Morre o Papa Francisco
Humanista, Francisco deixa um importante legado para os setores progressistas da Igreja Católica
Foto: Nuno Veiga/Pool/Agência Lusa
Morreu nesta segunda-feira, aos 88 anos, o Papa Francisco – nascido Jorge Mario Bergoglio – um pontífice marcado pelo combateu ao conservadorismo na Igreja Católica. Primeiro papa latino-americano e jesuíta, Francisco marcou seu pontificado com uma postura humanista e no enfrentamento às estruturas de poder clerical, mesmo à custa de críticas da extrema direita pela mundo.
Desde que foi eleito em 13 de março de 2013, Francisco rompeu protocolos, abriu portas e desafiou convenções. Recusou viver nos luxuosos aposentos papais, preferindo uma residência simples na Casa Santa Marta, gesto que anunciava o tom do seu papado: a proximidade com os humildes e os setores progressistas da Igreja Católica.
Francisco promoveu o diálogo inter-religioso com judeus, muçulmanos e outras tradições, e não hesitou em condenar o fundamentalismo religioso em todas as suas formas. Em relação às populações LGBT+, sua postura marcou um divisor de águas na Igreja. Embora fiel à doutrina em muitos pontos, Francisco insistiu que “quem sou eu para julgar?” – frase que entrou para a história como símbolo de sua abertura. Encorajou o acolhimento de pessoas LGBTQIA+ nas e apoiou leis de união civil, afirmando que todos têm direito a uma família.
Um dos maiores desafios do seu pontificado foi o combate à pedofilia no seio da Igreja. Apesar da resistência da Cúria e de setores conservadores, Francisco enfrentou os abusos. Criou comissões independentes, modificou o direito canônico para facilitar punições e destituiu bispos encobridores, ações que lhe custaram popularidade em alguns círculos, mas lhe renderam o respeito de muitos fiéis e vítimas.
Francisco focou seu papado nos marginalizados, visitou campos de refugiados, lavou os pés de imigrantes muçulmanos, denunciou as políticas de exclusão e a “globalização da indiferença”. Falou de economia como uma questão moral, criticando o neoliberalismo, a idolatria do mercado e a cultura do descarte. Alertou para a crise climática como um imperativo ético – sua encíclica Laudato Si’ é um marco do pensamento ecológico global.
Também foi uma das vozes mais firmes no cenário internacional a condenar os ataques a civis na Faixa de Gaza, dando ênfase na proteção da vida humana, especialmente dos inocentes.
