Parar a agressão ao Irã! Uma luta de todos os povos do mundo
Condenar as novas agressões do imperialismo no Oriente Médio e exigir que o Brasil rompa relações com Israel!
Foto: Destruição após ataques em Teerã. (Majid Saeedi/Reprodução)
Trump entrou de forma aberta na ofensiva contra o Irã ao bombardear no final de semana as instalações de Fordow, Isfahan e Natanz, se somando a ofensiva sionista que já dura dez dias de pesados ataques contra Teerã.
É uma clara guerra imperialista, de forma agressiva e aberta, contra a soberania do Irã e a serviço da “solução final” levada a cabo pelo governo de Netanyahu com seu genocídio em Gaza. E, ainda que nas últimas horas Trump tenha declarado “o fim da guerra”, a situação segue incerta e volátil.
Neste editorial registramos e atualizamos nossas posições, bem como reforçamos o chamado à ação que deve ser feito ao conjunto dos povos do mundo para que parem a guerra e isolem política e militarmente o imperialismo de Trump, a extrema direita e sobretudo o regime sionista.
Uma agressão à serviço do sionismo, exemplar da extrema direita contemporânea
As metas de Israel no Irã, agora tonificadas pela agressão estadunidenses são claras: destruir a capacidade militar e nuclear do Irã, enfraquecer e se possível derrubar o regime dos aiatolás (como se viu na provocação de Trump quando fala de MIGA – Make Iran Great Again), garantindo o controle político e militar do sionismo sobre todo Oriente Médio. A agressão ao Irã já custou quase 500 vidas, parte de instalações militares, acadêmicas e civis iranianas.
As ações criminosas de guerra estão a serviço da estratégia mais geral do governo Netanyahu: impor o estado de “Grande Israel” mesmo antes dos eventos de 7 de outubro. Para tanto levou a cabo a genocídio de dezenas de milhares de palestinos, destruiu as cidades da Faixa de Gaza, cercou a Cisjordânia, invadiu o Líbano e assassinou as principais lideranças do Hezbollah, como Nasrallah.
Trump passou de cúmplice para ator, com os bombardeios que buscam destruir as pesquisas nucleares do Irã como forma de liquidar a soberania do país, ameaçando subverter os acordos de dissuasão que mudariam o conjunto do que se chama “segurança global” das últimas décadas.
Dá esse passo, criminoso e arriscado, coerente com sua postura de alentar o caos e a violência para mover-se politicamente. Mas o faz em meio a um contexto de decadência do imperialismo estadunidense e importantes contradições: uma parte de sua base começa a questionar se é compatível com seu discurso anti globalista com o qual granjeou apoios eleitorais; a difícil e imprevisível “guerra das tarifas”, desatadas por sua sobretaxação de produtos e estados; e, por fim, a entrada em cena do movimento de massas – com quase 5 milhões nas ruas durante os protestos No Kings contra sua política repressiva aos imigrantes.
A violência cada vez mais generalizada e irracional que tem hoje o Oriente Médio como palco principal é também reflexo desse imperialismo que busca se afirmar perante um cenário de crise.
Uma ameaça real
A postura dos governos europeus é cúmplice com Trump e a extrema direita. Não veio de Meloni, sim do trabalhista inglês Starmer os gestos mais ativos de apoio à agressão ao Irã, com ligações para Trump e declarações condenando qualquer tipo de resposta do regime iraniano.
Tal política arrasta os governos da União Europeia, que oscilam entre a impotência e cumplicidade. Parte dos governos do Oriente Médio e do mundo árabe também se dobram ao poder sionista, com uma postura de passividade. A própria capacidade de resposta iraniana é questionada em um contexto regional no qual seus aliados próximos como o Hamas ou o Hezbollah encontram-se bastante enfraquecidos.
A escalada deve prosseguir com refrações de crise econômica caso o estreito de Ormuz, responsável pelo fluxo de 20% do comércio de petróleo e gás do mundo seja fechado conforme orientou votação do parlamento iraniano.
Os resultados da agressão ao Irã devem ser catastróficos caso Trump e Netanyhu logrem seus objetivos imediatos. Abriria uma nova etapa, de mais violência e destruição a mão da extrema direita.
Por isso é fundamental, não hesitar quanto ao lado que estamos: devem cessar imediatamente as agressões e o apartheid israelense deve ser isolado no mundo, com Netanyahu terminado preso em Haia, julgado como um dos maiores criminosos de guerra e inimigo da humanidade. Mantemos nossas críticas ao regime teocrático e nosso apoio aos setores em luta dentro do Irã, assim como bossa posição histórica em favor dos presos políticos, sem no entanto nos confundirmos com o discurso hipócrita que evoca direitos humanos para justificar a injustificável agressão. O sionismo está orquestrado com os herdeiros de Reza Palevi para impor um regime nada democrático e títere de Netanyahu, que só submeterá mais o povo iraniano à guerra e à miséria.
O Brasil deve romper relações com Israel!
Não podemos ficar inertes nessa nova guerra. O Brasil deve romper as relações com Israel, como um apelo crescente que se notou no ato com mais de 30 mil pessoas em São Paulo, domingo 15 de Junho.
Essa ruptura passa pela política altiva da Petrobrás – que está instada a parar de exportar petróleo pelas duas entidades das categorias, a FUP e FNP. Passa por fazer valer as declarações de Celso Amorim e agira o mais rápido possível. Esse é o maior e mais importante pronunciamento que o Brasil pode e deve fazer.
Apoiar o direito a defesa do Irã e dos Houtis do Iêmen, exigindo que outros países rompam com Israel, numa frente única imediata de nações que envolvam desde a Turquia, à países que já de posicionar como África do Sul e Colômbia, até países maiores como México, Jordânia e exigir uma postura mais direta da China.
E por fim, seguir as grandes e pequena mobilizações, que no Brasil ganharam fôlego com o retorno do ativista Thiago Ávila, integrante da Flotilha da liberdade com a deputada Rima e a ecossocialista Greta Thumberg; os sionistas foram expulsos da USP, na parada LGTB de SP, com milhões nas ruas, a coluna em prol da Palestina teve simpatia e sucesso.
E os olhos do mundo se voltam para as batalhas decisivas dos Estados Unidos, onde a libertação de Mahmoud Khalil deve ser um impulso às novas manifestações, que polarizam o país, para derrotar Trump em seu quintal e evitar um retrocesso histórico.