EUA: Ideias não podem ser deportadas
Mahmoud-1068x711-1

EUA: Ideias não podem ser deportadas

Luta contra os ataques de Trump sobre os imigrantes avança em meio à crescente resistência popular

Foto: Mobilização contra as perseguições de Trump nos EUA. (SWinxy, CC BY 4.0)

Via FLCMF

O movimento estudantil e a luta democrática estadunidense obtiveram uma vitória no último dia 30 de abril. Por ordem de um juiz do estado de Vermont, Mohsen Mahdawi foi posto em liberdade. Estudante da Universidade de Columbia e portador de um green card, ele havia sido preso duas semanas antes por agentes do governo Trump, quando se dirigiu para o que pensava ser uma entrevista para a consolidação de sua cidadania estadunidense. 

Assim como Mahmoud Khalil, que permanece detido, Mahdawi é um símbolo da luta pela libertação da Palestina. Ao sair da prisão, o estudante de 34 anos fez declarações corajosas à imprensa, que traduzimos a seguir:

A justiça é inevitável. Nós não tememos ninguém, porque nossa luta é uma luta por amor, por democracia e pela humanidade. Digo em voz alta ao Presidente Trump e ao seu gabinete: não tenho medo de vocês. Nunca desistiremos da ideia de que a justiça prevalecerá e de que nós temos que nos unir, não apenas pelos Estados Unidos, mas por toda a humanidade. É preciso mudar a ordem mundial e o respeito às leis internacionais é indispensável para haver justiça. Vamos seguir lutando em nome da humanidade, porque o risco da guerra paira sobre nós e o que acontecer nos Estados Unidos afetará o mundo. Quero terminar dizendo para o meu povo palestino: eu sinto a dor de vocês. Eu vejo vocês sofrendo. Mas eu sei que a liberdade virá. Palestina livre!

Semanas antes, o movimento estudantil tivera outra notícia, mas negativa. Um juiz do estado da Louisiana determinou a legalidade do processo de deportação de Mahmoud Khalil. A decisão não conduz a uma deportação imediata. Ao explicar o assunto nas redes sociais e transmitir a ideia de que “a luta continua”, uma das advogadas de Khalil afirmou: “Ideias não podem ser deportadas”. 

Os desfechos até aqui distintos dos casos de Khalil e Mahdawi explicitam por que o governo Trump se esforçou para confinar Khalil em uma prisão na Louisiana, que é um estado conservador. Considerando o funcionamento da justiça estadunidense, isso torna a batalha legal mais difícil neste caso. As arbitrariedades cometidas contra Khalil são tamanhas, que o ativista sequer pôde assistir ao nascimento do seu primeiro filho, dias atrás. Quando preso, a esposa de Khalil estava grávida de 8 meses.

Contudo, é possível dizer que as palavras corajosas de Mahdawi conectam-se com o recado transmitido pela advogada de Khalil (e com as cartas dele próprio até aqui divulgadas, igualmente corajosas). Ideias não podem ser deportadas e o movimento democrático estadunidense não pode ser contido, mesmo em condições duras. Após um início de governo frenético, o momento atual parece ser de uma estabilização de cenário para Trump. Sua orientação é a ofensiva, mas não há um céu de brigadeiro para ele prosseguir.

No tema da imigração, um ponto de viragem pode ter acontecido com a deportação do salvadorenho Abrego Garcia para El Salvador, feita comprovadamente por “engano”. A brutalidade da medida — e agora da recusa em revertê-la — chocou a opinião pública. Na última rodada de pesquisas, uma maioria de 51% disse desaprovar a política imigratória de Trump, ante 47% que a aprovam. Considerando o caso de Abrego Garcia, a taxa de aprovação das medidas do governo cai para 31%. Quanto à possível deportação de imigrantes que protestaram contra o genocídio palestino, despenca: só 17% aprovam, enquanto 63% desaprovam a pretensão autoritária trumpista.

May Day  

Neste cenário, os estadunidenses foram às ruas no dia 1º de maio, o May Day. A comemoração da data é vinculada à história da classe operária dos Estados Unidos. 

No dia 1º de maio de 1886, uma greve geral foi deflagrada no país contra jornadas de trabalho desumanas de até 16 horas diárias. A luta cresceu, até se defrontar com uma repressão sangrenta na Praça Haymarket de Chicago, no dia 4. Em homenagem aos “Mártires de Chicago”, em 1889, a Segunda Internacional Socialista gravou o dia 1º de Maio como símbolo da luta internacional da classe trabalhadora.

Quase 140 anos depois, em 2025, os estadunidenses foram às ruas em ao menos mil cidades, dando continuidade aos atos de 5 e 19 de abril. Na Pensilvânia, Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez realizaram nova edição do evento “Fighting Oligarchy”, que está mobilizando o ativismo há meses.

O termômetro das mobilizações nos Estados Unidos indica um despertar gradativo em torno de três temas, que foram nítidos no May Day: i) A luta humanitária e internacionalista em defesa dos imigrantes; ii) A luta sindical, por melhores salários, condições de trabalho e contra as medidas de corte orçamentário e retirada de direitos pelo governo; e iii) A luta política contra a oligarquia que se apossou no poder, simbolizada, além de Trump, por Elon Musk. 

Transversal a essas e outras pautas, permanece sempre erguida a bandeira da Palestina.


TV Movimento

A história das Internacionais Socialistas e o ingresso do MES na IV Internacional

Confira o debate realizado pelo Movimento Esquerda Socialista (MES/PSOL) em Porto Alegre no dia 12 de abril de 2025, com a presença de Luciana Genro, Fernanda Melchionna e Roberto Robaina

Calor e Petróleo – Debate com Monica Seixas, Luiz Marques + convidadas

Debate sobre a emergência climática com a deputada estadual Monica Seixas ao lado do professor Luiz Marques e convidadas como Sâmia Bonfim, Luana Alves, Vivi Reis, Professor Josemar, Mariana Conti e Camila Valadão

Encruzilhadas da Esquerda: Lançamento da nova Revista Movimento em SP

Ao vivo do lançamento da nova Revista Movimento "Encruzilhadas da Esquerda: desafios e perspectivas" com Douglas Barros, professor e psicanalista, Pedro Serrano, sociólogo e da Executiva Nacional do MES-PSOL, e Camila Souza, socióloga e Editora da Revista Movimento
Editorial
Israel Dutra | 30 abr 2025

“E a classe trabalhadora, hein?”

O 1º de Maio e as lutas vivas dos trabalhadores no Brasil e no mundo
“E a classe trabalhadora, hein?”
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 55-57
Nova edição da Revista Movimento debate as "Encruzilhadas da Esquerda: Desafios e Perspectivas"
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as "Encruzilhadas da Esquerda: Desafios e Perspectivas"