Ricardo Nunes busca seguir o caminho trilhado por seu “líder maior” e já anunciou guerra à educação pública dizendo que irá privatizar a gestão de 50 escolas da Rede Municipal. Somam-se a isso os ataques dos últimos anos, Sampraprev 1 e 2, arrochos salariais, privatizações das funções de segurança, limpeza, merenda, e de parte da rede das creches. Por fim, mas não menos grave, ainda temos a ameaça constante dos subsídios, que buscam desorganizar nossa carreira. Há uma tentativa em curso de desmantelamento do Estatuto do Magistério, ou seja, do arcabouço jurídico e organizativo elaborado por Paulo Freire quando Secretário de Educação da gestão Erundina que organiza o ensino público municipal, e que, mais do que uma conquista do conjunto dos profissionais de educação, é uma conquista do povo paulistano. 

Preparar o contra-ataque 

É necessário reunir forças para organizar um grande contra-ataque da educação contra as políticas neoliberais, organizando a luta a partir de cada escola, fortalecendo os instrumentos da gestão democrática, e construindo poder a partir de baixo. Articular as demandas da escola com as demandas da comunidade do entorno é fundamental para potencializar a resistência aos ataques neoliberais.

Para que isso seja traduzido em uma luta geral é fundamental construir uma nova direção para o SINPEEM, que esteja inteiramente comprometida com as lutas dos profissionais de educação e que aposte na mobilização permanente enquanto método para lutar por nossos direitos. Defendemos uma verdadeira revolução democrática no SINPEEM, com a organização e estruturação de subsedes com autonomia política e financeira, um real funcionamento das instâncias de direção do sindicato, a realização de prestações de contas periódicas, e o fim da distribuição injusta de cargos entre a direção e a oposição. Ter um sindicato democrático e combativo é decisivo para as lutas que estão por vir. 

Também é fundamental estender uma forte solidariedade a todos os setores e povos que se colocam em luta. Nos inspiramos na força que pautou a agenda política contra a escala 6×1, assim como na greve dos trabalhadores da Pepsico contra essa escala de trabalho. A educação precisa estar unificada com a luta antirracista que denuncia a violência policial e luta por outra política de drogas, com o movimento feminista que denuncia a violência de gênero e reivindica os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, com a luta LGBT+ que se mobiliza contra qualquer discriminação à identidade de gênero e à orientação sexual, e com o movimento ambientalista que enfrenta as emissões de carbono e o desmatamento das áreas verdes. 

Por um Levante da Educação! 

É hora de um Levante da Educação! Queremos uma educação que seja crítica e emancipadora, e que seja integral, inclusiva, e garanta a formação de toda a multiplicidade de sujeitos em suas mais variadas dimensões. É fundamental combater o obscurantismo e as tentativas de impor o pensamento único na escola, por isso defendemos uma educação profundamente antirracista, feminista, LGBT e comprometida com o letramento ambiental. Também precisamos defender e ampliar a gestão democrática das escolas, fortalecendo os Conselhos de Escola, as APMs e os espaços coletivos, e repudiando qualquer medida autoritária no ambiente escolar. 

E para se construir uma educação de qualidade é necessário ter profissionais valorizados. Defendemos a valorização salarial com o reajuste acumulado de 44% e o aumento do piso, incorporando o abono complementar. Também exigimos que a educação pública seja inteiramente pública (incluindo creches, gestão, segurança, limpeza e merenda) e que não ocorra nenhuma privatização de escolas Lutamos pela derrubada dos Sampaprev 1 e 2 e o fim do confisco de 14% para os aposentados. Queremos que a JEIF possa ser para todos que assim optarem, assim como batalhamos pela ampliação do quadro dos profissionais de educação, e a redução do número de alunos por sala de aula. Por fim, reivindicamos a redução da jornada do quadro de apoio para 30 horas acompanhada da valorização dos salários. 

Lutar em defesa da educação significa lutar pelo direito ao presente e ao futuro para as próximas gerações. Apostamos na construção de um verdadeiro levante da educação que derrote os projetos neoliberais e autoritários e seja parte da construção de um novo mundo. Estaremos empenhados em cada luta – pequena ou grande – com esse objetivo. Até a vitória!

Já assinaram nosso manifesto:

Adriana Rodrigues – CEU EMEF Prof Dr. Valter Estevan
Alan Teófilo – EMEF Dr. Elias de Siqueira Cavalcanti
Aline Maria de Araújo Ruz – CEU EMEF Valter Paulino Estevan
Ana Carolina Greco Brandimarte – EMEF Sebastião Francisco o Negro
Ana Ligia Rodrigues – EMEF Prof Alice Meirelles Reis
André Camarinha Lima – EMEF Ibrahim Nobre
André Carrera Massabki – EMEF Mario Kosel Filho
André Luís Gabriel – EMEF Desembargador Silvio Portugal
Anita Pompeia – CEU EMEF Butantã
Areta Alem Santinho – EMEF Dilermando Dias dos Santos
Bruno Mahiques – EMEF 22 de Março
Bruno Mota – CEU EMEF Butantã
Carolina Lemos Roland – EMEF Professor Remo Rinaldi Naddeo
Cátia Cristina Nascimento dos Anjos – EMEF Imperatriz Leopoldina
Consuelo Mendes Silva – EMEF Imperatriz Leopoldina
Cristiane Aparecida Paulo Lima – EMEF Raul Pompeia
Cristina Manfre Baldassi – EMEF Desembargador Euclides Custódio da Silveita
Debora Camasmie – EMEF Sebastião Francisco, o Negro
Diana da Costa Barreto – CEI Espaço Kairos
Edineuza Carvalho Couto – CEU EMEF Prof Valter Paulino Estevan
Elaine Soraia Souza de Oliveira – CEU EMEF Prof Valter Paulino Estevan
Eloa Cardoso de Araujo – EMEF Elilza Rachel Macedo de Souza
Fabio César Rêgo – CEU EMEF Prof Dr. Valter Paulino Estevan
Fernanda Villela Matsubara Pires – EMEF 19 de Novembro
Francisco Faccini Bringer – EMEF Antonio Duarte de Almeida
Frederico de Oliveira Henriques – EMEF Laerte Ramos de Carvalho
Gabriel Toron – EMEF Heitor Andrade
Glauber Fonseca Silveira – EMEF Sebastião Francisco, o Negro
Guilherme Fregonese – EMEF Prof. Paulo Freire
Gustavo Rego – EMEF Roberto Plinio Colacioppo
Herivelton Silva de Lima – EMEF City Jaraguá IV
Janaina Silva Coelho – EMEF Sebastião Francisco, o Negro
Janice Beatriz da C Moraes – EMEF Sebastião Francisco, o Negro
João Luiz Correa dos Santos – CEU EMEF Prof. Valter Paulino
João Paulo dos Santos Simão – EMEF Sebastião Francisco, o Negro
Jorge Felizardo – EMEI Brigadeiro Eduardo Gomes
José Gilberto Rodrigues Morelli – EMEF Imperatriz Leopoldina
Juvenil Batista Lopes – EMEF Prof. Jurandi Gomes de Araújo
Leandro Oliveira Junior – EMEF Elaine Benute Lessa Ayres
Leonardo de Almeida Mannini – EMEF Ibrahim Nobre
Lígia Teixeira – EMEF Tarsila do Amaral
Luis Carlos Rodrigues – EMEF Prof. Gabriel Prestes
Marcelo de Almeida Balbino – EMEF Professor Felício Pagliuso
Marcio Jose Faustino de Lima – EMEF Dr.Valter Paulino Estevan
Marcio Pereira de Souza – EMEF Prof Antonio Rodrigues de Campos – Aposentado
Maria Lucia Santos – EMEI Maria Laura de Souza Campos
Maria Rute Alves Gonçalves – Aposentada
Mariana Martins Zaeslin – EMEF Dr. Miguel Vieira Ferreira
Marilza Gomes Conceição
Monalisa Cristina Vicente de Araujo – EMEF Imperatriz Leopoldina
Nadia Portela Amaral – EMEF Prof. Elaine Benute Lessa Ayres Gonçalves
Natalia Sanches Ferreira Lima – EMEF Francisco Meireles
Paulo Henrique de Souza – EMEF Tarsila do Amaral
Paulo José Neves – EMEF Prof Henrique Melega
Pedro Moura – EMEI Emir Macedo
Raissa Requeña dos Santos – EMEF Sebastião Francisco, o Negro
Reinaldo Felipe – CEU EMEF Prof. Valter Paulino Estevan
Ricardo Almeida – EMEF Armando de Salles Oliveira
Roberta Nogueira – EMEF Elaine Benute Lessa Ayres
Rosangela Valeriano Rosa – EMEF Prof. Cecilia Moraes de Vasconcelos
Samantha Mester – EMEF Ibrahim Nobre
Sarah Regina da Costa Corrêa – EMEF Sebastião Francisco, o Negro
Tayná Giordano de Arruda Souza – EMEF Sebastião Francisco, o Negro
Thaís Graciano – EMEF Elaine Benute Lessa Ayres
Thiago Braga Cavalcante – CEU EMEF Prof. Valter Paulino Estevan
Vera Lúcia dos Santos Pereira – EMEF Sebastião Francisco, o Negro
Victor Cocci – EMEF 22 de Março

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